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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

TERÇA-FEIRA, 30 DE OUTUBRO DE 2007: "LUNAR".

Duas paixões: a noite e à noite. Labor e libido têm horário preferido. Thanatos e Eros nunca foram amantes. Porque é o amor que fica sem dormir, sempre à espera de que a luz da vida acorde a cada um, nessa que é a ribalta comum. Eu também, mais varonil, sou reconciliável no lábaro que ostento juvenil, na coincidência dos ponteiros, no porvir da madrugada afora. Por isso, navegar é preciso por mares nunca antes navegados: nessa ilha, nesse arquipélago, nesse imenso rebanho de ovelhas negras perdidas nas utopias, desgarradas do açoite que deseja o dia inteiro. Busco na noite a minha intimidade ainda não devassada: meu ser é de verdade, nessa realidade que faço da minha imaginação... Vôa, liberdade! Ainda que tardia... à noite! 'Libertas', ó terra de rio...! Dos grilhões da infame miséria, 'libertas'! Antes que a lua cheia desperte os vampiros de alma destas plagas, ressuscita-me! À noite, acontece a ressurreição. Na noite o grande espetáculo da vida, antes natimorta pelo ponto do cartão. E o canto, e eu canto. E o cântico, a ode e a ária. E a ufania da geral no estribilho, no bis do delicioso e farto falsete de quem sabe que além do mais é legítimo dueto. Bom dia, noite querida! (Marcus Moreira Machado)

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