Páginas

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SEXTA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2012: "PRA LÁ DE PRA FRENTE"

"De norte a sul, de leste a oeste, o povo grita Luis Carlos Prestes". Milagre, distensão e abertura. Do Ato n. 5 à rearticulação partidária; do silêncio à explosão das manifestações -espontaneamente (des)organizadas. O ano: 1979. Nesse final de década, um nova cena: a emergência das reivindicações populares; agora, de próprio punho, com energia de postura, parecendo desconfiar dos paternalismos. A 'Anistia', ainda longe de ser ampla, recebe os exilados, aguardados, festejados. É o panorama de um momento crítico, com projetos em disputa se delineando, enquanto o Estado enfrenta a crise buscando assegurar a iniciativa política, decretando a sua singular e particularíssima democracia. Nas oposições, diferenças à tona, com o debate revigorado. Em meio à intelectualidade, as divergências (latentes durante toda a década) chegam à imprensa. Odaras e ortodoxos, desbundados e reformistas, radicais e populistas... As acomodações definem-se através do redimensionamento da tríade intelectual-Estado-povo. Nos apelos das Agências Estatais de Cultura e na efervescência da retomada dos movimentos de massa, balançam e equilibram-se pensantes (e nem tanto) de todos os matizes. É a liberdade à solta. Bancas e livrarias renovam estoques, com autores de 'depoimentos e memórias', obras de liberais, militantes e militares. É chegado o momento da pergunta mineiríssima de Gabeira: "Que é isso, companheiro?". Nos anos 70, bastava saber-se o quê não se queria. Nos anos 80, 'há que se revelar o quê se pretende'. Hoje, já virado o século XX, a mesma crucial questão: venceu a cultura estatal ? Ou seus adversários conseguiram aprisionar a 'liberdade à solta' impondo-se culturalmente? O quê de fato ainda hoje presenciamos não é qualquer proximidade entre povo e Estado, através de pretendida cultura social. Os intelectuais... Estes, ou mal sobrevivem nas periferias ou alimentam-se das sobras do poder constituído (central e centralizado, pelo eixo), serviçais da cultura "oficializante". E por que haveria de ser diferente, se essa gente está tão diferente, está pra lá de pra frente, já não se reconhece mais!?
(Caos Markus)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SER OU NÃO SER, EIS A SUGESTÃO!