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sexta-feira, 17 de abril de 2009

TERÇA-FEIRA, 28 DE ABRIL DE 2009:"IDEÁRIOS"

Doutrinas supostamente divergentes entre si expressaram o mesmo preceito em relação ao princípio que situa o homem em seu meio. Assim, "o homem propriamente dito não existe, sim a humanidade", afirmou August Comte; e "isolado, o homem não conheceria outros limites à sua ação da força, dissera Karl Marx". Sob essas considerações será necessário reconhecer que o desaparecimento das desigualdades humanas se fará pela discussão, com a cooperação, e no consentimento. A esse sistema dá-se o nome de "democracia", conquista só possível a povos "criadores" de conhecimento, insubordinados à alienação doutrinária. Pois, o que é uma "doutrina" senão um conjunto anterior de múltiplas teorias! Por isso essa similaridade entre comunismo e fascismo, ambos procurando suprimir o indivíduo-soberano para a almejada transformação do Estado num todo consciente e absoluto; por isso o "individualismo" da Revolução Francesa ainda presente como a lógica da Constituição norte-americana, como "um contrato de indivíduos para o resguardo das respectivas liberdades". A "babel" de hoje é bastante singular: diferentes discursos imprimem um igual sentido ao mesmo lugar-comum dos ideários de "libertação". A soberania do voto, quando não trabalhadas as contradições individuais e coletivas, pode destinar o eleitor a confinamento que supõe-se típico tão somente a regimes ditatoriais; a similitude entre os "rosseaunianos" e "os hobbesnianos" modernos é a cada dia mais crescente, quase não se distinguindo o "bom selvagem" do "homem lobo", tamanha a semelhança de procedimento. A "liberdade" consentida é própria aos regimes que postulam na Educação um elemento condicionador, a repetir situações de "erro" e de "esquecimento" perenes. A "liberdade" pelo voto poderá valer tão pouco quanto a "alforria" dos exilados, se por liberdade entender-se uma independência subordinada ao prévio conhecimento de uma elite intelectual. A cognição geradora de conflitos assimiláveis é a base da compreensão como fator preponderante na aquisição das liberdades individuais e coletivas. A "liberdade" adquirida, então, é possibilidade e não vã promessa de Estado revolucionista, insensível ao imperativo das transições. A apropriação de dentro para fora é, no caso, a única verdade indissolúvel, porque traduz a mais completa renovação. Renovando-se o homem também poderá renovar os seus conceitos de igualdade e liberdade.(Marcus Moreira Machado)

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