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sábado, 8 de setembro de 2007

(09/09/07) INFINITUDE

É exatamente hoje, quando por muitos é apregoado o fim do mundo, literal ou metaforicamente;
É justamente agora, quando parece vingar a idéia de falência total da humanidade;
É precisamente neste momento, em que os valores éticos se mostram conspurcados, ante a aparente tragédia da humanidade...
É então que eu saúdo as 'sementes' de todas as gerações!
Inaptas ao mal, elas destroem-no com sua irrestrita benevolência, sempre partilhada pelo Criador entre os homens de boa vontade.
Dos grãos no renovado porvir, eis a germinar raros mas dedicados mensageiros da infinitude !
Marcus Moreira Machado

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

(08/09/07) ALMA PEREGRINA

Aqui -lugar onde em cada um de nós a vida tem o seu domicílio- não é a residência do espírito.
Não será sem razão, com efeito, que possamos conviver com a alma peregrina na sua fluidez.
Não deverá causar espécie viver em mim os que agora caminham no percurso à morada.
Ha dimensões, habitantes naturais da imensidão (con) formada em cada ser, superando os limites do confinamento.
Pretender atribuir sobrenaturalidade ao que transcende será negar sem justo argumento o metafísico.
Mais que isso: recusar a própria peregrinação.
Marcus Moreira Machado

SER E MENTE

Tudo existe em par. Por isso, o conhecimento dos dois lados nos leva ao saber universal.
Nós nos unimos aos versos (uni/verso), a razão pela qual confirma-se a dualidade do universo.
Desta dualidade, numa matemática da essência, tanto a 'esfera' quanto o 'octaedro', quando divididos pelo equador em duas metades, estas, ao se justaporem formam o 'oito'.
Adiante, perceptível a todos nós será a constatação de que qualquer coisa que vemos tem seu lado de trás, suas costas, seu verso. E de igual maneira, o número 8 também.
A partir dessa duplicidade ou dualidade, a 'essência do pensamento': um pensamento essencial gera sempre uma teia de pensamentos. Pensamentos decorrentes ('de corrente').
O importante é determinarmos o pensamento de origem (a essência) para uma compreensão exata dos significados decorrentes. Assim, ao unirmos o verbo 'ser' à essência 'mente', criamos a expressão 'ser mente', ser inteligente.
A exemplo, o mestre realmente é uma 'mente em...' É um 'cérebro'.
Por seu turno, MENTE é originário de ENTE -o SER.
Vê-se que a pluralidade tem por ponto de partida um 'pensamento de essência'; e deste, o nascimento se dá na dualidade.
Por efeito, ACREDITAR será algo mais próximo ao saber originário.
Isso mais transparente resta se analisarmos o vocábulo 'semente'. É palavra que tem dois significados -o de SEMENTE, grão, que se planta; e o de SEMENTE no sentido de 'semear uma idéia'. Ou 'plantar uma idéia': SER + MENTE.
'Mente' surge ainda como declinação do verbo 'MENTIR'. Nesse caso, percebe-se uma ANTÍTESE, um significado negativo: o uso da mente para se arquitetar uma verdade; uma MENTira.
No 'pensamento', verificamos o 'PENSAR' + 'MENTO'. O 'pensar' equivalendo a 'medir', 'ponderar'; 'mento', de mental, de mente.
Confirma-se que a pluralidade tem por ponto de partida um pensamento de essência; e deste, o nascimento se dá na dualidade.
Por efeito, ACREDITAR será algo mais próximo do saber originário. Assim:
ME DITA / MEDITAR.
O verbo meditar, que hoje serve para expressar que se está refletindo, pensando, "filosofando", nos dá uma falsa idéia do que acontece.
A essência do pensamento nos mostra, na verdade, que ME DITAM e não que eu MEDITO. Estão 'ME DITANDO' e eu não estou 'ME DITANDO'.
Não se trata de um trocadilho!
O saber é que já está todo programado. Nós o recebemos na medida em que nos propomos a achá-lo, intuitivamente.
É, pois, facilmente observado que "a simplicidade é o último 'deGRAU' da sabedoria.
Marcus Moreira Machado

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A INTELIGÊNCIA NO PROCESSO DA CRÍTICA

As distorções no 'pensar', consequências, todas, do peso da muito mal compreendida 'opinião pública', não somente poderão como devem ser corrigidas pela Crítica.
Tendo por exclusiva missão esclarecer e alterar o quê equivocado se mostra, a Crítica recai sempre sobre os costumes. De modo indireto, nas doutrinas sociais, científicas, religiosas que venham exercer influência na sociedade em quem vivemos . De forma direta, sobre os próprios costumes de uma nação.
A tarefa da Crítica, por efeito, é difícil e de altíssima importância, porque o seu destacado objetivo assim o exige.
Sob a consideração de que os costumes de uma nação, de uma família, ou de um indivíduo apenas, são a real alavanca da sua prosperidade ou da sua decadência, pois, as leis positivas (as normas escritas) poderão corrigir em parte os abusos, desde que criteriosas.
A ação dessas regras, deixará, contudo, muito a desejar se, frouxa, não puder atingir muitos dos transgressores; ou ao contrário, se arbitrariamente empregada.
Deve-se notar, assim, que enquanto a doutrina educa e instrui, a Crítica corrige e esclarece. E como tal, se faz imprescindível, porque, se é certo que ninguém pode ter a justa medida da sua capacidade moral, também é intuitivo que o homem civilizado procura constantemente atingir o mais alto grau de perfeição.
Ele -nesse contexto- sente o reflexo "dessa flama sagrada que só ao rei da criação foi concedida: a Inteligência".
Antes, porém, de exercer o seu mister, a Crítica necessita empunhar um delicado estilete, para que a "autópsia", quer seja no corpo social, quer no indivíduo, possa ser correta e justa.
Essa intervenção ocorrerá através da elevação do nível intelectivo e moral, pela reforma dos costumes, por meio da Crítica publicista em co-autoria com as doutrinas.
Nesse estágio, confirmando-se a inteligência como seu elemento estrutural, o processo da Crítica desempenhará o papel de fiel da balança da consciência.
Já então será o ponto de equilíbrio nesta equação suprema entre o objetivo(o objeto) e o subjetivo(o sujeito), na qual se trava a luta desmedida do dever e da vontade, da justiça e da paixão.
Marcus Moreira Machado

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

(06/09/07) CERTEZA E EVIDÊNCIA

Classicamente, a 'verdade' é definida como a conformidade de nossa inteligência com o objeto ("Veritas est adaequatio intellectus et rei").
Para uma melhor conceituação da 'verdade', distinguindo-a do 'erro', considerando a marcha natural do espírito humano, recomenda-se partir da ignorância e do desconhecido; da dúvida e da possibilidade; da opinião e da probabilidade... para se alcançar a certeza e a evidência.
Ante a multiplicidade de opiniões antagônicas e em campos extremos das ciências, a compreensão da 'verdade' tráz consigo, de imediato, a contradição.
Com efeito, ora a nossa inteligência tende à unidade, aos conhecimentos necessários e universais, à certeza. Noutra oportunidade, desde que admite a probabilidade, reconhece um critério da 'verdade'.
Em socorro ao ceticismo, então, vêm as correntes doutrinárias do 'dogmatismo', realçando o valor da razão humana na afirmação da verdade.
É, enfim, o 'racionalismo' que reconhece como verdadeiro tudo o que a razão humana afirma.
Se a 'verdade' é a conformidade da inteligência (da razão) com o objeto (mundo exterior); e se ficarmos tão-somente com a razão -para concebermos um mundo racional- estaremos nos afastando, indubitavelmente, da própria realidade objetiva.
Certeza e evidência terão que aguardar complementação que se impõe.
Marcus Moreira Machado

A VERDADE COMO MATÉRIA DO PENSAMENTO

Enquanto a Psicologia estuda a "vida do espírito", a Lógica ocupa-se das operações intelectuais: a idéia, o juízo, o raciocínio; os 'métodos para atingir à verdade'.
A Lógica, por sua operacionalidade, tanto quanto a Moral -que apresenta as normas de conduta, é, igualmente, ciência normativa.
Não por outro motivo, face as suas características peculiares, a Lógica já foi definida como "a ciência das ciências", porque dirige a própria razão, da qual derivam todas as ciências.
No afã de alcançar a verdade, a Lógica, formalmente, ordenando os atos intelectuais (a idéia, o juízo e o raciocínio),em um processo na forma das operações do espírito, faz uso de recursos analíticos, detalhando, propriamente, o pensamento.
Para tanto, utiliza também a dialética, pois que ensina a raciocinar. E mais subjetiva ainda é ao tratar dos atos do sujeito pensante; qualificando-o como 'menor', vez que trata da forma das nossas operações intelectuais, que é inferior à sua matéria, qual seja, a 'verdade'.
Por fim, a Lógica estuda 'a verdade em si' (a sua natureza), a verdade enquanto matéria do pensamento.
É a Lógica Material, daí, Objetiva, lidando da verdade como objeto (a matéria) do pensamento.
Marcus Moreira Machado

ALMA PERDIDA

Não direi "mirem-se no exemplo das mulheres de Athenas". Ou, tampouco, no dos homens de Esparta, forjados na 'arte da guerra', ainda na mais tenra infância.
Se indispensável alguma referência, a procuremos em Creta.
Lá, encontraremos lutando juntos, contra o Minotauro, Ariadne e Teseu.
Ela, com seu fio, tecendo esperança concreta ao guiar Teseu pelo labirinto.
Ele, dela dependente, enfrentando com destemor a besta-fera.
Os dois, superando, em esforço conjunto, o quê e quem poderia negar-lhes a supremacia do amor.
O deuses revelam, afinal, sua impotência, quando demonstram precisar dos mortais a fim de garantir à sua eternidade prazer que o perene não possui.
A todos os de boa-vontade, nessa compreensão, mais valerá o ensinamento de verdadeiro 'rei', em menosprezo à tirania de qualquer régulo.
Então, no Cristo, a reflexão: "Quid prodest?"; 'De que adianta?'
"- De que adianta ao homem conquistar o mundo universo, se vier a perder sua alma?"
Marcus Moreira Machado

O HOMEM EM SUAS TRÊS PARTES

Salvação e libertação apresentam diferenças entre si, como também pecado e crime são entendidos de maneiras diversas.
Também distinção é sugerida nas noções de alma e de espírito. Por conseguinte, muito do que se ensina sobre um outro reino além deste mundo que conhecemos, busca divulgar a crença de que o sofrimento da humanidade, ou o padecer dos miseráveis, dos marginalizados, é destino jamais modificável.
Pelo pecado, então, deveríamos esperar a salvação. E pelo crime, a liberdade.
Por quê? !
O castigo e a punição seriam respostas necessárias a todo aquele que não se conforma? Ou tais idéias servem para limitar indivíduos em suas aspirações?
Afinal, vocação maior do ser humano, a libertação é todo um processo envolvendo-o em 'corpo, alma e espírito'. E como precisa alimentar o corpo, igualmente necessitam de 'alimento' sua alma e seu espírito.
É por acreditarmos na conjugação do homem, reunidas as suas três partes, unificadas as parcelas que o compõem, que defendemos a efetiva participação política, individual e coletiva, nos destinos dos nossos governos, rompendo com a falsa predestinação à pobreza material desvinculada da emancipação da sociedade. Esta, sim, pode e deve suprimir aquela.
É por convicção na libertação do homem, através da mobilização do povo (em reconhecimento de que "a salvação implica a totalidade do mundo de Deus"); é pela inabalável certeza de que "fomos criados exatamente para isso: para receber a vida de Deus em nosso espírito, viver essa vida e expressar o próprio Deus em nosso viver"; é ainda na identificação de que "totalidade não significa uma grandeza fechada em si mesma, mas uma relação da realidade que se funda em Deuscomo o sentido pleno e a radical plenitude do ser"; é, via de consequência, por todos estes conceitos que defendemos no homem a sua integridade, somente conquistada na perseverança dos que almejam um mundo melhor neste plano que também é de Deus, obra máxima do Criador.
Desejando, pois, o triunfo dos homens de boa vontade, na vitória da solidariedade sobre o egoísmo; conclamamos os nossos companheiros e as nossas companheiras -"conduzidos por Deus em seu desígnio"- a um resgate do ser humano, "numa completa libertação de todas as alienações", em tempo vindouro mais próximo de um porvir marcado pela justiça, sob o signo da igualdade dos povos unidos na liberdade.
Marcus Moreira Machado

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

TRILHA-SINA

Dos passos dados,
a clareza de outros tempos.
Dessa caminhada -e quase nada,
pouco se tem certeza.
Da infância sem lamentos,
uma recordação:
a que lembra sem perdão.
No quarto, o vazio sou eu.
Dessa música, o som é meu:
medida e pouco dividida.
Se alguém, desprevenido, a ouve,
chegará mais perto.
E, é bem certo,
a tomará para si.
Sua também será essa caminhada.
E nada, quase...
Marcus Moreira Machado

domingo, 2 de setembro de 2007

(03/09/07) ANVERSO

Quem sou eu, além de ser esse mesmo 'eu'?
Não sou eu também mais alguém que desconheço?!
E esta inquieta alma que se me apresenta ora como indesejável hóspede, ora tal qual peregrino que, velho, retorna à moradia...!?
Quem sou eu se, adiante, em mim pessoas várias sussurram antiguidade de anônimo espírito?
Eu sou o quê fizeram de mim?
Ou nem ser de fato eu sou? Pois que talvez apenas o tempo é que continua na sua inexorável caminhada -passando em mim, como já fizera outrora e como ainda fará depois, sem jamais cessar, sempre rumando à sublimação do absoluto!
Eu sou o filho e o pai, o neto e o avô; o descendente e o ascendente...
Eu sou elo da corrente, que sem a corrente nem elo é.
Definitivamente, pouco eu sei de mim, então. Porque tudo sou eu aquém e além do que também serei.
Não mais que a trégua eu sou: para que a vida se consuma e se renove a todo instante, em mim, em ti, em nós, em Deus.
Marcus Moreira Machado