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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO DE 2007: "PORVIR".

Em sua conduta, os animais são determinados por aquilo que existe. Todavia, o homem é determinado por aquilo que não existe ainda. Aquilo que não existe ainda é 'sonho', é 'projeto', é 'imagem'. E é expectativa, perspectiva de futuro. Uma perspectiva que pode ter nesse 'ainda' sua força maior. Quando isso acontece, pode-se dizer que o homem é caracterizado pelo que 'não existe', mas que 'pode' existir ou 'pode' ser. Nesta acepção do termo, existência é aquilo que não existe, mas que pode existir. Contudo, o quê ainda não existe, neste sentido, 'aparece' de alguma forma. A virtualidade não surge como um puro vazio; possui sua forma de se apresentar. E justamente para apreender essa virtualidade, o homem é um 'sonhador'. Ele imagina algo, espera coisas, deseja e dá 'forma' para isso. É uma forma dada para o que ele reconhece que não existe -ainda.Mas pode existir concretamente, pode adquirir a concretude se o seu projeto é passível de execução. Tanto quanto pode também existir como simples possibilidade. (Marcus Moreira Machado)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

SÁBADO, 22 DE DEZEMBRO DE 2007: "O ENSINO PROCESSADO".

Em seu pioneirismo, Piaget se destaca pela identificação do ensino como efetivo processo. 'Processo' nos seus aspectos de 'bilateralidade'; ou até mesmo de 'trilateralidade'. Com Piaget, rompe-se o condicionamento tão próprio à idéia preconcebida de educação, forjada apenas no étimo do vocábulo, isto é, significando "condução". Por isso, a conjugação do 'individual' com o 'coletivo'. O grande mérito de Piaget: ele não exalta oprimidos e não enaltece opressores; antes, dá ênfase à intersecção do singular no plural, possibilitando que as identidades não sejam construídas a partir da "condução", mas possam, sim, ser auto-reconhecidas através da 'orientação'. (Marcus Moreira Machado)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

SEXTA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2007: "FOME DE QUÊ?"

Hoje, sob o mito da 'unanimidade', o homem perde, ao que parece, a sua distinção de 'humano ser'. E sucumbe a ícones avassaladores na destruição do 'indivíduo'. Tudo em nome de um não comprovado 'coletivo'. À sua singularidade preservada, e à da mais verdadeira pluralidade, qual seja, a sua 'família', do Cristo são as palavras: "- A fome não é do pão, mas da verdade".

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

QUINTA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2007: "PRIMARIEDADE".

Na concepção defendida por Santo Tomás de Aquino, cada homem deve possuir um 'intelecto agente' e um 'intelecto possível', que, juntos, constituirão a sua 'alma individual', 'a forma de seu corpo'. Por efeito, só a individualidade da alma faz conceber o homem como dono dos seus próprios atos. A responsabilidade, pois, será sempre individual. Daí, definir a 'perfeição' ainda não implica na sua existência. Porque 'definição' é uma idéia, e nada garante que essa idéia possa existir na realidade. O ponto de partida, então, é o mundo sensível, percebido pelos sentidos. Estes indicam que o mundo é dotado de movimento. Mas... Nada se move por si. E a origem do movimento deve ser causada; e, se não se pretender estender a série das causas ao infinito (o que não explicaria o movimento presente), é preciso admitir uma causa absolutamente imóvel e primeira. O mesmo raciocínio valerá para a 'causa' em geral. As coisas são ou causa ou efeito de outras, não sendo possível ser causa e efeito ao mesmo tempo. Assim, deverá haver ou uma sucessão infinita de causas (o que seria um absurdo), ou uma causa absolutamente primária e não 'causada'. (Marcus Moreira Machado)

QUARTA-FEIRA, 19 DE DEZEMBRO DE 2007: "A RENDIÇÃO DO PENSAR"

Somos induzidos a pensar dentro de uma lógica predefinida, não ditada por 'leis de mercado', mas regida por sutis mecanismos de controle social. Portanto, urge observar o que é esse 'pensar', porque há nisso -implícito!- um 'modo de pensar', próprio da esfera desse controle. Pensar, como condicionados estamos, é pensar segundo regras estabelecidas; e constitui-se exatamente na impossibilidade de pensar além dessas "normas" de padronização. Por isso, o limitado 'registro do real', no qual os homens 'pensam' e 'agem' segundo as imposições dificilmente perceptíveis, pois que a todos pretendem restringir a reles reflexos de cenas, que se projetam como palavras derradeiras. (Marcus Moreira Machado)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

TERÇA-FEIRA, 18 DE DEZEMBRO DE 2007: "A CONSCIÊNCIA QUE SE CONSTRÓI".

Não há natureza humana. Há uma 'condição humana'; e esta passa a existir desde que o homem vem ao mundo. Se formulada em caráter geral, à pergunta "o que é o homem?", apenas é possível a resposta: nada. O homem nada é enquanto não fizer de si alguma coisa. Exatamente por isso 'ele é para para si', no sentido de ser aquilo que 'fizer de si'. Aqui, é retomada a idéia de 'projeto', quer dizer, a existência é um projetar-se, um impulsionar-se para o futuro. O projeto existencial não implica a 'subjetividade' no sentido tradicional, pois nem mesmo se pode dizer que o ego seja a essência predefinida do ser humano. O homem tem, isso sim, uma 'dimensão subjetiva' que é a própria 'projeção de si'; e pode ter plena e autêntica consciência disso. Essa a sua distinção, o que o difere das 'coisas', onde ele alcança maior dignidade, na medida em que responde pelo seu próprio ser. (Marcus Moreira Machado)