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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

SÁBADO, 29 DE DEZEMBRO DE 2012: "VERBO PRECOCE"



Cada um de nós poderia (ou ainda poderá?) readquirir a capacidade inata de pensar, recusando-se a ser mero e passivo receptor e, consequentemente, fiel depositário das babaquices jornalísticas, para reassumir a freqüência de competente transmissor e gerador de idéias. Adaptar-se, em simbiose parasitária às imposições de uma mídia monopolista é render-se à farsa da festa democrática, onde todos têm o sacrílego direito de discordar sobre tudo e qualquer coisa que não ofereça nenhum perigo à estabilização da ordem cultural vigente e vigorosa (vigorosa porque tradicional, ainda que travestida na fantasia da renovação).

Eu não sou capaz de incomodar sempre que a pré-ocupação é incomodar-se com inverossímeis incredualidades.
Não levamos tanto tempo assim para a conquista do tal Estado de Direito. Porque isso que se vê não é Estado de Direito. Então, que direitos são essas mil possibilidade de organizarmos as nossas outras mil diferenças em mais mil comitês dos “iguais”?  O tempo não foi outro senão o de podermos admitir que agora já fazemos tudo aquilo que antes a censura não nos permitia: as nossas próprias bobagens. Eles, os governantes de outrora (aliás, não por coincidência, muitos ainda os mesmos de hoje), é que perderam o medo de nós (tinham algum !?). Perceberam, não oferecíamos o menor perigo. Afinal, souberam identificar o crucial: nós não temos o hábito de pensar, e por isso, quem não pensa arruina-se por imaginar que o faz.

Pré - potência é confinar-se no que pode vir a ser mas não virá. É perpetuar-se na latência do promissor postergado. Não é essa a minha vocação. Eu espero que discordem de mim sempre. Eu prefero ser totalmente desacreditado por uma nação, se ela der nota zero à espalhafatosa alegoria dos meus inebriantes discursos, e desclassificar o meu samba enredo de “pé quebrado”.
Se presidente fosse (e não quero ser presidente nem de clube da esquina), eu renunciaria imediatamente após a divulgação do pleito, somente para poder advertir os meus eleitores o quanto eles são autogovernáveis, desde que distinguam “archein” de “krátos”. Quem sabe o Brasil ficasse curado de tanta insânia, também ela, a exemplo da vinheta global, gerada na ficção, dessa vez a política. E, quem sabe, cessasse de imediato essa insistente ejaculação verbal precoce pelo país afora.

(Caos Markus)

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