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quinta-feira, 17 de abril de 2014

QUARTA-FEIRA, 23 DE ABRIL DE 2014: "PERSPECTIVAS DA IDENTIDADE"


Logo após o Período Colonial, o Brasil abriu-se às novas culturas, hoje apresentando o resultado da integração de imigrantes de todas as partes do mundo constituindo o povo brasileiro. Atualmente, não se necessita de imigração para que os povos atribuam à sua própria cultura fatores externos a ela. O fenômeno da ‘globalização’ tem papel primordial nessa sequência, porque, através das mídias de economias dominantes, suas culturas permeiam o mundo todo. 
Tomada como parâmetro essa aldeia global, incapaz de suprimir expressões culturais localizadas, há que se admitir por irrecusável a tolerância na multiculturalidade, pois a natureza do homem é a sua cultura. Não preservá-la é transgressão cometida pela prevalência do poder financeiro, sempre desprovido de conteúdos, valores e símbolos vinculados à intimidade do caráter plural na diversidade dos povos e das etnias.
As salas de aula refletem esse contexto de diferenciais, exigindo, por premissa, a formação de profissionais imbuídos de senso crítico ao trabalhar a diversificação.
Um desses conteúdos é o preconceito racial, onde o estereótipo racial-democrático é destituído quando  indivíduos provenientes dessa diversidade são induzidos à falsa auto-consciência de se pretenderem brancos, já que nessa cor de pele se institui por séculos o poder social assentado nos privilégios de ordem econômica. Tal manifestação preconceituosa, em relação a si e ao próximo, não deve ser atingida pelo professor tão somente no âmbito das relações interpessoais e sim concebida a fim de questionar os mecanismos mantenedores dessa situação. 
Construir o currículo escolar com base nessa tensão não é tarefa fácil, certamente requerendo do professor outra postura, pela adoção de estratégias ainda não usuais por envolverem diferentes objetivos face novos conteúdos, sob formas de avaliação correspondentes à incorporação de saberes atualizados. Ao educador será implicitamente solicitado estar disposto para se capacitar na reformulação do currículo e da prática docente baseada nas perspectivas das identidades de classes e grupos subalternizados.
 
(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 22 DE ABRIL DE 2014: "DISCRIMINAÇÃO NA CONVENIÊNCIA DE CATEGORIZAR"



Na altura do colonialismo, quando os europeus foram confrontados com as diferenças físicas e culturais dos povos de outras partes do mundo, houve a necessidade de se formular o conceito de ‘raça’. O ser humano tem necessidade de categorizar e, assim, para evitar maiores esforços de racionalização e conseguir administrar territórios ultramarinos com poucos recursos humanos, criaram-se as classificações baseadas na ‘raça’.
De forma mais acentuada a partir da segunda metade do século XX, sobretudo por causa das independências africanas e do afastamento das crenças de inferioridade da negritude, o termo ‘raça’ passou a ser considerado ofensivo; foi sendo abandonado pela comunidade científica. Cunhou-se, então, no seio da Antropologia, o conceito de ‘etnia’ (ainda hoje relativamente valorizado), como se este fosse, de alguma forma, diferente da ideia de raça e justificasse o desaparecimento das acepções do racismo e dadiscriminação.
O termo ‘etnia’ não se afastou das características físicas para suportar a classificação, apenas introduzindo certas ‘orientações culturais’, auxiliando a suportar uma diferenciação entre os diversos grupos étnicos. Através da constatação de que esta terminologia era, no fundo, igualmente preconceituosa, avançaram-se novos conceitos em volta da expressão ‘cultura’. Multiculturalidade e interculturalidade tornaram-se palavras marcantes nos discursos de qualquer ministro cuja pasta estivesse vinculada à igualdade social, ou em retóricas autônomas na área da diversidade. Novamente, olvidando-se que também a ‘cultura’, enquanto característica distintiva, é esteio à xenofobia e ao racismo.
A par disto, o conceito de ‘identidade nacional’ foi se consolidando (ao mesmo tempo que o ‘Estado-nação’ comportava a única forma aceita mundialmente para a organização de povos e territórios), tendo, obviamente, na sua estrutura premissas culturais e semelhanças físicas (por vezes extremamente frágeis).
Para a Antropologia, em geral, questionada a possibilidade de se construir uma identidade nacional não racista, a resposta é negativa.   
Então, pergunta-se, qual a opção? Existem seleções viáveis e criteriosas de organização política preferencial ao ‘Estado-nação’? E se as classificações fossem relegadas à inferioridade? Isso poderia trazer algum efeito pernicioso, face a notoriedade da presença da discriminação, resistente a mudança? Neste caso, como, então, atuar para eliminá-la, se abandonadas as concepções através das quais se classifica um comportamento como discriminatório?
Ora, a discriminação (independentemente de ser racial, sexual ou outra) tem sempre o mesmo alicerce, o da conveniência de categorizar;  e por este motivo a maior ameaça à igualdade não vem das componentes dos fluxos principais de uma sociedade (o homem, branco, classe média, heterossexual, católico), mas do sentimento alimentado nas próprias classes mais discriminadas, principalmente como efeito da segregação. A pior discriminação não é aquela vinda de fora, mas, por manifesta consequência, a que nasce dentro da comunidade vítima do desprestígio social. E é com essa que se tem, sempre, menos cuidado.
 
(Caos Markus)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

SEGUNDA-FEIRA, 21 DE ABRIL DE 2014: "DIVERSIDADES EM CONTEXTOS DIVERSIFICADOS"



Etnia, povo, raça e nação são quatro definições com significados diferentes, porém usualmente seu conceito pode ser mal compreendido ou erroneamente utilizado. Cada um desses termos possui uma interpretação diferente e tem ligações desiguais, tais como características e quesitos distintivos entre si. É importante saber qual a definição para cada palavra, equivocar-se nesse caso é bastante comum. Para ter uma noção de cada um desses conceitos, é preciso observar suas variações e as razões de suas disparidades.

Etnia

A definição de etnia é muito usada geralmente para classificar e identificar um grupo de pessoas portadoras de certas qualificações em comum, tais como a mesma língua, valores e a mesma cultura, bem como tradições e características históricas, formas de vestir e atuar, hábitos gastronômicos, entre outros. Geralmente se confunde quando se faz referencia a etnia como grupo minoritário e/ou como raça.

Povo

Essa definição é usada para classificar um grupo de pessoas usualmente detentoras de apenas um ponto em comum. Por exemplo: povo brasileiro, povo rico, povo indígena etc.

Raça

São características físicas e biológicas de um grupo de pessoas de uma mesma região geográfica, na maioria dos casos, mas não necessariamente. Caracteres precisamente biológicos, como a cor da pele, dos olhos, tipo de cabelo, formato da cabeça, dentre outros são elementos determinantes. A raça está presente na genética de um indivíduo quando nasce. A título de exemplo, infere-se que uma pessoa de olhos puxados tem descendência asiática apenas pelo conhecimento desses traços físicos na sua região originária.

Nação

A ideia e conceito de nação se relacionam diretamente com o sentimento e a consciência coletiva, identidade social, costumes e tradições culturais presentes em um conjunto que compartilha e aceita ser parte desse grupo organizado em sociedade. É comum se dirigir a um país como nação, pois nele há sempre uma maioria de pessoas que se identificam com as suas características tanto históricas como sociais.
Concluindo-se, suas diferenças são relativamente claras. Entre raça e etnia, distingue-se o conceito de raça, referindo-se diretamente aos rasgos morfológicos, seja a cor da pele, olhos, estrutura física, entre outros. A etnia diz respeito à comunidade, mesma a formada por laços de afinidade entre os sujeitos e seus hábitos e tradições.

Há discernimentos, também, entre ‘povo’ e ‘nação’. O conceito de ‘povo’ não implica necessariamente fazer parte de uma ‘nação’. Refere-se diretamente a um ponto comum da mesma comunidade e coletividade. O conceito de ‘nação’ já implica a organização política e social, sob as regras de uma única constituição, numa fronteira geográfica determinada. A ‘nação’, assim, pode abrigar diversos povos.

Considerados estes mais minuciosos esclarecimentos, evita-se postular direitos atípicos a diversidades em contextos diversificados.

(Caos Markus)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

DOMINGO, 20 DE ABRIL DE 2014: "OBSERVAR"



Com o passar do tempo, o interesse pelas pessoas cede lugar ao mais interessante: observar o comportamento dessas pessoas. 

(Caos Markus)

SÁBADO, 19 DE ABRIL DE 2014: "DIFERENÇA NÃO É DESIGUALDADE"



Considerando os interesses e anseios de nossas sociedades serem regidos pela lógica economicista de mercado, onde o
domínio dos códigos escritos são elementos imprescindíveis à concorrência no mercado de trabalho, grupos historicamente marginalizados têm sua exclusão agravada quando não dominam tais códigos.
Não dominar o ler e o escrever, constituem-se num entrave ao ingressar no mercado de trabalho, impossibilitando que os sujeitos disponham de condições dignas de vida. Ou seja, o não acesso a graus elevados de letramento é um fator danoso para o exercício pleno da cidadania.
Mas, a dignidade, a cidadania plena, não pode estar restrita a valores de mercado, ou, até mesmo restrita aos direitos sociais.
É forçoso entender o exercício da cidadania não somente como algo restrito aos direitos legais, mas, também, ao direito de uma ‘cidadania cultural’. Esta tem a ver com uma educação que trabalhe a partir da valorização, a incluir o diálogo e o respeito, a negar e combater a padronização, lutando contra todas as desigualdades sociais já “institucionalizadas”
Ao tratar a educação popular sob uma perspectiva cidadã, há de a ela se fazer uma crítica, posto estar voltada quase exclusivamente à formação de ‘sujeitos-indivíduos’ para o mercado de trabalho. A escola, hoje, persegue os objetivos da lógica capitalista, priorizando pessoas mais facilmente adaptáveis à organização produtiva. A escolarização oferecida, muitas vezes, restringe-se apenas à formação de pessoas competentes e competitivas, ocupadas em sobreviver nos parâmetros do modelo capitalista de economia, desconsiderando as dimensões humana e social  também componentes do desenvolvimento do ‘sujeito’ enquanto ‘ser humano’.
No entanto, em que pese o fato de vivermos uma época de crise na escola, é relevante considerar que o não acesso aos códigos escritos se revela como uma situação de disparidade no interior dos segmentos sociais onde a escrita e a leitura surgem como bens relevantes. Assim sendo, não há como negar, o acesso à escolarização formal, hoje, torna-se elemento imprescindível na conquista de uma cidadania plena.
O saber escolarizado é entendido, então, como um ‘bem’, um ‘valor’ no qual os sujeitos têm acesso aos conhecimentos construídos e acumulados historicamente pela humanidade, podendo inserir-se nas práticas sociais e culturais que exigem e requerem o domínio de determinadas habilidades.
 A questão, contudo, aqui não é simplesmente considerar que os conhecimentos ensinados na escolarização formal não são o aspecto mais importante a ser privilegiado. Antes, significa percebê-los como uma das dimensões do processo de escolarização. Assim, o acesso aos saberes no âmbito da cultura geral constitui-se num direito de cidadania, proporcionando participação e inserção nas ‘práticas de uso’ da leitura e da escrita, além de outras cognições.   
Convém definir o ensino enquanto ‘vocação cidadã’, à qual cabe a função de formar os sujeitos para a sua realização pessoal,  a alcançarem o reconhecimento de ‘si mesmo’, e dos outros, como pessoa humana possuidora de direitos e deveres, garantias de seu bem-estar, identificando os processos construídos, conducentes da sua desumanização, buscando, num constante agir-refletir, a superação de tornar os sujeitos como coisas, alcançando a autoconsciência e a conscientização como valores da pessoa humana
Uma pedagogia cidadã inclui a capacidade de ‘pensar-se a si mesmo’ sem o auxílio de outrem, de ‘governar-se a si mesmo’, ou seja, relaciona-se com ‘autonomia’.
O exercício da cidadania está condicionado à autonomia, compreendida a escola como instrumento privilegiado nesse processo.
A Educação não deve estar voltada apenas para a formação de sujeitos competentes e competitivos para o mercado; antes, deve ser rechaçado um ensino cujo saber utilitário se vincula apenas à formação para a concorrência.
O idealizável é a Educação enquanto mecanismo de conscientização e de conquista de condições dignas de vida, constituindo-se num elemento importante na luta pela efetivação e garantia de uma sociedade menos desigual e com melhores oportunidades para todos os que dela fazem parte. Assumir, pois, a compreensão da cidadania como um direito inalienável de todo ser humano, condicionada a fatores como o ‘poder participar’ na sociedade através da inserção em práticas sociais envolvendo a leitura e a escrita.
Dessa forma, os sujeitos poderão integrar-se ao mercado de trabalho, visando alcançar melhores condições de vida.
Com efeito,  a cidadania requer a garantia dos direitos dos cidadãos, face as condições imediatas da vida em sociedade, por estar relacionada à capacidade dos sujeitos se desenvolverem como pessoas autônomas; no exercício do diálogo, o meio essencial numa perspectiva de valorização da vida humana.
Tudo isso implica em saber ouvir o outro, saber conviver com as diferenças de modo a aprender que ‘diferença’ não implica em ‘desigualdade’, nem em desvalorização.
 
(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, , 18 DE ABRIL DE 2014: "PORQUE"



Não correrei à busca de rima para compor versos/ Perversos, poemas em prosa negarão estrofes acima da dor/ E finalmente jamais luz que ofusca abrirá meus olhos à mente/ Porque à frente, voz surda e ouvido mudo/ Tudo, tudo, tudo, contudo ...
 
(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014: "O MAGISTÉRIO NA PRÁTICA CONTEXTUALIZADA"



Pensando nos aspectos de um modelo de social favorável à vida das pessoas carentes de necessidades específicas, alguns âmbitos legais, sociais, econômicos e de ordem psicológica são relevantes ao tema da diversidade nas escolas públicas. 
Garantir o acesso a todas as crianças não significa a existência confirmada de condições básicas ao atendimento de todos, pois cada indivíduo tem em si características próprias, requerendo aplicação pedagógica específica, contrariando assim, a massificação dos sistemas públicos de ensino, invariavelmente, avessos à diversidade. 
Numa abordagem, de estrita observação à diversidade e à inclusão social, a educação apresenta-se como novas propostas em torno de um ensino a todas as crianças e jovens, respeitadas as múltiplas demandas educacionais. 
Nesse sentido, quando se fala em inclusão, é importante clareza no entendimento de que ela não se refere somente a alunos com necessidades educacionais especiais, mas também a todas as crianças, independentemente de cor, raça, religião, condição física. Contudo, o desempenho real desta função está condicionado a uma série de medidas norteadas a essas oportunidades, superando a homogeneidade habitual no trabalho de ensinar. Para o educador, saber lidar com o contexto da diversidade em sala de aula, apesar dos desafios, permite aprender a se posicionar nesta compreensão.
A escola é o espaço destinado à convivência entre crianças diferentes. A partir daí surge a tentativa de combater o ensino discriminatório manifestado em gestos, comportamentos e palavras, o qual muitas vezes afasta e estigmatiza grupos sociais. 
A complexidade dessa situação vivida pelo professor dificulta o processo de mediação na produção e apropriação dos conhecimentos dos alunos, contribuindo para a sua exclusão e não a inclusão desejável. Há de cobrar um compromisso ético do professor ao tentar responder adequadamente às diferentes situações, na maioria das vezes surgidas de forma imprevisível, estranhas ao seu próprio contexto de vida. 
Existe nas interações em sala de aula a possibilidade de o aluno ter segurança de aceitação de suas características próprias, pela incorporação feita no processo educativo. Para tanto, o professor deve estimular essas permutas, propiciando a contribuição geral com o processo, sem mensurações face o diversificado rendimento. Ajudá-los a entender a existência dessas diferenciadas necessidades educacionais, decorrentes de habilidades diferentes, possibilitará a aceitação de maneira mais fácil.
Trabalhar com diversidade não é ignorar as diferenças ou impedir o exercício da individualidade, e sim favorecer o diálogo, dar espaço à expressão de cada um e à de todos na construção de um saber coletivo apoiado na aprendizagem mútua, na cooperação e na solidariedade, valorizando o seu ensino como um meio de preparação dos alunos para a vida em sociedade. Daí a premência da formação de professores envolvidos no tema ‘pluralidade cultural’. Provocar essa demanda específica na formação docente é exercício de cidadania. É investimento indeclinável, um compromisso político pedagógico de qualquer planejamento educacional/cultural, porque prioritário para a mudança deste contexto.
A maioria dos educadores não reconhece a diferença e a diversidade. Por consequência, não possuem a capacidade de análise para transformar a sua prática, de maneira a não pensar e falar no senso comum e, enfim, trabalhar na área do método científico, organizando e planejando as aulas de forma ampla e interdisciplinar, levando conteúdos relevantes ao ensino-aprendizagem da pluralidade. Pois os docentes exercem de fato o magistério quando sua origem é uma prática contextualizada, quando os conhecimentos passam a ser autônomos e professados, quando o profissional da Educação é finalmente capaz de relatá-los.
 
(Caos Markus)