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domingo, 29 de abril de 2012

SEGUNDA-FEIRA, 28 DE MAIO DE 2012: "DESIGUALDADE E OPRESSÃO, PRODUTOS DA HISTÓRIA"

Faz-se indispensável, preliminarmente, distinguir 'raça' e 'opressão racial'. Encontramos na natureza as origens da raça; as da opressão racial são de caráter social. Diferença a não alterar em nada a 'ideologia do racismo', já que os seus adeptos a negam e, pior, concebem a desigualdade social como categoria de lei natural, mesmo sob as inequívocas demonstrações contrárias, quer pela antropologia, quer pelas ciências vinculadas à História, ou na Sociologia. Todas refutam as "teorias" dos ideólogos do racismo como anticientíficas. Por si só, as diferenças naturais entre indivíduos não produzem diferenças sociais. Apenas em circunstâncias determinadas nota-se essa correlação. Pois, nem a cor da pele, a natureza do cabelo, ou qualquer outra característica de raça, explicam a desigualdade de nível socioeconômico ou cultural entre pessoas de raças diferentes. Estamos diante de uma desigualdade artificializada, atípica à natureza, um produto da História. É bastante relevante, com efeito, uma definição correta da relação entre 'fatores biológicos' e 'condições sociais', mesmo considerando inegável a influência dos caracteres biológicos na vida social. Afinal, não são as relações biológicas entre os seres humanos agrupados socialmente as determinantes das estruturas e formas da própria sociedade. O relacionamento do homem com a natureza, distintamente de outro animal, ocorre de forma diferente. Porque, em sendo o homem produtor dos meios de sua própria existência, justifica-se inadmissível mera pretensão de aplicar à sociedade humana leis restritas ao âmbito animal. A sociedade marca o seu desenvolvimento em conformidade com suas peculiares leis sociais, razão pela qual a influência dos fatores biológicos é, com habitualidade, sugestivamente difusa, operando-se sob o prisma das 'relações sociais'. Mesmo as 'relações biológicas' são alteradas sob a influência e em função das 'relações sociais'. As diferenciações raciais contêm características absolutamente irrelevantes, não se prestando a ser linha divisória definida e imutável entre os vários segmentos da humanidade. Em épocas mais remotas, essas diferenças representaram algo, sim, na adaptação do ser humano às condições naturais. Contudo, mediante a transformação da natureza pelo próprio homem, perderam a menor importância. Não puderam, então, fixar o curso da História. Antes, resta demonstrado, as concretas condições de vida, as reais circunstâncias históricas, esclarecem o destino dos povos. No decorrer da História, registra-se a evolução das 'condições sociais' a exercer crescente repercussão no 'desenvolvimento das raças': o tamanho das populações raciais, sua migração, a mestiçagem, dependem todas das condições da vida social, principalmente. Prova insofismável desta assertiva é a inexistência atual de raças "puras". Não obstante os obstáculos criados pela segregação racial em inúmeros lugares, nem por isso a mestiçagem deixa de seguir o seu rumo. Incontestável é o conhecimento acerca da herança de uma cultura e a preservação de suas características, tanto quanto a manutenção das tradições culturais é de máxima relevância no desenvolvimento dos povos. Pois neles despertam o sentimento de dignidade. A dinâmica da preservação na História é, entretanto, absolutamente diversa da continuidade do patrimônio genético. Por tudo isso, somos compelidos à admissão de que problemas raciais e nacionais não serão solucionados pelo confronto ou através da divisão dos povos. Exatamente o contrário, somente a união das suas forças progressistas conseguirá, revolucionariamente, a superação desses conflitos; com a sociedade conscientizada da necessidade da mudança de comportamento. A segregação racial no seio do próprio povo (uma tirania, também) só traz benefícios à maior das tiranias: a da concentração econômica nas mãos de poucos indivíduos, em opressão à imensa maioria que, ignorante de seus atos, colabora com o continuísmo da sua própria miséria. (Caos Markus)

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