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sexta-feira, 18 de julho de 2014

SEGUNDA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 2014: "INCÓLUME"


Não é possível lutar contra a modernidade repressiva senão usando os instrumentos de emancipação que nos foram oferecidos por ela própria, ou seja, através de uma razão autônoma, capaz de desmascarar as pretensas legitimações do sistema. O que significa uma ação moral provida de autodeterminação, independente de autoridades externas; uma ação política baseada em estruturas dirigidas ao pressuposto da razão crítica e da vontade livre.
Ignorar a dialética da modernidade, minimizando-a no todo, pelo seu aspecto perverso, é também privar-se dos meios de resistência a essa mesma perversão.
Afastar-se da modernidade é manter incólume a repressão, sua maior característica. 

(Caos Markus)

DOMINGO, 10 DE AGOSTO DE 2014: "PREFERENCIAIS"


O financiamento de políticas sociais destinadas a amortecer conflitos entre as classes mais populares e a minoria privilegiada (voltado a "legitimar" um sistema absolutamente discriminador), apenas reforça um regime de formulação, pelo Estado, (descontínua no tempo) de "novos" e heterogêneos programas sociais. E, mais além, cria acirradas disputas fisiológicas em torno do mercado da pobreza.
Por tais razões, os fundamentos desses programas, viciados, inviabilizam políticas sociais harmônicas, gerando, a partir de um crescente déficit público, um dos mais vulneráveis pontos de ruptura em qualquer imaginada transformação política.
Por efeito, a pobreza, calculada como investimento no mercado de futuros, é a mesma moeda podre que avaliza a riqueza dos acionistas preferenciais.

(Caos Markus)

SÁBADO, 9 DE AGOSTO DE 2014: "A UM SÓ TEMPO"


Com a lei não há diálogo. Com ela, aos governados é reservada tão-somente uma relação unilateral. Na totalidade das estruturas institucionais, constata-se apenas um discurso com a lei, qual seja, aquele firmado em nome do Estado. Pois, com o Estado não existe a menor possibilidade de se ouvir outra palavra que não a dele próprio, pouco importando tratar-se de vazia ou plena, porque validade alguma possui a palavra alheia.
A comunicação é feita, via de regra, através da ritualização legalista, mantida submissa a sociedade pelos "autores" do Poder, os juristas. Subserviência que se dá no universo do silêncio, no universo da norma que tudo sabe, tudo diz; a norma que, a um só tempo, pergunta e responde.

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 8 DE AGOSTO DE 2014: "MOVIMENTO"


Consensual, no contexto desprovido do fato controverso, somente há tolerância em repulsa a antagonismo.
Senso individualizado, diversamente, não pertence ao acervo de dogmas partilhados em quotas sempre mais e mais fracionadas.
Nem por isso, descer o aclive é eliminar declive.
A decisão é pelo movimento na altitude, a despeito da alheia opinião, não obstante qualquer predeterminada atitude.

(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2014: "ACEPÇÃO RETÓRICA"


Há uma estreita relação entre um sistema de poder e um processo de comunicação. Nesta correspondência, o discurso, o raciocínio, redirecionam, em função do poder, todo um conjunto de significados. E a argumentação elaborada transforma, então, 'mensagem' em 'ideologia', proporcionando a apreensão dos fatos, objetos, situações ou valores, para articular -técnica e sutilmente- um processo de sujeição e normalização das relações sociais.
A desmistificação dos argumentos assim elaborados opera-se, via de consequência, desnudando-se a dinâmica da ideologia neles presente. E não poderia ser de outro modo, vez que o raciocínio argumentativo deriva de reflexão formulada, confirma-se, a partir da acepção retórica.

(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 6 DE AGOSTO DE 2014: "DOGMAS E UTOPIAS"


Enquanto os dogmas se voltam ao passado, as utopias se dirigem ao futuro, à mercê da História, única a poder confirmar se ela era o que pretendia ser. Para tanto, preciosa é a Crítica. Mas como crítica também é tradição, há que se determinar uma interpretação como 'crítica da crítica', afastando a falsa da verdadeira, da mesma maneira como se faz com a própria tradição.
Neste sentido, a crítica dos axiomas somente exercerá sua efetiva função se inserida no horizonte amplo de um acordo social, aceitando, sob a ressalva da relativização, a validade da tradição e da autoridade, podendo ser, então, reconhecida como fonte de mais liberdade, por meio da admissão da maior verdade.

(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 5 DE AGOSTO DE 2014: "REPENSAR O LÚDICO"


Contribuir com a transformação da vida de professores e alunos em um processo de aprendizagem permanente, isto sim é educar.  
Ensinar e aprender são duas facetas de um mesmo sistema, exigindo flexibilidade, tanto a pessoal quanto a de um coletivo.
Os conteúdos fixos com conhecimentos prontos dão lugar a procedimentos abertos de pesquisa e comunicação, envolvendo a criança na própria educação.
É ela mesma a principal interessada no aprimoramento das estratégias de composição do seu saber pelo ensino interativo.
Ao professor cabe produzir materiais convenientes às crianças na assimilação das realidades intelectuais.
Ressalta-se a importância de um ensino que procure repensar o lúdico.  
A escola erra ao dividir o ensino em lados diferentes: de um, a brincadeira, o jogo, onde existem o sonho e a fantasia; de outro, o ensino "formal" do trabalho e do estudo.
Fruir é uma realidade vivida pela criança em seu cotidiano. Através da imaginação ela relaciona seus interesses e carências com o mundo pouco conhecido onde vive.
Já uma educação identificada com a comunidade é preocupação frequente de todos os educadores, se de fato pretendem tornar as práticas sociais mais concretas e socialmente conjugadas.  
Neste sentido, o objetivo de professores e alunos será discutir, analisar e refletir sobre as práticas de ensino, permitindo a percepção do conhecimento como algo estruturado nas permutas sociais, na vivência entre pessoas com experiências diferentes, aceitando-se riscos, contradições e desafios. 
Com efeito, assim considera o materialismo histórico dialético: os fatos não podem ser dissociados do contexto social, político e econômico.   
As mudanças políticas, econômicas e culturais na sociedade, e o grande volume de informações, refletem no ensino, exigindo da escola, enquanto instituição, um ambiente estimulante, viabilizando à criança adquirir informações de maneira mais motivada em movimentos de associação, trocas de experiências, de afetividade, do ato de aprender a desenvolver o pensamento crítico reflexivo.
Busca-se hoje a educação baseada na interlocução dos sujeitos, na expressão individual e comunitária, em interação com saberes prévios.
Professores e aprendizes, em alternâncias recíprocas acerca das suas atividades, fornecem novos significados à instrução.
A meta é ouvir e falar, dizer-se mutuamente: os alunos entre si e aos professores; estes entre si e os alunos.
Não são primordiais outras razões, senão estes argumentos, quando real é o anseio de criar o saber pedagógico constituído por meio de atuações sob o crivo da co-ordenação e, igualmente, pela formação de 'professores-pesquisadores da práxis´', ocupados em imprimir unidade aos saberes fragmentados.

(Caos Markus)  

quarta-feira, 16 de julho de 2014

SEGUNDA-FEIRA, 4 DE AGOSTO DE 2014: "O COMPROMISSO DO COMPROMETIMENTO"


Informação, hoje, existe em abundância. Mas, mesmo assim, com milhões de conteúdos à disposição e inúmeros cursos online acessíveis, as pessoas ainda não se sentem confortáveis ao falar de autodidatismo ou de se apresentarem como autodidatas.
A ideia vigente é a de que aprender sozinho é coisa de gênio, algo impossível para indivíduos "normais". Já foram mudados muitos paradigmas e pensamentos da sociedade, principalmente os envolvendo interação social e contato, porém, a maneira como pensar em aprendizado é a mesma.
Não é o caso de se defender a extinção dos professores, e sim de sugerir outro método de aprendizado.
Professores e escolas são importantes. Conhecimentos essenciais são melhor acessados através de vínculos com educadores expressivos.
O questionamento é outro: a maioria alimenta a falsa crença de não ser capaz de aprender fora de um ambiente escolar, demonstrando um bloqueio  passível de ser revertido.
Existem áreas onde realmente há imprescindibilidade do estudo convencional, principalmente aquelas envolvendo domínios regulados por lei, como engenharia, medicina ou advocacia. No entanto, se ocorre interesse em espaços diferentes (o aprendizado de línguas, a propaganda e marketing, como exemplos), múltiplas são as oportunidades de aprendizado por conta própria.
Algumas das principais vantagens do autodidatismo são a de realização de estudos individuais, ao invés de soluções generalizadas (típicas em escolas e cursos); a possibilidade de personalizar o estudo às premências de cada um, além da liberdade de escolha sobre o que e quando estudar, se observada, obviamente, a constante disciplina pelo autodidata.
É cômodo ter alguém para culpar, caso o aprendizado não seja tão bom quanto o esperado, bastando se matricular e frequentar  as aulas. Se elas não suprirem as necessidades do "aprendiz", ele reclamará da instituição, indo para outra escola, num ciclo absurdo. Todavia, quando o educando é o seu próprio professor, ele precisará assumir a responsabilidade de suas ações ou omissões.
Muitos não investem no autodidatismo por causa da inexistência de diplomas.
Atualmente, diplomas não mais cumprem os objetivos de outrora, servindo exclusivamente de “prova” formal e duvidosa acerca de um efetivo conhecimento. Não conquistar diplomas pelo aprendizado poderia ser um problema há três décadas; hoje, não mais.
Agora, é mais valorizado um autodidata capaz de realizar uma tarefa, e não alguém portando um pedaço de papel, entretanto, sem iniciativa alguma.
O autodidatismo obriga o sujeito a resultados reais.
Num curso, há a sensação de que o aprendizado está ocorrendo, independentemente disso ser ou não uma verdade. Afinal, o aluno está na sala de aula, no ambiente de ensino, e por isso supõe absorver o que é dito pelo professor, sem avaliar se pouco ou quase nada consegue captar.
O contrário confirma-se no autodidatismo, sob a restrita orientação do "educador". Pois, o auto-aprendiz, não dependendo de evidências alheias do que aprendeu ou deixou de aprender, manterá sua meta na diretriz dos resultados almejados. O seu compromisso, assim, é comprometer-se.

(Caos Markus)
 

DOMINGO, 3 DE AGOSTO DE 2014: "INDIVIDUALIZADA AUTONOMIA"


Os especialistas em educação e a legislação a respeito afirmam que o aluno é o ‘sujeito’ principal do processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, conforme os dicionários, 'sujeito' é aquele que 'se sujeita' à vontade alheia; um ser passivo, então.
Este ente, subordinado à alheia dependência, somente quando provocado poderá se transformar em 'sujeito autônomo, significando, então, quem faz, age, assume responsabilidades, conduz o seu próprio caminho, aprende a pensar, argumentar, defender, criticar, concluir, antecipar sua opinião, capaz de escrever sua própria história, chamando a si aquilo a ser realizado, reunindo as disposições inerentes à autonomia. 
Dessa maneira, nota-se, os alunos, por culpa de pedagogias e estruturas educacionais arcaicas, não são sujeitos autônomos de nada, tão-somente de sua própria ausência de conhecimento e da habitual ociosidade.
Com o objetivo de implementar-se uma ‘pedagogia da autonomia’, do professor requer-se a condição de 'mediador' entre a autossuficiência  e  a aprendizagem do educando, exercendo-a, porém, de modo desafiador, despertando no discente a percepção do quanto cada vez mais ele necessita aprender. 
Assim como Sócrates, perceber que  “tudo o que sei é que nada sei diante do que eu sei’, entendendo o conhecimento enquanto construção de uma permanente aprendizagem.
A sociedade de um modo geral, e até mesmo alguns educadores, vêem o ‘professor facilitador’ do processo de ‘ensino-aprendizagem’ na equivocada atribuição do indivíduo a quem cabe facilitar a aprovação do aluno, passando-lhe ‘trabalhos’, ‘atividades extras’, ‘dando pontos’, tudo a fim de obter uma média no final do ano letivo, poupando, evitando a sua retenção. E pior, especialistas e pais apóiam esta errônea noção sobre o facilitador da autonomia. 
Desmistificando tal mito, é útil a analogia com uma 'negociação', na qual participa um conciliador, cuja finalidade é mediá-la, tornando mais compreensivas as propostas. Assim, também o professor 'mediará o conhecimento' aos alunos, buscando a sua maior compreensão, 
instigando a curiosidade e o interesse dos aprendizes, pois se eles forem sacrificados pela ortodoxia de superadas didáticas, apenas serão conduzidos à má 'formação autônoma'.
Se o professor facilitador dessa autonomia for um limitador, a educação corre o sério risco de ser um processo vago e temporário. Quanto mais fácil o sistema de ensino-aprendizagem, menor esforço, dedicação e responsabilidade o aluno terá. Por efeito, cada vez menos aprenderá.
Em geral a sociedade, precisa admitir: educar não é um direito, é um dever; cada aprendiz é 'sujeito' de sua 'individualizada autonomia'; e só através dela mais e mais valorizará a sua contínua instrução
 
(Caos Markus)

domingo, 13 de julho de 2014

SÁBADO, 2 DE AGOSTO DE 2014: "NA PASMACEIRA DAS MULTIDÕES"


Define-se ‘motivação intrínseca’ como a causa do ‘fazer algo’ apenas pela satisfação inerente a essa ação, e não por efeitos externos daí eventualmente resultantes. Motivado intrinsecamente, um indivíduo age através do desafio, pela novidade ou gosto envolvendo o seu ato, e não por estímulos ou recompensas.
No homem, a motivação intrínseca não é a única forma de motivação mas é a mais generalizada e importante.
A partir do seu nascimento, o ser humano saudável é atuante e curioso, revelando uma predisposição para explorar e aprender, independentemente da necessidade de incentivos externos. Esta tendência motivacional natural é básica para o desenvolvimento cognitivo, físico e social, pois conduz ao aumento do conhecimento e de competências.
Consiste no interesse e na satisfação obtida pelo envolvimento de uma tarefa.
O seu conceito é uma reação como crítica a duas teorias do comportamento (dominantes por duas décadas do século passado) na psicologia empírica: a ‘teoria da aprendizagem’, fundamentando todos os comportamentos sob o estímulo de causas psicológicas; e a ‘teoria operante’, embasada na recompensa enquanto condição supostamente necessária às ações. 
Nestas duas abordagens teóricas destacam-se as necessidades psicológicas (inatas, de competência, autonomia e relacionamento). Todavia, em ambas é também reconhecida a satisfação de carências essenciais, de certo modo provindas da participação em obras cativantes.
É relevante a utilidade prática na visão das propriedades e no potencial interesse imanente da incumbência.
As duas medidas mais utilizadas para se compreender a motivação intrínseca foram o ‘livre arbítrio’ e os ‘auto-relatos’. Experimentalmente, no livre arbítrio, os participantes eram expostos a um encargo sob variadas condições, com ou sem recompensa. Aos participantes concedia-se um período de livre escolha. Se durante esta fase o colaborador retomava a empreitada sem nenhuma causa extrínseca, quanto mais tempo a ela dedicasse mais intimamente determinado estaria. Tal medida foi a base do estudo das dinâmicas da 'motivação intrínseca'.
A sua mensuração também foi o auto-relato de interesse e gosto numa atividade por si só.
Apesar de evidente no ser humano a sua autonomia, reconhecendo-o como dotado de conexões fomentadoras singulares, esta disposição somente é observada em condições específicas, com ênfase àquelas que prevêem, mantêm ou acrescentam, em detrimento das dominadoras ou redutoras do ânimo indissociável à natureza individual.
Infere-se, assim, a ausência de incitação à autodeterminação é de fato reflexo do meio social, quando e onde estão presentes vantagens excludentes obtidas na pasmaceira das multidões.
 
(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 1 DE AGOSTO DE 2014: "INTERAÇÃO DIALÉTICA"


A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionada com o agir individual, essas graduações sempre têm relação com as matrizes culturais prevalentes em determinadas sociedades e contextos históricos.
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as atividades envolvem uma carga moral.
Ideias acerca do bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido, definem a realidade de um povo.
Estas regras, dentro de um grupo, indicam limites relacionados a possibilidades e limitações às quais deverão se submeter os indivíduos componentes desse segmento. São os códigos culturais, a um só tempo obrigando-os e tutelando-os.
Diante dos dilemas da vida, a tendência é conduzir as ações humanas de forma quase instintiva, fazendo uso de alguma fórmula presente no meio social; de normas julgadas mais adequadas de serem cumpridas, por terem sido aceitas intimamente e reconhecidas como válidas e obrigatórias.
São aplicadas normas (valores morais), praticados determinados atos e argumentos para a tomada de decisões, justificando-se as ações de maneira a inseri-las nos padrões da normalidade.
A interação dialética entre o que é constituído (a moral vigente) e o constituinte (a moral repensada e recriada) será então prioritária, tanto à sobrevivência da própria moral quanto à preservação da liberdade dos indivíduos nela contextualizados. A ciranda dos valores tem lugar nesta co-dependência, ratificando ou não a hierarquia institucionalizada.

(Caos Markus)


QUINTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2014: "CÓPIA SERIADA"


A finalidade do ensino deve ser a de criar mecanismos para que o aluno procure chegar ao conhecimento por si próprio. O professor, assim, através da dinamicidade como primordial característica de sua função, aceitando a individualidade do aprendiz, estará confiante, receptivo e convicto na capacidade de autodesenvolvimento do educando.
O seu trabalho, afinal, é proporcionar ao estudante a organização, por meio de técnicas de sensibilização, onde os sentimentos de cada um sejam livremente esclarecidos, sem nenhuma ambiguidade. 
O professor torna-se, pois, um especialista em relações humanas, ao garantir um clima de vínculo pessoal, sobressaindo-se o autêntico, muito acima da simples cópia seriada.


(Caos Markus)