Páginas

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

QUARTA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2014: "APREENSÃO CIRCUNSTANCIADA"


Uma hipótese absolutamente estereotipada, no ensino, os princípios coordenados de representação não são assimilados pelos alunos de tenra idade como sistema de codificação. Os obstáculos enfrentados pelas crianças são dificuldades de ordem conceitual, semelhantes aos da sistematização. Por isso, em ambos os casos, isto é, no processamento numérico e no ordenamento da linguagem, a criança reinventa essas organizações.
A confiança no sujeito aprendiz, levado a atuar na construção do saber, ao entendimento da escrita enquanto princípios reunidos de representação e alfabetização, sob a condição de uma intensificada atitude reflexiva; de fato, se configura por meio da reconstrução da língua escrita, redimensionando-se o superado discernimento sobre a pedagogia na didática de alfabetizar. As formas de ensino e as práticas tradicionais preconizadas pelas cartilhas de iniciação são afastadas ante as perspectivas de inovação, cuja meta é a superação do fracasso escolar.
Fundamental, na contribuição teórica contemporânea é a transferência do propósito educativo, suprimindo-se o método preconcebido, em abertura à construção do saber; abolindo-se o ensino controlado em etapas, oportunizando o advento da práxis pedagógica planejada no dia-a-dia, considerados por parâmetros os conflitos cognitivos emergentes em sala de aula; distanciando-se da progressão previsível e justificada para alcançar a flexibilidade capaz de respeitar o ‘tempo do aluno’, valorizando o seu ritmo de apreensão circunstanciada no ambiente onde está habitualmente inserido, ou seja, enxergando-o, na escola, como pessoa a trazer consigo o mundo no qual convive exteriormente à instituição educacional.

(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 9 DE SETEMBRO DE 2014: "TRADUÇÃO"


O mundo carece, eu creio de 'evolucionários', muito embora seja abundante a quantidade de "revolucionários". De semelhante maneira, inúmeras 'reivindicações' não têm sido precedidas de qualquer 'vindicação'. Ou para ser mais preciso: é gritante o sem número de clamores vazios de real significado, afastados, todos, da incontestável 'lei da causa e efeito'; e raros são os homens que -mais por vocação- não perseguem meta alguma, mas seguem, sim, o itinerário do aperfeiçoamento moral, caminhando ao encontro da 'ética essencial', em valorização do relacionamento entre homem e sociedade, no contexto de respeito à superioridade do que se lhe é desconhecido.
Determinadas pessoas não exigem muito esforço da nossa observação, fazendo-se notar naquilo que trazem de bom ao mundo, pouco preocupadas que estão com o tamanho do "troféu", pois bastante ocupadas na tarefa diária de premiar a humanidade com este sentimento intrínseco ao caráter dos indivíduos "coletivizados": o amor.
Afinal, a alma transformada jamais poderá ser tradução de uma mente transtornada, porém, certamente, a oratória maior do ainda pouco estudado idioma universal do "sentimento do mundo", onde 'poeta' não é quem escreve versos, mas sim quem semeia a poesia da vida plena. 

(Caos Markus)
 

SEGUNDA-FEIRA, 8 DE SETEMBRO DE 2014: "INTELIGINDO"


O que significa ser inteligente? Supõe-se, é o agir para o melhor, fazer sempre o melhor e da melhor forma, tornando-se, portanto, melhor.
Desse modo, o mundo não seria mais indiferenciado ou não estaria mais dilacerado entre pólos opostos sem acordo, mas seria um mundo dirigido, orientado na direção do que é melhor.
A 'inteligência', o 'pensamento', contudo, não agem no sentido do 'melhor', pura e simplesmente.
O 'pensamento' é apenas 'iniciativa'; somente põe o cosmos em movimento, sem qualquer outra interferência.
A partir do primeiro impulso, as partículas se atraem e se repelem, formando todas as coisas e seus limites. E esse movimento circular perdura, revolvendo todas as coisas, até os próprios astros. O agir desse 'inteligência' é mecânico.
Falar em 'inteligência', hoje, implica para nós referência à inteligência humana, ou a um ser pensante.
Não é fácil sequer imaginarmos o que seria esse puro pensamento impulsionador do mundo, anterior a todos os seres constituídos e a toda e qualquer caracterização.
Pensadores religiosos cristãos identificariam tal força ao ato de criação do mundo por Deus, mas a filosofia parece recuar, com prudência, diante de verdades como essa, que dependem de crença.
Afinal, por primeiro, não se falou num deus criador, mas sim em um 'pensamento', numa 'inteligência'. Não se aludiu a criação, porém, no inicial contato do movimento.
A questão fundamental a nos suscitar a 'inteligência' primordial está no fato de que falar em 'ordem', em 'ordem do mundo', 'cosmos', já é falar em 'organização', em uma 'ordem racional das coisas', em 'razão', na 'racionalidade das coisas', como estando nas coisas elas mesmas, e não em outra parte.
Pensar o mundo como uma totalidade organizada já é pensá-lo como inteligência, não só como nossa faculdade de inteligir. Compreendê-lo, pois, como possibilidade de que as coisas sejam inteligíveis nelas próprias.

(Caos Markus)

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

DOMINGO, 7 DE SETEMBRO DE 2014: "REINVENTANDO A REPRESENTAÇÃO"


Ao se pensar em alfabetização e pretender traçar um panorama das ideias que afetam a educação brasileira, não se pode deixar de lado os pressupostos de uma verdadeira revolução conceitual, desmontando explicações construídas ao longo de décadas para justificar o fracasso escolar de crianças na fase inicial da aprendizagem.
O foco de atenção, antes centrado no professor ‘que ensina’, passa a ser no aluno ‘que aprende’. Do ponto de vista teórico, refere-se a concepções radicalmente transformadoras do questionamento até então a orientar os estudos sobre a aquisição da leitura e da escrita.
Resgatando a compreensão do sujeito cognitivo, o foco, hoje, está na criança como ser capaz de criar hipóteses, de testá-las e de elaborar sistemas interpretativos na busca de compreender o universo circundante.
Se anteriormente as estatísticas educacionais apontavam metade das crianças matriculadas nas escolas brasileiras como reprovadas na passgem da primeira para a segunda série, face a problemas de aprendizagem ora justificados em função de carência nutricional, ora como consequência de falta de estímulo intelectual, de ausência cultural, de transtornos psiconeurológicos; ou então por efeito de deficiência linguística; atualmente, a psicogênese da língua escrita descreve o processo pelo qual a escrita se constitui objeto de conhecimento para a criança, demonstrando que as restrições não são exclusivamente dos alunos, De fato, uma sinalização para se repensar o papel da escola e do ensino oferecido às crianças. Pois, existem deficiências ocultadas nos índices das estatísticas, diretamente relacionadas com a função escolar no ensino dos educandos.
Partindo da hipótese de que a aprendizagem da leitura e da escrita não se limita à sala de aula, e a criança inicia o seu processo de alfabetização muito antes de ingressar na instituição de ensino regular, a inovação é assumir a educação básica em uma abordagem mais ampla, deixando de ser uma questão exclusivamente pedagógica, dependente da utilização de um método preconcebido e atividades mecanicistas de treinos e memorização. Ela também se explica pelas variáveis sociais, culturais, políticas e psicolinguísticas.
Considerando-as, deve ser engendrado o sistema de construção da língua escrita, patenteado externamente pelas interações sociais e experiências do sujeito aprendiz com as práticas do ler e escrever, e internamente através dos conceitos formulados, subsidiados pela sucessão de contradições e conflitos cognitivos.
Durante muitos anos, a língua escrita foi compreendida como um código cujo funcionamento se esclarecia pela associação de fonemas e grafemas na formação de sílabas, palavras e frases, viabilizando a transposição da fala para o papel somente com o domínio da grafia das letras, combinando-as aos seus respectivos sons, e ajustando-as às regras da ortografia e de gramática.
Superando, todavia, a esfera do código, a atenção é dirigida à complexidade da escrita entendida como ‘sistema de representação’, admitindo-se que o simples domínio do processo não irá tornar o sujeito um “escritor” competente, porque, além disso, é indispensável a extensão de sua experiência e seus saberes até o reconhecimento da escrita na sua especificidade.
Ao lado dos princípios normativos que organizam o seu funcionamento, há uma imensa diversificação de configurações e funções inerentes ao uso da língua, a merecer valorização nas mais variáveis situações sociais de uso da escrita. Por efeito, longe de simplesmente colocar em prática os princípios de um código, o aprendiz acaba se envolvendo em procedimentos de reflexão e recriação linguística, imprimindo à própria linguagem outra forma, assentada nos seguintes primados: 'o que escrever', 'para que escrever', 'o gênero' e 'a estrutura da escrita', 'seus destinatários' e 'sua função social'. Afinal, na codificação, tanto os elementos como as relações já estão predeterminados, ao contrário de uma reinventada representação. Porque, sem hesitações, a invenção da escrita decorre de um processo histórico ao construir-se um sistema de representação, e não um processo de codificação.
 
(Caos Markus)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

SÁBADO, 6 DE SETEMBRO DE 2014: "PERGUNTA"


Pergunta de um "nativista" a um revolucionário de esquerda:
Se recordares o teu primeiro beijo, apaixonado, "caliente", e dessa época lembrares da música guardada na memória; sinceramente, qual  será a canção? A "Internacional Socialista", "Pra não dizer que não falei das flores"?
Ou algo como "Besame Mucho", "Love me Tender"?
Ora, camarada, faz eco no tempo o que toca o teu sentimento!

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 5 DE SETEMBRO DE 2014: "ALCANCE"


A teoria da autodeterminação pretende uma distinção crítica entre comportamentos volitivos acompanhados pela experiência de liberdade e autonomia (os intrínsecos ao indivíduo) e as condutas sob controle e pressão e, por isso, não representativas da pessoa.
As ações motivadas e realizadas sem interesse externo, satisfazendo as necessidades psicológicas inatas de competência e autossuficiência, são padrão do procedimento autodeterminado. Este conduz o sujeito a fazer algo não dirigido a circunstanciais efeitos de aceitação ou recusa de seus resultados, mas sim pela satisfação inerente à sua ação.
No ser humano, portanto, deveria ser esta a motivação mais generalizada e importante.
As atuações baseadas em fatores extrínsecos, executadas visando obter conseqüências presumíveis, são variáveis, pois sempre correspondentes a limitações da autodeterminação.
Tão-somente a interiorização e a integração, correlacionadas, suprimem procedimentos induzidos, tornando os atos subjetivos desdobramentos da sua personalíssima consciência .
As condições sociais em contextos admissíveis de reconhecimento de capacidade independente, não padronizada, são estruturais na manutenção do estímulo não convencional, premissas acerca do vínculo entre atitudes deliberadamente internalizadas e a opinião alheia, não decisória do conteúdo essencial na emissão textual, inclusive.
Por isso, muitas vezes menos coeso e aparentemente de menor clareza, um texto pode ter maior alcance, em determinadas situações, quando comparado a outro de configuração mais completa.
Importa notar, a situação comunicativa interfere na produção textual, tanto quanto, inversamente, são observadas reações em toda a situação, já que o texto não é um simples reflexo do mundo real.
O homem serve exclusivamente de mediador, com suas crenças e ideias, recriando a disposição, o ordenamento.
Não sem justificativa, o mesmo objeto é descrito por duas pessoas distintamente. Afinal, elas o analisam de modos diversos.

(Caos Markus)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

QUINTA-FEIRA, 4 DE SETEMBRO DE 2014: "TEXTUAL"


Em Linguística, a noção de texto é ampla e ainda aberta a definição mais precisa.

Grosso modo, pode ser entendido como manifestação linguística das ideias de um autor, sujeitas a interpretação pelo leitor de acordo com seus conhecimentos, linguísticos e culturais.
Seu tamanho é variável: conjunto de palavras e frases articuladas, escritas sobre qualquer suporte; obra escrita considerada na sua redação original e autêntica (por oposição a sumário, tradução, notas, comentários etc.).
Um texto é uma ocorrência linguística, escrita ou falada, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal. É uma unidade de linguagem em uso.
O interesse pelo texto como objeto de estudo gerou vários importantes trabalhos teóricos da Linguística Textual, percorrendo fases diversas, cujas características principais se deram na transposição dos limites da frase descontextualizada da gramática tradicional, incluindo, ainda, os relevantes papéis do autor e do leitor na construção de textos.
Texto, em sentido lato, é o não verbal. Já o texto crítico é uma produção iniciada em um processo reflexivo e analítico, criando um conteúdo com crítica bem fundamentada.Em artes gráficas, o texto é a parte verbal, linguística, por oposição às ilustrações.
Todo texto carece de forma, ou seja, ter estrutura, elementos relacionados entre si. Dos aspectos formais, destacam-se a coesão e a coerência, manifestando seu sentido e sua forma.
Um texto, seja oral ou escrito, está longe de ser um mero conjunto aleatório de elementos isolados, mas, sim, deve apresentar-se como uma totalidade semântica, em que os componentes estabelecem, entre si, relações de significação. Contudo, ser uma unidade semântica não basta.Deve ainda revestir-se de um valor intersubjetivo e pragmático, isto é, ser capaz de representar uma ação entre os interlocutores, dentro de um padrão particular de produção.
A capacidade de o texto possuir um valor intersubjetivo e pragmático está no nível argumentativo das produções linguísticas, mas a sua totalidade semântica decorre de valores internos à sua própria estrutura. Trata-se da coesão.
Assim, estudar esses elementos conectivos nada mais é senão avaliar os componentes textuais, cuja significação depende de outro, dentro do mesmo texto ou no mesmo contexto situacional.
Os processos de coerência são eminentemente semânticos, ocorrendo quando à interpretação de um elemento no discurso precede a hermenêutica um de outro.Embora seja uma relação semântica, o nexo abrange todos os fundamentos estruturais do sistema léxico-gramatical.
Portanto, há formas de coesão realizadas através da gramática; outras, por meio do léxico.
Deve-se ter em mente que a concordância não é condição indispensável nem suficiente à existência do texto. Encontra-se textualidade em redações desprovidas de vínculos, de harmonia.
Há cinco diferentes mecanismos de coesão: 1) os elementos referenciais, insuscetíveis de interpretação por si próprios, compreendidos somente quando relacionados a outras partes no discurso, quer se considere a referência situacional, ou exofórica, quer a textual, ou endofórica; 2) a substituição, colocando-se um item no lugar de outro, seja este último uma palavra ou uma oração inteira; 3) a elipse, transferência por omissão de um item, de uma palavra, um sintagma (uma unidade formada por uma ou várias palavras que, juntas, desempenham uma função sintática na frase) ou uma locução; 4) a conjunção, permissiva de relações significativas entre elementos e palavras do texto, realizando-se através de conectores e abrindo um novo estágio na comunicação, um novo ponto de argumentação; 5) a coesão lexical, obtida ou pela repetição de um mesmo item lexical, ou através de sinônimos, pronomes, hipônimos (vocábulos relacionados entre si, pelo sentido, dentro de um conjunto, ligando-se por afinidade ou por um ser parte do outro), ou heterônimos.

(Caos Markus)