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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

SEXTA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2012: "CONHECER A SI MESMO PARA DEPOIS ENSINAR"

Se a excelência do homem só pode se dar quando este compreende completamente sua própria natureza, bem como o caráter e a finalidade de tudo na Terra; também a educação atual compartilha este conceito. No entanto, o 'conhecimento 'passou a ser a base central para a formação do ser humano, pressupondo que, se ele conhece profundamente as técnicas de aproveitamento do que a natureza têm para nos oferecer, isso seria o suficiente. Nossa sociedade mostra faltar-nos uma educação voltada também para a ação, para a 'mobilização social'. A única preocupação moral quando falamos em educação resta pressuposta, quando muitos países, incluindo o Brasil, têm como obrigatoriedade a frequência de crianças a partir dos 6 anos completos às escolas. A vida social já passa a ser garantida. Para muitos pedagogos, o convívio com professores e outros alunos na escola é importante para a formação do sujeito enquanto ser social. Mas é fácil contestar esse tipo de afirmação, pois apenas o convívio não é capaz de formar seres conscientes de seus atos, nem capacita-os para desenvolver o pensamento crítico que os levaria à ação em conformidade a compreensão quiçá mais acentuada da vida. O humano não deveria ser direcionado ao seu ser, exclusivamente. Assim, a critério do próprio educando, deve haver a percepção de qual maneira ele sentirá elevar-se o seu 'espírito', e quais ideias e concepções se aproximam mais de suas crenças. Importante, sobretudo, é o fato do aluno ser sensível à necessidade de jamais estacionar e estagnar, mas sim valorizar o aprendizado e o conhecimento acerca da vida. Contemporaneamente, poucas são as escolas e universidades que trazem propostas concretas no sentido de formação integral dos seus alunos. Compreender o significado de uma educação integral e universal não é tarefa muito simples. No entanto, é possível estabelecer qual a forma indicada ao agir de um bom educador . Educar para a vida e voltando-se à formação completa de um indivíduo é algo hoje impensável, parece. A grande maioria dos educadores estão aprisionados em seus hábitos pedagógicos, talvez por comodismo, ou por estarem tão enraizados em suas ações a ponto de se tornaram incapazes à observação: para educar um aluno é preciso estar constantemente educando a si mesmo. Essa educação de si mesmo compreende a sua formação integral, não bastando apenas o 'conhecimento intelectual' das coisas, mas ainda o discernimento do seu ser enquanto 'sujeito social'. As escolas, formadoras de futuros homens completos, impõe-se ocupar da formação da completude desses indivíduos, formá-los como seres intelectuais conhecedores dos costumes e da vida. Ainda esperamos que as escolas promovam as pessoas; muitas famílias ainda acreditam que essas instituições serão capazes de graduar seus alunos em todos os aspectos da vida. Contudo, isso só ocorre quando existe sua efetiva participação no processo dessa graduação. A escola hoje não se responsabiliza, lamentavelmente, por nada além do conhecimento intelectual. Formar os alunos tão-somente em intelecto, sem explicar-lhes o porque, equivale a obrigar alguém a fazer algo sem qualquer compromisso, apenas por fazer. Se nos perguntarmos o que é formação integral, podemos numa resposta dentro de nós mesmos, quando sentimos por necessário o encontro de um sentido às coisas que fazemos,. E isso depende não apenas do conhecimento das coisas, mas da completude que envolve nosso ser, ou seja, o nosso intelecto, a nossa vontade. No entanto, perceptível, algumas práticas de ensino foram tomadas como absolutamente verdadeiras, sem quaisquer alterações ao longo do tempo. O mundo transformou-se, políticas novas, avanços tecnológicos; houve inovações na compreensão das artes. Contudo, as práticas de ensino perduram "ad infinitum". Os professores têm verdadeira aversão às novidades, com sérias dificuldades para assimilar essas transformações. Como um educador pode educar 'para a vida' e 'formar integralmente' seus alunos, se é incapaz de compreender a necessidade de repensar antigos conceitos, e seguir adiante de acordo com a vida? Como ensinar seus alunos a pensar por si mesmos, se os próprios educadores mostram-se incapacitados ao abandono de anacrônicos modelos de prática de ensino, porque receiam a adaptação à realidade? Se procurarmos compreender com sinceridade os motivos que levam o 'sujeito' a verdadeiramente se considerar um 'educador', encontraremos, não só em vários críticos da Educação, mas em nós próprios, as efetivas necessidades de reformulação das práticas pedagógicas impostas, repensando então novas possibilidades de educar para a vida como um todo.
(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 1 DE MARÇO DE 2012: "JUDICIÁRIO NO BRASIL, 6º LUGAR EM PESQUISA"

HONESTIDADE DO JUDICIÁRIO: SEXTO LUGAR EM PESQUISA HONESTIDADE E MULHER MEIO GRÁVIDA, SÓ NO BRASIL Judiciário é pouco honesto para 67% da população Duas em cada três pessoas consideram o Judiciário pouco ou nada honesto e sem independência. Mais da metade da população (55%) questiona a competência desse Poder. A má avaliação do Judiciário como prestador de serviço piorou ainda mais ao longo dos últimos três anos segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. De acordo com levantamento da Escola de Direito da FGV, coordenado pela professora Luciana Gross Cunha, 89% da população considera o Judiciário moroso. Além disso, 88% disseram que os custos para acessar o Poder são altos e 70% dos entrevistados acreditam que o Judiciário é difícil ou muito difícil para se utilizar. Desde 2009, quando a pesquisa sobre o Índice de Confiança no Judiciário começou a ser feita, a percepção da população sobre a Justiça só piorou. No primeiro levantamento, feito no segundo trimestre de 2009, o índice era de 6,5, em uma escala de zero a dez. Na pesquisa mais recente, do quatro trimestre do ano passado, caiu para 5,3 - índice um pouco melhor do que foi registrado no último trimestre de 2010, 4,2. A coordenadora da pesquisa explicou que a avaliação geral da população "sempre foi ruim" em relação ao Judiciário, mas piorou por conta de problemas ligados a custos e morosidade. Para ela, isso coloca em xeque a credibilidade do Poder: leva a essa maior descrença, comentou. A principal motivação do uso do Judiciário pelos entrevistados está relacionada às questões envolvendo direito do consumidor (cobrança indevida, cartão de crédito, produtos com defeito), aos conflitos em relações trabalhistas (demissão, indenização, pagamento de horas extra), seguida de direito de família (divórcio, pensão, guarda de menores, inventário). Ao comparar a confiança no Judiciário com outras instituições, a pesquisa mostra esse Poder atrás das Forças Armadas, da Igreja Católica, do Ministério Público, das grandes empresas e da imprensa escrita. Na sexta colocação, o Judiciário aparece como mais confiável do que a polícia, o governo federal, as emissoras de TV, o Congresso e os partidos políticos. (coydesk, Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 29 DE FEVEREIRO DE 2012: "SABER O QUE DO QUE"

Nem todas as pessoas possuem aptidão para as ciências e as letras. Por consequência, na maioria das vezes, quem procura o 'saber' são exatamente aquelas que não possuem aptidão, pois vêem no estudo apenas possibilidade de exercer uma profissão e enriquecer-se, e não forma de aprimoramento do 'espírito'. Pior, são exatamente esses indivíduos, sedentos por lucro, desvirtuados, os que se tornam 'mestres'. Eis o resultado: homens que vêem o bem mas não o fazem; vêem o saber e não sabem servir-se dele. Cumpre a indagação: por que os mais 'sábios' não são os mais sagazes? Resposta quase óbvia: na maior parte, eles não têm habilidade; vêem o saber e não sabem servir-se dele. Afinal, não basta saber, quando não se sabe agir, isto é, 'se não se sabe agir bem'. Apesar disso, o povo parece idolatrar o sábio. Daí o mito do 'doutor', tão difundido no Brasil. Povo que respeita àquele indicado como 'sabio', mas ignora a quem qualificado é de 'bom'. Sendo a raiz do problema a questão da aptidão, ou melhor dizendo, a falta dela; são pertinentes no mínimo duas perguntas: é correto atribuir à educação a tarefa exclusiva de desenvolvimento técnico para o trabalho? E todos devem mesmo se submeter à obrigação de estudar, mesmo quando não se possui destreza para tanto? À primeira, plausível a resposta: o estudo (e não a 'educação') deve oferecer o desenvolvimento técnico somente às pessoas aptas a realizar trabalhos envolvendo o domínio da ciência, porém, não pelo lucro ou para enriquecer.Tal habilidade exige, necessariamente, a conjunção entre capacidade intelectual e bom senso moral, equivalendo ao binômio 'ciência-virtude'. Já à segunda, como 'nem todos' possuem capacidade para trabalhos abrangendo a ciência (considerada a exigência da vocação e da familiaridade com os livros); de igual maneira, 'nem todos' devem estudar, no sentido de 'desenvolver uma técnica', ou 'especializar-se em uma profissão'. Enfim, queiramos ou não admitir, há evidente distinção entre 'ser estudado' e ser 'educado'. Aquele significa ser 'douto', 'saber mais'; este significa 'ser virtuoso', 'saber melhor'. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2012:"O GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO CORRE PERIGO"

ACREDITE SE PUDER ...
O GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO CORRE PERIGO. NO BRASIL, HÁ 550 MIL MANDADOS DE PRISÃO NÃO CUMPRIDOS. SÓ EM SÃO PAULO SÃO 115 MIL. NO ENTANTO, O TOTAL DE DELEGACIAS DE POLÍCIA NESTE ESTADO CAIU PELA METADE, EM 11 MUNICÍPIOS Levantamento no banco de dados de 17 estados e do Distrito Federal mostra que há cerca de 500 mil mandados de prisão aguardando cumprimento nessas regiões, acumulados ao longo dos anos, sendo aproximadamente 360 mil só no Sudeste. Para saber quantos mandados não cumpridos ainda constam no país, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) disponibilizou na internet há três semanas o Banco Nacional de Mandados de Prisão, cujo funcionamento, porém, ainda está engatinhando. Apenas 12 tribunais estão alimentando o sistema com informações sobre mandados expedidos a partir de 16 de janeiro. A partir de julho, todos os mandados antigos têm que estar no site. Segundo o CNJ, é fundamental saber quantos são os mandados não cumpridos no país, para que o poder público planeje melhor suas ações. SEGUNDO O MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, A MASSA CARCERÁRIA DO PAÍS CHEGA A 514 MIL, E O DÉFICIT DE VAGAS NAS CADEIAS CHEGA A 210 MIL, EM SÃO PAULO, EXISTEM 115 MIL MANDADOS A CUMPRIR NO SISTEMA DA POLÍCIA CIVIL. Até é possível que muitos dos 500 mil mandados não cumpridos não estejam mais válidos, por ter havido prescrição da pena ou a morte do acusado, por exemplo. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo vai revisar 10 mil mandados. Muitos procurados não estão em local conhecido, ou fogem para outros estados, e isso atrapalha o cumprimento. E, ÀS VEZES, A POLÍCIA NÃO TEM A ESTRUTURA ADEQUADA. O indivíduo procurado não fica esperando a Justiça para ver se vai ser condenado. A lei possibilita que quem já espera ser preso fuja - diz o chefe da Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo.
A REENGENHARIA DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA A SEGURANÇA PÚBLICA REDUZIU A MENOS DA METADE O NÚMERO DE DELEGACIAS DE 11 CIDADES DO INTERIOR. . De 40 DPs (distritos policiais) e delegacias especializadas que existiam nos municípios, restam hoje 18. Entre as cidades, estão Barretos, Guaíra e Olímpia.
Os números são da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública). AS FUSÕES DE UNIDADES COMEÇARAM NAS CIDADES DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA DO INTERIOR. I M P O S I Ç Ã O O PRESIDENTE DO SINDICATO DOS DELEGADOS DE POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO AFIRMA QUE O PLANO ESTÁ SENDO IMPOSTO PELA SSP, SEM UM DEBATE PRÉVIO COM A POPULAÇÃO. (copydesk, Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2012: "DO CARÁTER VULGO"

Se a personalidade não se apresenta como um todo desde a origem, não é apenas porque suas condições 'orgânicas' não este­jam ainda plenamente realizadas. Porém, ainda, em virtude de sua natureza ser uma progressiva conquista. A experiência mostra satisfatoriamente por quais vicissitudes percorre essa difícil conquista, jamais completada, sempre mais ou menos ameaçada de diminuição, face o domínio da vontade, exercido sobre os impul­sos irracionais do instinto. A Sociologia atribuiu à influência da sociedade o papel essencial na formação da persona­lidade, enxergando a pessoa enquanto produto do organismo social. Entretanto, há máximo equívoco nessa concepção. Inegável, o fator social desempenha função relevante no desenvolvimento da personalidade, não a constituindo, contudo. Dominar e ordenar os elementos psicológicos, favorecendo a conservação da identidade pes­soal, é da sociedade algo recorrente. Certamente, não protagoniza personagem, papel pertencente, sim, à evolução da racionalidade e, na pessoa, ao domínio de si mesma. Ora, percebe-se, isso não é 'produção social', porque a síntese psíquica não é construída do exterior, mas do interior. Não raro, confunde-se 'personalidade' com 'caráter', haja vista ser esta última palavra que, do ponto-de-vista moral, possui relativa sinonímia com o vocábulo 'personalidade'. Não obstante, é traço a distinguir moralmente os indivíduos uns dos outros, imprimindo-se-lhes fisionomias próprias. Não significa, por isto, a existência do 'caráter' em cada pessoa. Possuir caráter, por assim dizer, não é expressão exata de diferenças entre uns e outros, tão-somente enquanto conjunto de característicos individuais, de 'qualidades' "positivas" ou "negativas". Seja qual for, uma 'vontade firme e constante' é presente em que possua 'caráter'. Por conseguinte, o problema da educação moral consiste em agir 'sobre o caráter', a fim de se firmar ou se adquirir 'um caráter'. Os componentes fisiológicos do 'caráter' compõem o 'temperamento', ou 'personalidade fisiológica'. E qualquer que seja ele, na sua base sempre há um certo complexo fisiológico, devendo-se evitar negligenciá-lo. Já os elementos psicológicos, estes podem ser dosa­dos conforme a predominância dessa ou daquela fa­culdade pessonalíssima. Do 'caráter', a 'sensibilidade' é estruturalmente a mais evidente. Não são, (separadamente) os gostos, os impulsos, as inclinações, ou a emo­tividade, os reais indicadores de diferenças entre os homens. Diversamente, as distinções se apresentam pelo seu conjunto, geralmente designado pelo termo 'natural'. A inteligência exerce funçao muito restrita no dis­cernimento do 'caráter'. Ela é, com efeito, alguma coisa de impes­soal. Sem dúvida, é necessário reconhecer a diversificação de inte­ligências, desde as abstratas até as concretas. Pois, daí resultam tendências e predileções marcantes nos indivíduos. Ao lado do 'natural', tais variações não são muito sensíveis, razão porque são costumeiramente negligenciadas. Também a 'vontade' exerce relevante função, posto ser a responsável em forjar a personalidade de cada um. Realidade tão veemente a ponto da linguagem usual definir o 'ca­ráter' pela vontade, falando-se de "homens de caráter", quer dizer, homens que sabem ser (em tudo) eles mesmos; cujos atos levam a sua marca peculiar. Assim, nota-se e confirma-se, o 'caráter' poderá conceituar-se através das tendências instintivas, pela natureza da inteligência e pelo grau de vontade. Decorrência irrefutável, não se trata de estrutura que, quando vulgarizada, consiga evitar nefastas consequências a cada um e a todos na mesma sociedade. Banalizada, dela originam-se males hoje tão presentes no mundo em geral, e no Brasil em particular. (Caos Markus)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

DOMINGO, 26 DE FEVEREIRO DE 2012: "PRODUTIVIDADE, O SUPORTE DOS INSTINTOS"

A transformação de uma satisfação imediata para outra, adiada (sob o pressuposto da segurança); se por um lado implica em restrição do prazer; por outro, significa uma repressão sendo construída, transformando a atividade lúdica no esforço do trabalho. A receptividade substituída pela produtividade é a confirmação não só da reelaboração dos instintos. Demonstra ainda um panorama de mudanças precípuas, numa estreita relação com a estrutura organizacional da sociedade fundamentada no trabalho. A restrição do prazer e da atividade lúdica levam a um direcionamento da energia (antes despendida naquele âmbito) ao trabalho, canalizada, posteriormente, à produtividade. O conceito de trabalho, tanto quanto a ideia de produtividade nele gerada, são suportes da reelaboração dos instintos que adiam a satisfação imediata, em função da segurança de uma satisfação menor, mas garantida. Além disso, as necessidades são desenvolvidas na sociedade em detrimento de uma possível vontade individual, significando, com efeito, que os indivíduos internalizam necessidades assemelhadas às individuais, porém, de fato, socialmente engendradas. Considerando o trabalho enquanto fruto da energia liberada com a restrição do prazer e das atividades lúdicas, ele é de ser visto como um esforço penoso, alienado e sem gratificação, contudo, necessário à sobrevivência. Por meio do trabalho, a sociedade se desenvolve e garante a existência de seus componentes. Através dele, essa sociedade racionalizada exerce sua forma de dominação, reproduzindo as condições repressivas de maneira ampliada. Por isso, a possibilidade de uma sociedade não repressiva está condicioinada à implementação de um novo referencial de trabalho. A sociedade racionalizada é a vitória da 'realidade' enquanto 'princípio', primado específico que governou as origens e a evolução da civilização humana. Este fundamento calcado na realidade é identificado como a base do 'desempenho': sob seu domínio, a sociedade é estratificada de acordo com os desempenhos econômicos concorrentes dos seus membros; uma sociedade aquisitiva e antagônica no processo de constante expansão, a pressupor um longo desenvolvimento, durante o qual a dominação foi ascendentemente racionalizada. Este controle sobre o trabalho social já então reproduz a sociedade numa escala ampliada e sob condições repressivas. Durante uma considerável parte dessa evolução, os interesses de dominação e os interesses do todo coincidem: a utilização lucrativa do sistema produtivo satisfaz às necessidades e faculdades dos indivíduos. Para a esmagadora maioria da população, a extensão e o modo de satisfação são determinados pelo seu próprio trabalho; mas é um trabalho para uma engrenagem que não controla, que funciona como um poder independente a que os indivíduos têm de submeter-se, a menos que não queiram viver. E torna-se tanto mais estranho quanto mais especializada se torna a divisão do trabalho. Os homens não vivem sua própria vida, mas desempenham apenas funções pré-estabelecidas. Enquanto trabalham, não satisfazem suas próprias necessidades e faculdades, mas trabalham em alienação, O trabalho, agora, tornou-se geral, assim como as restrições impostas à libido: o tempo de trabalho, que ocupa a maior parte do tempo de vida de um indivíduo, é um tempo penoso, visto que o trabalho alienado significa ausência de gratificação, negação do princípio de prazer. A libido é desviada para desempenhos socialmente úteis, em que o indivíduo trabalha para si mesmo somente na medida em que trabalha para o sistema, empenhado em atividades que, na grande maioria dos casos, não coincidem com suas próprias faculdades e desejos. Acrescente-se a este raciocínio o fato de que os indivíduos podem nem saber quais são de fato os seus desejos e suas próprias faculdades. Resta claro, esta é análise que se faz na predominância exercida pelo sistema capitalista. Um ponto de partida para reflexões. (Caos Markus)

SÁBADO, 25 DE FEVEREIRO DE 2012: "INTEGRAL"

O estranho está sempre nas
entranhas. Ou não é estranho, posto não ser
visceral Extrair do radical , na essência as
sanhas Íntegro o bem, e mais nefasto todo o
mal (Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2012: "UTOPIA: FUNÇÃO, OBJETIVO E NECESSIDADE"

Nas sociedades pluralistas, constata-se que os diversos valores sugestivos de boa qualidade de vida conflitam-se, quer internamente quer externamente. A discussão interna percebe-se através de princípios que se opõem dentro de um mesmo indivíduo, ou seja, os conceitos próprios, específicos de uma pessoa confrontam-se entre si, possibilitando situações de antagônicas proposições morais, restringindo, pela dificuldade, as suas escolhas. O conflito externo, também referido como desacordo moral, é objeto de acurada observação por muitos dos dedicados a investigar essa questão. Se o pluralismo de valores for verdadeiro, impõem-se no mínimo três premissas para lidar com o desacordo moral: Com efeito, há os valores fundamentais, dos quais as pessoas e os grupos estão pouco dispostos a abdicar. O conflito é permanente: na realidade, de um acordo moral somente se vislumbra um equilíbrio precário. Necessárias, pois, as revisões e reformulações constantes, no intuito de estabilizar o quanto mais esse acordo, adequando-o às exigências das partes adversas. O desacordo moral mobiliza elementos em colisões frequentes, jamais alcançando alguma síntese dos característicos da complexidade humana: interesses pessoais, racionalidade, emoções, valores éticos, altruísmo, egoísmo, segurança, temor, livre-arbítrio, autonomia etc., etc. Das premissas acima, imediata consequência é a inviabilidade de se atingir um acordo moral de extremo a extremo. A harmonia atemporal não está próxima do ser humano. A esperança de que a humanidade atingisse uma harmonia perfeita sempre esteve relacionada a ideais utópicos. Tomás Morus, em 'A Utopia', formulou algumas noções de tal desejo, como, por exemplo, a de que o bem público, situado acima do privado, é referência de mensuração de todos os valores, conformando as diretrizes de uma única concepção de bem. Para Morus nada é privado; o bem público, exclusivamente, deve ser considerado. Ao indivíduo, então, cabe o esforço de colocar (em exercício de impessoalidade) de lado os interesses particulares, em prol de um 'bem maior'. Na busca de consenso, a tentativa de se empreender esse esforço é louvável. O problema surge quando, incorrendo-se no unitarismo das acepções, exige-se que as mensurações, as medidas individuais sejam solapadas pelo máxima influência do pretexto estatal. Utopia ruim, há uma só: a defesa da 'concepção dinâmica da unidade de forças', oriundas de múltiplos segmentos, e reduzidas a fenômeno do movimento social. Essa é utopia marcada pelo desprezo à multiplicidade de 'valores fundamentais', dirigida à padronização, por julgá-la, assim, de mais fácil controle. É utopia a desconsiderar, ainda, o 'conflito permanente', baseada no equívoco de hipotética possibilidade, a de atrair, pela dominação, ideais divergentes, convergindo, a qualquer custo, opiniões e atitudes díspares. A má utopia resulta desumana, porque se mostra insensível à complexidade dos homens, consistente em um traço excessivamente humano que, longe de ser lamentável sintoma de egoísmo, má-fé ou irracionalidade, torna a vida mais interessante. O pluralista discorda do demasiado acento conferido pelo pensamento utópico ao bem público e ao Estado. O valor público é um valor entre outros. O consenso moral, desse modo, envolve dois domínios, cujos limites são imprecisos: o da impessoalidade e o dos interesses das pessoas e dos povos. O equilíbrio entre ambos, embora difícil, é meta a ser perseguida. A impessoalidade está relacionada ao uso da razão teórica fundada no bem público e, também, ao da razão prática que molda as ações em função das normas públicas. A pessoalidade mobiliza valores relacionados a interesses particulares, relacionados à cultura e compartilhados por determinados segmentos sociais. Uma resposta estritamente racional, para uma situação de desavença moral, demandará, certamente, ininteligível empreendimento ao agente. Este, por seu turno, talvez sinta-se desmotivado a agir em conformidade com aquilo que se lhe é exigido pela razão. Isso não significa, contudo, descartar a resposta racional diante do primeiro obstáculo. Exercer a racionalidade é moldar as justificativas plausíveis dentro da situação conflituosa. Ultrapassado o limite da plausibilidade, não sendo então convincentes as justificativas, a procura do acordo pode se converter em uma violência moral. A pessoalidade é um exercício mais simples, porque menos abstrata. Todavia, no mundo os princípios não estão absolutamente protegidos; são vulneráveis e se confrontam, a ponto de suscitar por inalienável exigência que as inclinações pessoais sejam impedidas em sua pretensão de se tornar regra comum .Mas, é sabido, nem todas as inclinações pessoais são facilmente resolvidas por meio de procedimentos simples. Às teorias políticas, se reais, caber perceber o poder destrutivo dos valores pessoais. A utopia verdadeira, por outro vértice, leva a sério o pluralismo de princípios, a fim de conciliar interesses individuais com as diversas noções do bem. . Motivos exclusivamente éticos não são, comumente, suficientes para se obter o consenso. Os indivíduos não pretendem desfigurar suas "razões" mais arraigadas, mas não dificilmente estarão dispostos a transigir em determinados aspectos, caso a contemporização conduza a um resultado admissível. No 'conflito permanente', ganhos e perdas precisam de um ponto de equilíbrio, tanto ao nível dos agentes discordantes, como na macro dimensão, a do dos arranjos políticos. Ora, um arranjo político somente é admissível quando se mostra justificável para os cidadãos que dele participam. A idéia de utopia remete a uma conjunção entre a sua 'função', o seu 'objetivo' e a sua 'necessidade', onde as várias noções do 'bem' e do 'interesse público' agem pela aplicação da justiça. Ser utópico não é supor que essa associação possa ser perfeitamente harmônica, possibilidade a ser descartada, face a decorrência da incomensurabilidade dos valores. O utópico enxerga o problema do desacordo permanente enquanto característica humana. (Caos Markus)