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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

DOMINGO, 2 DE MARÇO DE 2014: "BRASILEIROS, MAS NEM TANTO"





Muitos são os momentos de nossa jornada educacional brasileira. Fomos forjados em conceitos e pré-conceitos, segmentos lógicos e segmentos metafísicos, em sua maioria herdados de outras nações.
Tudo isso contribuiu deveras para que os nossos ícones da educação estrategicamente elaborassem projetos, dezenas deles, a fim de tentar, pelo menos, elucidar parâmetros mais convincentes sobre o crescimento erudito de um povo, combinando fatores como a diversidade cultural e tradicional, bem como a variação da língua falada, que emerge de forma natural das nossas entranhas e se pronuncia tal qual identidade, clamando por ser ouvida e entendida; ou mais do que isso, por ser aceita no seio social.
Não há que se falar aqui em culpa, porque seria muito difícil elencar os culpados dentro de um contexto histórico em relação a um povo que, no início de sua colonização, praticamente se deixou dominar pelas ingerências alheias. Não podemos também derramar lágrimas pelo passado que originou conseqüências em nosso ensino, fortemente sentidas em nossa contemporaneidade.
Somos uma nação de tenra idade, trabalhada em suas principais características, que são a diversidade e a miscigenação. Uma nação de traços singulares, de proporções místicas e de uma grandeza que em nenhum momento da história da humanidade conseguimos vislumbrar.
Este é o povo brasileiro, de uma língua portuguesa estranha aos ouvidos estrangeiros. De sotaques, de conceituações e de crenças no linguajar. Um povo que, mesmo em sua sofrida relação com a edificação social, sobrepujou os percalços de uma história traçada por martírios e conseguiu conquistar o merecido espaço no cenário educacional mundial.
É justamente nesse contexto de identidade cultural onde se busca elucidar os momentos histórico-sociais de nossa educação, desde o seu primeiro período até os acontecimentos mais recentes; tudo relacionado ao fator preconceitual  emergente da sociedade brasileira de diferentes formas, porém, neste caso, das variações de nossos linguajares, compreendidos em peculiar processo de comunicação.
Para tanto, estruturamos um trabalho que estabelece parâmetros de entendimento sobre os caminhos de nossa educação e sobre como chegamos aos novos conceitos de necessidade de interação social em relação ao ensino brasileiro.

Revisão literária em educação da língua materna

Em Sociolinguística é frequente tematizar a diversidade linguística e a pluralidade cultural existentes no Brasil, proporcionando vasto conteúdo sobre a variação linguística vislumbrada em todo o país, e o conhecimento da comunidade da fala brasileira na sua diversidade nos quadrantes do território nacional, sob a ótica dos posicionamentos sociais.
Registram-se, também, momentos textuais versando sobre as características rurais e urbanas do povo, bem como o entendimento de um fenômeno social de conotação migratória, denominado “rurbanismo”. Fato interessante, destaca-se, é o contraste do falar urbano e do falar rural, como forma de acentuar a preocupação atual no que se refere ao preconceito linguístico.
Os assuntos relacionados às variações lingüísticas podem ser estudados sob dois aspectos: no primeiro, os fatores socioculturais que agem sobre a língua falada no país, bem como a influência da norma e os problemas de transcrição da fala; no segundo, as soluções adotadas pelos principais prosadores de nossa literatura, na representação escrita das variações linguísticas de seus personagens, nas diferentes épocas da prosa brasileira, a fim de perpetuar tal fenômeno, evitando o sentido preconceitual, e incentivando o estudo sociolinguístico.
A oralidade e a análise da conversação, por seu turno, desenvolvem-se como estudo permanente das variações linguísticas, dialetos e registros regionais sobre aspectos do falante, sem excluir uma linguagem textual acessível a fim de capitular alguns dos principais conceitos teóricos sobre a educação em sala de aula, bem como a alusão às diretrizes metodológicas indispensáveis, e os seus resultados, oriundos de experimentos em sala de aula, possibilitando eventuais encontros de métodos pedagógicos alternativos no trabalho de apropriação da língua.

Origem da Educação no Brasil e os Princípios do Segmento Sociolinguistico

A Esquadra de Cabral aportara em solo indiano, em 22 de abril de 1500, trazendo consigo, além da tripulação de marujos treinados pela Escola de Sagres, do Infante Dom Henrique, uma enorme população de portugueses, suprimida socialmente por Portugal e sem muita escolha sobre o próprio destino.
Porém, apesar de termos até então entendido o referido desbravamento como uma descoberta, algumas importantes investigações científicas aludem a outra realidade: a de que o Brasil precisava ser oficialmente apresentado ao mundo europeu e por isso, deu-se assim a data acima foi mencionada como a de seu oficial descobrimento pelos portugueses.
No início, o Brasil, em relação ao que se entende por uma sociedade, era apenas uma terra de lusitanos desgarrados, em sua maioria homens, e de judeus obrigados a se converterem ao cristianismo, se estabelecendo sem qualquer espécie de ordenação social, além de sofrerem o impacto da enorme dificuldade de comunicação. Como assim versavam as palavras apenadas em pergaminho, pelo escrivão da Esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha: “Nem eles cedo aprenderiam a falar para o saberem tão bem dizer que muito melhor estes outros o não digam quando cá Vossa Alteza mandar”.
Nesta época, travava-se por parte dos lusitanos, intensa, árdua e complicada comunicação com os índios locais a fim de alcançar uma comunicação sustentável que lhes prouvesse, no mínimo, o convívio necessário à sobrevivência de ambos, que ali já se interagiam como povos, dividindo e mesclando culturas e tradições, criando um vínculo de intimidade entre os sexos opostos que, resultou na primeira matriz de brasileiros. Surgia a miscigenação como caráter principal de uma sociedade em formação.
Povos que se uniam, por interesses diversos, ao longo dos anos constituindo famílias que passavam a viver sob uma marca cultural de autenticidade forte, totalmente diferente das gerações anteriores.Talvez por isso o aprendizado, ou da Língua Portuguesa (por parte dos nativos) ou da Língua nativa (por parte dos portugueses) não fosse tão interessante. Porém, ainda sim, nos lares, o homem português rendia-se ao linguajar Tupi pela natural questão do enlace. Uma marca endocultural que se consolidava de tal forma, passando inclusive a gerar modificações linguísticas.
O solo brasileiro já unia dois povos diferentes proporcionando um natural e harmônico convívio de espécies, em que a língua foi um dos fatores mais importantes para o estreitamento de ideais e conceituações éticas e morais, entre ambos. Mesmo imerso em um barbarismo linguístico, (quando a comunicação entrelaçava ambas as línguas), fato posteriormente culminando em um novo expressionismo linguístico, nada prejudicava aquela nova formação social.
A eufonia começava a ocupar espaço no seio familiar, quando as crianças, de natureza diglóssica, se expressavam com mais clareza nesse novo contexto de comunicação. Na seara sociolinguística, variantes de expressões do coloquial linguajar eram quase que naturais e bem absorvidas, pois não havia, à época, razões econômicas ou políticas exercendo forte influência nas colônias a ponto de descentralizar a sociedade.
Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma como é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças verificadas dentro do mesmo sistema.
Por um período de quase cinco décadas, após a vinda dos primeiros lusitanos ao Brasil (por muito tempo ainda identificado nos mapas como uma colônia de Portugal), os tripulantes das embarcações que aqui permaneceram tiveram por objetivo a terra como uma moradia, a princípio sem muitas esperanças de desenvolvimento e progresso, principalmente no âmbito educacional.
Somente com a vinda dos primeiros jesuítas às terras coloniais lusitanas do além mar, em 1549 (após 15 anos de fundação da Companhia de Jesus, em Paris, França, pelo sacerdote espanhol Inácio de Loyola,1491-1555), foi possível referenciar o Brasil como uma porção de terra habitada, passando a proporcionar alguma espécie de êxito em relação às verdadeiras intenções missionárias, embora não se deva deixar de valorizar a educação já existente no Brasil; educação nativa perpetuada ao longo de gerações.
Pode-se nortear o Brasil, desde então, como um espaço físico habitado que, pela primeira vez, com a chegada dos “Sacerdotes de Cristo”, teve contato com a realidade educacional; uma realidade formalizada e moldada na conformidade e nos preceitos dos países mais desenvolvidos da Europa. Foram os jesuítas, os pioneiros da oficial e legal aprendizagem transmitida aos primeiros “bastardos” da jovem nação brasileira.
Desde o início, tanto na Terra de Santa Cruz quanto no Brasil, houve educação brasileira, porque as aulas eram ministradas na terra brasileira, para gente brasileira, embaixo de um sol brasileiro, para crianças da gente brasileira. Aliás, nunca foi e jamais será tão genuinamente brasileira a educação ministrada no Brasil, uma vez que, nesses primeiros séculos, a escola educava os curumins, os filhos dos indígenas do Brasil, os mais brasileiros de todos os brasileiros.  
Acompanhados pelo Padre Manuel de Nóbrega (1517-1570), ambos compondo a tripulação de Tomé de Souza (1503-1573), que seria o Primeiro Governador Geral das Capitanias Hereditárias, chegaram seis jesuítas, marcando o início da História da Educação no Brasil (nos moldes europeus). Quinze dias após a chegada dos jesuítas, incentivados pelo por Tomé de Souza, fundaram, na cidade de Salvador, Bahia, a primeira escola elementar.
Era realmente impossível imaginar a existência de uma colônia lusitana sem a influência jesuítica sobre a educação. Fortemente equilibrada e capaz de se comparar ao clero europeu nas questões de articulação política para os seus próprios fins e atos, a Companhia de Jesus atua com maestria e uma desenvoltura diplomática inigualável.
Os primeiros contatos com o povo brasileiro, mesmo com a intenção de efetuar a difusão do ensinamento cristão aos silvícolas e miscigenados, não foi trabalho dos mais fáceis, visto que além de uma língua nativa, já existente, e a língua portuguesa preservada pelos primeiros colonizadores, ainda se falava um outro dialeto.
Portanto, a princípio, os jesuítas optaram pelo bom senso de aprender a língua nativa, o Tupi, deixando de lado os conceitos expletivos da língua, tão enaltecedor do Latim, para, em um ato talvez herege, estreitar os laços de comunicação. Trataram também de aprender esse novo dialeto que começava a tomar forma.
A respeito, um texto do Padre Antonio Vieira (1608-1697), versa: “É certo que as famílias de portugueses e índios de São Paulo estão tão ligadas hoje uma às outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola."
Surge assim o que se pode entender por pedagogia jesuítica, visto que, antes da imposição de disciplinas e ordenações, deviam eles ser aceitos de forma natural pelos habitantes da Terra Nova, o Brasil.
Os jesuítas, mais do que quaisquer representantes do povo português, elucidavam o que estava realmente acontecendo no Brasil.
A miscigenação que se proliferava naturalmente naquela terra era fruto da sobrevivência, e resultou no berço de uma nova civilização, forte e detentora de uma raiz inigualável, começando a firmar-se através da interação social, predominando em cada região, com características próprias, operando mutações culturais, desenvolvendo segmentos tradicionais e, inclusive, provocando a variação da língua falada, como forma natural de delimitação territorial.
Essas variações, que começavam a surgir por toda parte, e que atingiam não somente a estrutura linguística como também, e talvez principalmente, a estrutura sociocultural, foram bem explicadas, e de forma bastante irreverente, pelo antropólogo, escritor e político brasileiro, Darcy Ribeiro (1913-1977), em seu livro “O Povo Brasileiro”, 1995, que originou o documentário com o mesmo nome, transmitido pela Rede Cultura de Televisão, em 2000. Disse Darcy Ribeiro:

“(...) Não podemos chamar de outra coisa, senão de bastardos, os primeiros filhos desta terra, que foram a primeira matriz genuinamente brasileira. Crianças nascidas da concepção libertina de portugueses com índios. Não eram lusitanos, pois não ostentavam classe e mal sabiam se portar, além de não terem nascido em Portugal; também não eram índios, pois nasciam fracos e meio esbranquiçados, incapazes de plantar, colher ou caçar como os grandes guerreiros. Eram eles, a nova nação brasiliana (...)”.

Portanto, o Brasil, desde o início forjou as suas propriedades, seja nos hábitos, seja nas interpretações, com as quais convivemos até hoje, seja na forma de se comunicar. Estilo nato e ímpar, em relação a grande diversidade de nações espalhadas por todo o mundo.
Uma enorme extensão territorial formada pelo habitante brasileiro, possuidor do ensinamento jesuítico, de características cristãs, sólida estrutura que se fixou na educação brasileira, e idealizador de uma gramática de traços irreverentes, cunhados nas passagens históricas, no transcendentalismo educacional, nas margens literárias. Uma verdadeira nação mística em seu poderoso linguajar.

A influência européia na educação brasileira

O ensino brasileiro não foi forjado em um método de aprendizado apenas cristão.
Os jesuítas, altamente eruditos e conhecedores de universidades como a de Coimbra, em Portugal e das Escolas de Paris, em França, procuraram adaptar a sua bagagem pedagógica a uma outra realidade educacional; sendo esta somente vislumbrada na sua chegada ao Brasil.
Pelo pensamento coletivo jesuítico, a cultura, mais do que tudo, deveria ser preservada em solo ainda estranho.
Hábitos, costumes e tradições diferenciadas, bem como uma sensível interação já existente entre estes nativos e alguns portugueses, não poderiam ser simplesmente modificadas.
Talvez aqui, ficasse registrada a semântica da pedagogia jesuítica em relação a todo o ensinamento por eles proferido, o que se tornaria uma referência para outros sacerdotes espalhados por todas as colônias lusitanas no mundo.
O Brasil era terreno virgem, admiravelmente pronto para o trabalho educacional e catequético. Nos indígenas, e na simplicidade  bronca dos primeiros filhos de portugueses, ainda não existiam nem preconceitos filosóficos, nem idéias heréticas, nem lutas com outras ordens religiosas e nem os impedimentos de uma sociedade evoluída e artificializada.
Porém, mesmo com todo esse interesse por parte dos jesuítas e com uma característica ímpar em relação à personalidade de Manuel de Nóbrega, as mulheres não eram alvo de interesse para o ensino, devido ao seguimento de leis vigentes e fortemente alicerçadas nas tradições religiosas em Portugal e em todo o restante do solo europeu.Somente indiozinhos, os “curumins” e os filhos de brancos recebiam educação escolarizada. Com seu bom senso e espírito não preconcebido das tradições europeias, os índios da Bahia, assim parece, foram procurar Nóbrega e pedir-lhe que, também para suas filhas, fundassem escolas.
Portando, o que hoje podemos entender por descentralização social, que resultou logicamente no fenômeno de fragmentação linguística ocorrido no decorrer dos séculos, talvez seja o resultado desses primeiros conceitos sobre a educação em solo brasileiro. Fato quase que idêntico, aconteceria também com os primeiros negros que aqui chegaram.
Portugal agiu e moldou o Brasil, de longe e de perto. O negro, pelo contrário, só de perto, especialmente através do calor feminino, tanto da babá, que educou o filhinho do branco quanto da amante, que gerou o crioulo e as variantes do senhor da Casa Grande.
É certo que, mesmo antes, o negro já era interpretado como uma figura de baixo potencial para a alfabetização. Problemas socioculturais, que se iniciaram no além mar, nas colônias de escravidão africanas, alusivos ao negro como alguém não mais possuidor de alma ou qualquer outra espécie de razão que sustentasse a sua educação. Uma verdadeira supressão, herdada por nós brasileiros, combatidas pelos jesuítas, porém, firmada de cunho por El Rei de Portugal.
A usurpação do meio social no Brasil, embora não percebida na época, de forma tão intrínseca, resultou em nosso mais sério e maior problema, a discriminação social, que posteriormente se fez refletir de forma significativamente nas questões sociolinguísticas.
Formou-se, desde então, uma espécie de êxodo social, ora manipulado politicamente, ora posto em prática com o peculiar costume da naturalidade, outra marca registrada do povo brasileiro, sempre colocando à frente dos interesses de uma massa populacional, os interesses pessoais.

(Caos Markus)

SÁBADO, 1 DE MARÇO DE 2014: "ESTÓRIA DA HISTÓRIA"



- Há muito tempo...
- Muito quanto? Quinhentos anos? Dez séculos?
- Não sei, porque quando me contaram eu não perguntei.
- Nem mais ou menos!?
- Deve ter sido na Idade Média, pois tem rei, rainha e princesa na estória.
- Mas, só por isso, não quer dizer nada. Hoje ainda tem rei, rainha, e não falta quem se imagine príncipe ou princesa... ou tenha o rei na barriga.
- É, isso é uma verdade. Porém faz tempo sim, eu sei disso. Tem bicho falando com gente na estória.
E foi num lugar muito, muito distante...
- Distante de onde?
- Distante de onde tudo aconteceu.
- Mas o que aconteceu?
-Agora sim, você vai me deixar contar a estória inteira. Então, por favor, ouça e deixe perguntas para quando eu terminar. Pode ser?
- Então, conta logo.
- Conta logo ?!! Dê um tempo para eu me lembrar, letra por letra, de tudo o que aconteceu?
- Mas... Aconteceu mesmo?
- Faça de conta que sim. E se não acreditar, mesmo assim, depois conte você para outra pessoa que também contará para outra... E tudo se repetirá...
Havia uma princesa, eu já falei. Os aposentos da donzela ficava no andar de cima do palácio.
Certo dia, a janela aberta, entrou um girino no quarto da moça. Mal chegou e já foi pedindo.
- O que !? O que !!? O que !!!?
- O girino pediu à princesa que o beijasse, explicando que só com um beijo real a sua principal virtude seria então realizada: ele viraria um sapo!
- E a princesa !? Ela topou ?!
- Topou. Foi quando veio o pior. Por ser muito pequeno o girino e bastante distraída a princesa, ela o engoliu no beijo.
- E ?
- E a princesa, mesmo não sendo a sua intenção, se livrou do girino, dele se esquecendo no primeiro sono. Porque isso ela fazia muito: dormia, dormia, dormia...
- E ?
- Acabou.
- Acabou ?!!!
- A história não tem fim, muito menos a tal de moral da História. É sempre assim. Nada muda, nem com  a recomendação etimológica de que não se deve usar o termo 'estória', mesmo em se tratando de evento fictício. 
- E fica assim !? Sem pé nem cabeça, sem moral ?!
- A gente pode criar uma, se quiser. Que tal?
- Concordo. Posso?
- Fique à vontade.
- Moral da história: "Se você não quer engolir sapo durante a sua vida inteira, cuspa todos os girinos que muitos insistem em enfiar-lhe goela abaixo". Então? O que achou ?
- Para ser sincero... Eu vou contar-lhe outra estória... Uma que acontece todos os dias, pertinho de mim, de você, de todo mundo... Quase todo mundo... Porque algumas poucas pessoas, ainda se imaginando girinos, pretendem virar sapos às nossas custas...
- Conta! Conta!
- Amanhã, quem sabe... 

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2014: "COMUM"


A comunicação, o ato de tornar comum, possui duas dimensões. A primeira delas é a intrapessoal, que é a forma como a pessoa dialoga consigo mesma. Ela está nos domínios da psicologia. A segunda é a interpessoal, ou seja, a troca de informações entre duas ou mais pessoas. Essa perspectiva situa-se no campo das ciências sociais dedicadas aos estudos dos processos da comunicação social.
Há quem afirme, o objetivo da comunicação é persuadir. Embora correta tal assertiva, não é dispensável uma análise mais criteriosa a respeito. Em primeiro lugar, essa afirmação é oriunda da filosofia grega acerca da retórica. E retórica é a faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode ser capaz de gerar persuasão. Nenhum outro artifício possui esta função, porque os demais têm, sobre o objeto determinado, a possibilidade de instruir e convencer apenas acerca de assunto contido na especificidade, enquanto a retórica parece apta, quando concernente a uma dada questão, a descobrir o que é próprio para persuadir, ou seja, ela é uma técnica de aconselhar com tal intensidade a ponto de o aconselhado admitir por real e efetivo o argumento do seu interlocutor.
A ação retórica comporta diferentes recursos, incluindo as formas de comunicação, notoriamente as linguagens, e os meios. No entanto, o seu objetivo não é o da comunicação interpessoal.
As explicações sobre a comunicação interpessoal sistematizada variaram ao longo da História.
Nos métodos comunicacionais, dentre outros aspectos, são incluídas as intenções do receptor e do emissor, perceptíveis os filtros pelos quais cada um interpreta ou transmite as mensagens e as experiências de vida. Talvez o mais importante seja considerar o receptor não como um mero ser passivo a ser aconselhado ao extremo, e sim o quanto  ele pode escolher entre ser convencido ou não, de acordo com os seus interesses.
A análise dos processos comunicacionais se dá, na maioria das ocasiões, nos domínios da filosofia e das ciências sociais. Os procedimentos pelos quais ocorre a comunicação social é um trabalho inter e multidisciplinar, é navegar no mesmo mar, porém, com embarcações e tripulações distintas.
A educação formal precisa repensar urgentemente a sua relação com os meios de comunicação, deixando de ignorá-los ou considerá-los inimigos. Ela não pode, contudo, pensar em imitá-los, porque neles predomina a função lúdica, de entretenimento, não a de organização da compreensão do mundo e das atitudes.
É extremamente necessário estabelecer vínculos com os meios de comunicação, utilizando-os como motivação do conteúdo de ensino, ponto de partida mais arrojado e interessante diante de um novo tema a ser estudado. 
Se a instituição escolar pretender de fato construir uma sociedade democrática deverá, enfim, considerar no seu projeto educativo, a abordagem dos meios de comunicação e a própria comunicação como objetivos incorporados (e não marginais) ao desenvolvimento educativo integral do idealizado aluno-cidadão. 

(Caos Markus)







QUINTA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2014: "DESAFIOS"



Atualmente, quase uma unanimidade, a lógica do mercado é reconhecida como predominante, impondo valores, condicionamentos sobre modos de produção e distribuição, acarretando maiores consequências sobre conteúdos e natureza da informação. Aqui, surgem novos desafios muito mais complexos relacionados com a concentração dos meios de comunicação: a uniformização e a pobreza dos conteúdos, o desequilíbrio dos seus fluxos e a falta de diversidade cultural, imediatas consequências do ausente papel regulador do Estado na redefinição deste específico serviço público. 

(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 26 DE FEVEREIRO DE 2014: "SEÇÃO"



Das entranhas, eu não estranho males que já não me são ignorados:
as patranhas e as sanhas no Brasil da seção 'perdidos e achados'.

(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO DE 2014: "MASSIFICAÇÃO NÃO É BANALIZAÇÃO"



A partir de duas dinâmicas, a de uma comunicação a se converter em ecossistema e a de uma forte diversificação e descentralização do saber, manifesta-se cada dia mais a “esquizofrenia” cultural contemporaneamente sofrida por muitos cidadãos. Eles estão divididos entre o saber outorgante de um diploma oficial, porta para inserção nos modos habituais de ascensão social e de consecução de um status; e o saber utilizado como aceitação nas novas modalidades do sistema produtivo e inovador da sociedade.  Conhecimento este coincidente com o interesse político em formar um cidadão apto à autodeterminação e, por consequência, capacitado à convivência social.
Inovações no campo da Comunicação trazem desafios à Educação, não devendo ser menosprezados quando se pretende seja de fato construída a cidadania.
A ausência tanto dos meios massivos quanto da educação nas normas legais pertinentes à cultura é o indício mais forte da pertinaz “esquizofrenia” da qual padecem a concepção e as políticas oficiais. A mais ingênua explicitação desta “esquizofrenia” corre por conta de própria dicotomia entre o binômio ‘educação-cultura’ e ‘comunicação’.
Os meios massivos de comunicação continuam sendo mal entendidos com qualquer coisa, menos ‘cultura’, embora seja pelo rádio e, sobretudo, pela televisão onde se realizam, hoje em dia, algumas das mais profundas transformações na sensibilidade e na identidade das maiorias. Por isso, não é de estranhar a ausência de um canal com programação cultural durante todo o dia, mas sim apenas  alguns programas esparsos, aliás, transmitidos em horário inoportuno à classe trabalhadora, ocupada em madrugar no dia seguinte, para trabalhar. Pois, a qualidade -em padrões de excelência- não será esvaziada ante o mero preconceito de uma intensa comunicação das massas populares.

(Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2014: "O CULTURAL PARTICULAR"



Em uma perspectiva relativista, cada sociedade traça da demência um perfil que se desenha através do conjunto das possibilidades humanas enfatizadas ou reprimidas culturalmente. Assim, são considerados disparatados os indivíduos cujos comportamentos não se confirmam nas instituições cuja cultura os reprime e expurga. A insânia é variável tanto quanto variam os costumes. Mas é o afastamento do padrão cultural a essência das diversas manifestações mórbidas. E aí está o paradoxo dessa perspectiva.
O relativismo em nosso cotidiano cada vez mais é confundido com uma atitude aberta, ocultando uma crítica à abordagem etnocêntrica. Ou seja, reduzir a natureza própria da loucura a um mero desvio é tornar universal uma visão cultural particular. 

(Caos Markus)

DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014: "UMA VIDA HUMANA SUSTENTÁVEL".



O processo educacional somente alcançará os quatro fundamentos básicos à formação do indivíduo (‘aprender a conhecer’; ‘aprender a fazer’; ‘aprender a conviver  com o outro’ e ‘aprender a ser’) se a capacidade de se comunicar dos membros da rede institucional da Educação (família, escola, mídias e sociedade), estiver desenvolvida e preparada para cumprir seu papel.
A comunicação é eixo fundamental no desenvolvimento pessoal e profissional, nesta era vertiginosa de mudanças, invariavelmente sempre iniciadas no ser humano, os únicos protagonistas dessa evolução. Por isso, válida é a sua ênfase, estruturando a trajetória da formação do ser a partir do desenvolvimento da comunicação não verbal, atingindo a verbalização e, por fim, se concretizando na comunicação escrita. 
Por meio da educação, maior ou menor é a capacidade de se realizar uma comunicação que atenda plenamente as necessidades humanas, promovendo uma interação de qualidade com os semelhantes. A integralidade do ser compete à educação, porém a sua capacidade de construí-la, para a formação de uma sociedade fraterna e justa, transita pelos relacionamentos familiares, profissionais e comunitários, logo perpassando pelo poder de comunicar-se. Um ser humano realmente educado possui uma postura comunicacional motivadora, agindo como facilitador na evolução dos seus semelhantes.
A comunicação significativa influencia, persuade, seduz, lidera, gera resultados. Por efeito, é meio de formação de indivíduos dotados de autonomia no pensar, no falar e no agir (os elementos básicos no processo de aprendizagem). É preciso, assim, desenvolvê-la continuamente por meio de recursos técnicos, atitudes e posicionamentos comportamentais, pois a comunicação bem sucedida é uma competência acessível a todos os pretendentes a desenvolvê-la. Hoje, mormente, é condição à melhoria da qualidade de vida e do trabalho. As expressões da comunicação eficaz se fazem através da idealização na construção da consciência, em direção assertiva aos objetivos organizacionais, tudo relacionado ao poder de persuasão estimulado e conquistado.
Vale a pena lembrar, atualmente, a velocidade da comunicação exige ainda maior atenção, para como melhor devemos nos comunicar, pois o novo mundo informacional  segue além-fronteiras, alcançando outras culturas.
Destacar a comunicação como um dos processos fundamentais da educação, fortalece a construção de mentalidades éticas para assumir a responsabilidade na transmissão de conteúdos de interesse dos educandos, expressão significativa de valorização da autenticidade e construção de uma vida humana sustentável. Os meios de comunicação, relevantes no processo educacional, são influentes na criação de uma consciência transcendente aos valores pessoais, vislumbrando valores universais éticos para a coletividade. O fortalecimento do trabalho da comunicação nas modalidades de educação sempre trará resultados mais expressivos a uma sociedade moldada em novas relações, voltadas a expressões do ser social. A simbiose entre essas áreas otimizará o desenvolvimento do capital intelectual da organização social, carente não apenas de  informação, mas do saber indispensável à transformação dos preceitos condicionantes em virtudes incondicionais.

(Caos Markus)

SÁBADO, 22 DE FEVEREIRO DE 2014: "NÚCLEO CENTRAL"



O homem é o resultado de uma antropotecnia realizada por seleção, criação  e domesticação. Por efeito, a confirmação do elemento mecânico no núcleo central do sujeito humanizado rompe com a tese do humanismo ideológico e seu discurso instrutivamente moralizador.  

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2014: "PERPASSAR"



Perpassaremos os muros, cíclica e indefinidamente, a ponto de ultrapassarmos os que apenas passam, pois estes nada além conhecem, senão uma única direção, dela ignorando os dois sentidos.

(Caos Markus)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

QUINTA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO DE 2014: "ACOMODAÇÃO NA RIQUEZA, RESIGNAÇÃO NA POBREZA"



Contrariamente aos que vêem nos meios de comunicação e na tecnologia de informação uma das causas do desastre moral e cultural da sociedade moderna, ou seu oposto, uma espécie de paranóia, de solução mágica para os problemas da educação, é então crucial constatar não existir nada mais prejudicial do que a introdução das modernizações tecnológicas sem antes mudar o modelo de comunicação que está por de baixo do sistema escolar.
As sociedades centralizaram sempre o saber, porque o saber foi sempre fonte de poder, desde os sacerdotes egípcios aos monges medievais ou, atualmente, aos assessores dos políticos. Dos mosteiros da Idade Média às escolas de hoje, o saber conservou esse duplo caráter de ser, ao mesmo tempo, centralizado e personificado em figuras sociais determinadas. A atitude defensiva da escola e do sistema educativo está levando-os a desconhecer ou disfarçar o fato de que o problema de fundo reside no desafio apresentado por um ecossistema comunicativo, do qual emerge outra cultura, outro modo de ver e ler, de aprender e de conhecer.
A quem supõe o fim próximo do livro, é crível afirmar: nunca publicou- se tanto e leu-se tanto. O livro não está acabando e nem vai se extinguir; ao contrário, cada vez mais serão lidos, incluídos aí os textos de multimídia,  em nada o oposto do livro, mas sim outro modo de escrita e outro objeto de leitura.
Um dos maiores desafios lançados pelo ecossistema comunicativo à educação: ou se dá a sua apropriação pelas maiorias ou se dá o fortalecimento da divisão social e a exclusão cultural e política por ele produzidas. A educação tem de ajudar a criar uma mentalidade crítica, questionadora, desajustadora da inércia na qual as pessoas vivem, desajustadora da acomodação na riqueza e da resignação na pobreza.

(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO DE 2014: "O CULTURAL PARTICULAR"



Em uma perspectiva relativista, cada sociedade traça da demência um perfil que se desenha através do conjunto das possibilidades humanas enfatizadas ou reprimidas culturalmente. Assim, são considerados disparatados os indivíduos cujos comportamentos não se confirmam nas instituições cuja cultura os reprime e expurga. A insânia é variável tanto quanto variam os costumes. Mas é o afastamento do padrão cultural a essência das diversas manifestações mórbidas. E aí está o paradoxo dessa perspectiva.
O relativismo em nosso cotidiano cada vez mais é confundido com uma atitude aberta, ocultando uma crítica à abordagem etnocêntrica. Ou seja, reduzir a natureza própria da loucura a um mero desvio é tornar universal uma visão cultural particular.

(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 2014: "O APRENDIZADO DA SOBREVIVÊNCIA"



Os estudos sobre comunicação e educação tendem a enfatizar as relações e as inter-relações entre os dois campos do conhecimento, principalmente a questão da ensino-aprendizagem enquanto mediada por um processo comunicativo; da utilização de meios de comunicação  na educação presencial, nas instituições de ensino; do papel da mídia no processo de educação; da educação para a recepção crítica das mensagens transmitidas através dos  meios massivos, especialmente da televisão. Trata-se de uma linha de estudos em expansão e que tem trazido contribuições significativas para a compreensão de tais fenômenos, no entanto, ainda não o suficientemente compreendida e valorizada pelos educadores e comunicadores.
Em outra perspectiva, a educação através da comunicação pode e dever ser forjada em outro lugar, no âmbito da educação informal, mais precisamente a que ocorre no contexto de organização e ação dos movimentos populares e das organizações não-governamentais, no panorama do terceiro setor, para assegurar a observância dos direitos fundamentais da pessoa humana e/ou para tratar de temáticas  sociais mais amplas que dizem respeito ao conjunto da sociedade, como, por exemplo, questões relativas à ecologia, à construção da paz  e à própria vida no planeta.
Nas últimas décadas, manifestações de tal ordem, ocorridas em nível da sociedade civil, vêm revelando a existência de uma comunicação diferenciada, a partir desses envolvimentos, principalmente aqueles gerados no seio das camadas subalternas da população ou a elas ligados de modo orgânico. As pessoas, ao participarem de uma práxis cotidiana voltada aos interesses e às necessidades dos seus próprios grupos, ou integrando organizações e movimentos comprometidos com objetivos sociais mais amplos, acabam inseridas num processo de educação informal que contribui para a elaboração sempre renovada das culturas populares e a  formação para a cidadania.
Cada vez mais aceita, a ideia da formação cultural dos seres humanos nas sociedades contemporâneas decorre de intermediações do cotidiano, marcadas por um contexto de complexidade, processadas através da comunicação interpessoal, grupal e massiva, e ampliadas com a incrementação de novas tecnologias.
Por sua vez, a educação, entre outras dimensões, implica um educar-se a si mesmo. Educar-se é envolver-se em um sistema de múltiplos fluxos comunicativos, tanto mais educativo quanto mais rica for a trama de interações comunicacionais  abertas à disposição dos educandos. Uma comunicação educativa concebida a partir dessa matriz pedagógica teria como uma de suas funções capitais a provisão de estratégias, meios e métodos destinados a promover o desenvolvimento da competência comunicativa dos sujeitos educandos. Esse desenvolvimento supõe a geração de vias horizontais de interlocução.
Está aí o âmago do questionamento da  educação para a cidadania nos movimentos sociais: na  inserção das pessoas num processo de comunicação, onde elas podem tornar-se sujeitos do seu processo de conhecimento, onde elas educam-se através de seu engajamento em atividades concretas no seio de novas relações de sociabilidade construídas.
Os veículos de comunicação produzidos por setores organizados das classes subalternas, ou a elas organicamente ligados, acabam por criar um campo propício ao desenvolvimento da educação voltada à cidadania. As relações entre educação e comunicação se explicitam, pois os indivíduos envolvidos em tais processos desenvolvem o seu conhecimento, mudam o seu modo de ver e relacionar-se com a sociedade e  com o próprio sistema dos meios de comunicação de massa. Apropriam-se, então, das técnicas e  de instrumentos tecnológicos de comunicação, adquirindo o poder de análise reflexiva, tanto pelas informações recebidas quanto pelo aprendizado da vivência, da própria prática. 

(Caos Markus)