Páginas

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

SÁBADO, 30 DE NOVEMBRO DE 2013: "COMUNICAÇÃO EM COLETIVIDADES"




Participamos de várias situações e formas de comunicação em grupos e organizações, mais ou menos significativas, presenciais e virtuais. Em cada uma das organizações, como, por exemplo, as ligadas ao trabalho, à educação ou ao entretenimento, desempenhamos papéis mais "profissionais" -em que mostramos competência e conhecimento em áreas específicas -e outros mais pessoais. Um médico, conversando num bar de um clube de tênis, continuará sendo visto pelas demais pessoas como um profissional da saúde. As suas opiniões sobre uma determinada doença pesarão mais do que as de um colega engenheiro sentado ao seu lado.
Essa competência maior ou menor e a forma como a exercemos – com mais ou menos simpatia – facilita ou dificulta a nossa comunicação no campo organizacional. Podemos ser vistos como pessoas competentes, mas de difícil convivência, ou muito simpáticos, mas pouco inteligentes.
Nos vários ambientes que frequentamos, comunicamo-nos como pessoas realizadas ou insatisfeitas, abertas ou fechadas, confiantes ou desconfiadas, competentes ou incompetentes, egoístas ou generosas, éticas ou aéticas. Além disso nos expressamos como homens ou mulheres, jovens ou adultos, ricos ou pobres. Todas essas variáveis interferem nos vários níveis de comunicação pessoal, grupal e organizacional.
Além dos grupos físicos ou presenciais, adquirem hoje extrema importância os grupos virtuais. No ciberespaço, há uma ampliação virtual de todas as pulsações, inquietações, preocupações e soluções existentes individuais, grupais e sociais, em todos os campos, mas também uma potencialização de tudo o que procuramos de forma fácil e rápida. A internet é um espaço fantástico para novos negócios; quem deseja bisbilhotar ou aparecer encontra no ambiente virtual um campo fértil de possibilidades de fazê-lo. Políticos artistas, jornalistas, fanáticos, pedófilos, terroristas... todos encontram no ciberespaço formas de incrementar seus desejos, buscas, negócios, interações, propaganda.
Todos se encontram na rede, mas em grupos diferentes, em tribos diferentes. Cada um descobre suas referências, em que se sente confortável e acolhido. Os “diferentes” também se sentem acolhidos em grupos que não nos dizem nada ou que desprezamos, mas estão vivos, agindo e se expandindo também ao nosso lado. As comunidades virtuais com as listas de discussão são espaços ricos de aprendizagem, de troca e de marketing. Uns só têm alcance familiar ou local; outros se destacam mais e adquirem maior relevância, peso. Existem as estrelas do virtual, dos blogs: os mais acessados, os mais citados.
A sociedade aprende a difundir os princípios democráticos, mas também os preconceitos. Grupos xenófobos, racistas, fundamentalistas também usa a rede para promoção e divulgação de suas idéias. Há um desenvolvimento da inteligência coletiva, mas em muitas direções, mesmo que haja alguns valores e modos de vida mais difundidos, constatamos a força dos grupos pequenos, de religiões e ideologias obscurantistas.
Há formas novas de ação, de mobilização. É interessante observar como grupos marcam encontros para ações chamativas, momentâneas ou para os chamados flashmobs, em que, convocados pelo celular e pela internet, se reúnem para atos políticos momentâneos, mobilizando milhares de pessoas rapidamente em prol de causas específicas.
O paradigma da cultura ocidental é de que a essência das pessoas é perigosa. Assim, elas precisam ser ensinadas, guiadas e controladas por aquelas que são investidas de uma autoridade superior.
Esse modelo desconfiado, negativo e pessimista só nos traz problemas. Atualmente estamos percebendo a necessidade de investir em novos modelos de gerenciamento e de exercício do poder. Reafirma-se o significado de trabalhar em grupo numa perspectiva mais aberta, confiante:
Talvez o significado mais marcante de nosso trabalho e de maior alcance futuro seja simplesmente nosso modo de ser e agir enquanto equipe. Criar um ambiente onde o poder é compartilhado, onde os indivíduos são fortalecidos, onde os grupos são vistos como dignos de confiança e competentes para enfrentar os problemas – tudo isto é inaudito na vida comum. Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança. Deve existir poder sobre eles, poder para controlar. O sistema hierárquico é inerente a toda a nossa cultura.
As pessoas são o ingrediente essencial das organizações . Se as pessoas, no seu conjunto, não mudam, as instituições não mudarão. As pessoas com liderança são as que ditam o ritmo das mudanças. Existem líderes que inspiram confiança e incentivam a participação; outros só impõem diretrizes e conseguem obter adesões superficiais. Em organizações autoritárias, há muito pouca comunicação real. Existem muitas mensagens unidirecionais e feedback pouco confiável. Muitos se limitam a obedecer e oferecer informações desejadas, esperadas, não as reais.
Por ter tido educação deficiente, principalmente no aspecto emocional, encontramos muitas pessoas mal resolvidas, que guardam rancor e esperam o momento de prejudicar alguém ou sabotar decisões tomadas. Elas conseguem atrasar significativamente o processo de mudança organizacional. Muitas delas estão mais atentas às críticas do que à cooperação, à sabotagem do que à colaboração. Funcionários mal resolvidos semeiam discórdia, divisão, mal-estar e pessimismo. Fomentam o ambiente de fofoca, de intrigas. Estabelecem redes paralelas de informação, que corroem a confiança, geram incerteza e envenenam umas pessoas contra as outras.
Existem grupos de pessoas que não sabotam diretamente, mas adotam uma postura passiva e indiferente quanto às mudanças. São aquelas que resistem silenciosamente. Aparentemente colaboram, mas, sem um controle externo, pouco produzem. Infelizmente nossa educação valoriza mais a obediência do que a autonomia; a competição do que a colaboração, e isso se reproduz no ambiente profissional.
Quanto mais evoluem as pessoas, mais evoluem as organizações. Pessoas mais abertas, confiantes e bem resolvidas podem compreender melhor e implantar novas formas de relacionamento, de trabalho, de cooperação. Estão atentas para o novo, conseguem ouvir os outros e expressar-se de forma clara, sem ficar ressentidas porque suas idéias não foram eventualmente aceitas. Cooperam em projetos que foram decididos democraticamente, mesmo que não coincidam com todos os seus pontos de vista.
Todos vivenciamos momentos especiais, em que conseguimos expressar-nos profundamente, compreender melhor o sentido das coisas e compartilhar sentimentos, afetos e ternura. Essas situações mostram que, mesmo esporadicamente, podemos mexer com o nosso eu profundo e encontrar nossa integração.
Esses momentos apontam para processos mais permanentes de realização e integração pessoal e grupal, que são possíveis se alcançarmos um determinado nível de equilíbrio, maturidade e liberdade. É possível ser mais livre, viver em paz, trabalhar produtivamente em grupo e constituir uma família. Esses períodos ocasionais de realização e plenitude poderiam ser mais constantes. É só uma questão de evolução pessoal e grupal.
Ficamos com a sensação de que nos tornamos mais plenos e realizados quando conseguimos “tocar-nos” emocionalmente, quando fazemos algo bom, quando participamos de algum tipo de encontro em que conseguimos quebrar nossos medos e barreiras. Quanto mais entrarmos em contato conosco, com o nosso eixo, com o nosso eu de forma autêntica, verdadeira, mais fácil será perceber, sentir, comunicar-nos e viver. Isso nos ajudará a mudar, evoluir, aprender e ensinar melhor, levando-nos a trabalhar de forma mais criativa e produtiva.
Em razão da resistência à mudança e das carências mal resolvidas, as pessoas procuram soluções parciais, porém não têm atitudes de honestidade profunda e de amor pleno por si mesmas e pelo próximo. Por isso, formam-se pequenos grupos que se fecham em si mesmos, competem com os outros e tentam ultrapassar-se de qualquer jeito, tornando-se desconfiados e críticos, com visões negativas e superficiais nas relações. E assim, burocratiza-se tudo. Criam-se estruturas rígidas de poder e de controle, com mil instâncias intermediárias de gerenciamento, de decisão, e a desconfiança mútua aumenta no mesmo nível que a infelicidade e insatisfação.
É possível mudar esse quadro? É, aos poucos. Muitos, quando estimulados, mostram-se prontos para novas experiências, para formas de gerenciamento mais flexíveis, para processos de comunicação mais participativos. Boa parte resiste à mudança, não acredita nela e a dificulta. É importante aprender a conviver com os resistentes. Vale a pena aproximar-se dos que querem mudar, dos que desejam experimentar formas menos centralizadoras, mais abertas.
As mudanças não se fazem por decreto, mas sim pela percepção do seu valor. E hoje há uma consciência bastante difundida de que o caminho é pela competência, pela interação, pela cooperação. É todo um processo de aprendizagem, de evolução e de mudança, cheio de marchas e contramarchas, de acertos e dificuldades. Mas vale a pena tentá-lo.

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 2013: "GERENCIANDO VÍNCULOS"




As organizações são como as pessoas. Encontramos organizações mesquinhas, fechadas, autoritárias, voltadas para o passado, que repetem rotinas, que são incapazes de evoluir. Existem outras organizações que evoluem perifericamente, que só fazem mudanças cosméticas, de fachada, sem mexer no essencial. Existem também organizações deslumbradas, que mudam de acordo com as modas, com os gurus de plantão, que adotam a-criticamente as novidades, em que o marketing é mais importante que a realidade. Há, finalmente, organizações que possuem uma visão integrada, aberta, flexível das pessoas, dos seus objetivos, do seu futuro. Organizações interessantes são as que vêem, em cada problema, um  desafio. Organizações problemáticas são as que enxergam mais os problemas do que as oportunidades e fazem destas novos problemas.
Nos diversos grupos e organizações em que participamos - principalmente os familiares, os educacionais e os profissionais - encontramos formas de gerenciamento diferentes, umas tendendo mais para o autoritarismo, o controle pessoal ou burocrático, e outras, para a desorganização, a desordem. Entre o autoritarismo e a anarquia, encontramos várias formas de gerenciamento intermediário, mais ou menos participativo, mais ou menos estruturado.
No gerenciamento autoritário tudo se subordina ao controle. O controle pode ser pessoal - alguém centraliza as decisões principais - ou burocrático - a estrutura é hierárquica e só a cúpula decide; os escalões intermediários executam o que vem de cima e têm pequeno grau de autonomia.
No gerenciamento desordenado não há um centro de comando. A organização é muito fluida, depende da relação momentânea de forças. Altera-se com freqüência o equilíbrio. É uma organização instável, sujeita a crises. Alterna períodos de alta efervescência e criatividade com outros de inatividade ou apatia.
No gerenciamento participativo, de um lado há organização: códigos, estruturas, esquemas, limites, normas claras e implícitas, hierarquia; de outro, essa organização é flexível, se adapta às circunstâncias, confia nas pessoas, apóia inovações, desburocratiza os procedimentos,trabalha de forma sinérgica. O gerenciamento participativo pode acontecer em grupos menores, como o familiar, assim como em grupos maiores como em escolas e empresas, com vários níveis de interação, de comunicação aberta.
Todos os grupos e instituições, que evoluem e crescem, trazem consigo formas de integrar organização e criação, normas e liberdade, autoridade e confiança. As  organizações que mais evoluem são as que reúnem pessoas abertas, que sabem gerenciar seus conflitos pessoais, que sabem comunicar-se e aprender.
O grande problema do “atraso” empresarial é educacional e cultural: é a falta de desenvolvimento integral das pessoas em todas as esferas das suas vidas. O maior capital de uma organização é o pessoal: ter pessoas realizadas, bem resolvidas, abertas, honestas, que inspirem confiança. Temos carência dessas pessoas em todos os níveis organizacionais, da alta gerência até às funções mais simples. As pessoas maduras, abertas são responsáveis pelas mudanças fundamentais das organizações.
As organizações que triunfam a longo prazo são as que não visam unicamente o lucro, mas que vivenciam espaços - reais e virtuais - ricos em interações, onde existe diálogo, respeito, valorização de todas as pessoas e atividades. Triunfam as que incentivam a integração sinérgica, facilitando a troca de informações, de experiências, de propostas, de soluções.
É importante que cada um de nós encontre o seu lugar em cada organização em que participa, que se torne produtivo em todas as dimensões: para a empresa, para nós mesmos e para os que trabalham ao nosso lado. A interação nas diversas organizações pode levar-nos, se estivermos atentos, a encontrar o equilíbrio entre o pessoal e o social; a mostrar o melhor de nós mesmos sem anular nossa personalidade; a colaborar criativamente, cooperar e também atuar pessoalmente, individualmente; a saber discernir, quando podemos expor-nos ou preservar-nos. É um aprendizado constante, que nos ajudará a comunicar-nos melhor, a sermos vistos de forma menos preconceituosa. Se desconfiarmos demais, se nos fecharmos demais, os outros tenderão também a ver-nos com desconfiança e a fechar-se em relação a nós.

(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2013: "CONTRADIÇÕES EM NOSSAS MUDANÇAS"


A ideia de que podemos tudo e de que tudo depende de nós, da nossa atitude, é extremamente sedutora. Mas, infelizmente, simplista. Vale como estimuladora de atitudes pró-ativas, de impulsionar-nos para a mudança. Mas não podemos tudo.
Há limites objetivos em muitos campos: cada um tem qualidades diferentes. Nossa história acumula experiências, crenças, procedimentos que podem, em parte, ser modificados, porém, como roteiros internalizados, são sempre os primeiros a ser mobilizados diante de cada nova situação.Tendemos a repetir processos, escolhas e procedimentos, na maior parte das vezes. Somente quando estamos preparados para um salto de qualidade na aprendizagem com a experiência, com a vida, podemos afastar-nos, ao menos parcialmente, das escolhas prévias.
É possível mudar, mas não é tão fácil para a maioria. Há muitas apenas aparentes: separar-se de alguém é uma mudança, contudo, pode ser mais aparente do que real, se levar a novas escolhas próximas das anteriores, ou se repetir, na sequência, padrões familiares. Algumas pessoas aprendem e mudam; outras, aparentando um real aprendizado, repetem modelos.
Percebe-se a complexidade da mudança nas atitudes das pessoas diante das decisões postergadas, não consumadas. Se o valor vida ou a relação afetiva são muito fortes, é possível a efetiva mudança. Uns mudam para sempre, deixam o patamar anterior e agem de forma diferente, enquanto outros mudam temporariamente e, diante de outras circunstâncias, voltam a situações passadas.
Há algumas ilusões no processo de transformação: trocar de ambiente, pressupondo imediata renovação em nossas vidas, é atitude a ensejar, sem dúvida, um componente (no outro lugar escolhido) que possa contribuir para atenuar conflitos ou facilitar algumas situações; contudo, o contrário não ocorre, isto é, o ambiente por si só não nos modifica, porque sempre partimos com os nossos valores, crenças, percepções e formas de escolher e avaliar; com uma determinada relação entre pensamento e ação. 
Expressiva parcela de indivíduos quer de fato mudar. A grande maioria, entretanto, não consegue, e dificilmente o fará. Uns porque vivem na defensiva, fechados, e não estão internamente prontos para isso. Outros, porque, embora o desejam, limitam-se à vontade, não atuando, efetivamente, na construção do novo.
Muitos fingem socialmente uma condição de felicidade inabalável, a conquista de uma estabilidade financeira, profissional e emocional. Ocultam a sete chaves os seus problemas, como se aparentar pudesse ser um lenitivo. E fazendo disso um lema inconsciente, passam a acreditar nessa acomodação, prestigiando-a, valorizando-a, mesmo sem prestígio e valor algum. 
Há quem transfira às autoridades as decisões do seu bem-estar social, responsabilizando-as tão-somente, enquanto se eximem de qualquer culpa diante de certas derrotas. Esperam de líderes a solução não só dos problemas coletivos, mas, principalmente dos individuais. E a sociedade privilegia a média, a "normalidade", suscetível a degenerar facilmente em mediocridade. Muitas pessoas possuem toda a informação e o conhecimento necessários às mudanças, e, conscientemente, fazem tentativas parciais, não focando continuamente o processo, passo a passo. Elas iniciam entusiasmadas, desistindo, logo adiante. 
Então, permanecem sempre no mesmo nível. Mais tarde, recomeçam e desistem. Analogamente, lêem mais ou menos, entendem menos que mais e não se atrevem a falar. Não aprendem realmente. E paulatinamente, criam resistência à aprendizagem, pela soma de tentativas fracassadas.
Não acreditando intimamente no seu potencial, nem que vá ser bem-sucedido, não são poucos a manter imagem contrária. Apesar de almejarem mudança, são insatisfeitos, irritados com os parceiros, punindo tanto os que estejam em seu convívio quanto, principalmente, intimamente, a si próprios. 
Diante de qualquer problema, recolhem-se aos seus casulos, não entram em polêmica, nem procuram o novo;  se "defendem". Não almejam desafios  nem exploram as contradições e possibilidades. São conservadores, mantendo intactos os seus valores, tradições e formas de agir; têm dificuldade visceral em mudar. Fazem qualquer coisa para ficar onde estão. A "segurança" é o seu grande valor. A tradição, sua bandeira.
Assumir as suas circunstâncias, admitindo-as ou negando-as, eis o critério indispensável à qualidade das mudanças.

(Caos Markus)


QUARTA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO: "ESTATIZANDO A ARTE"


ESTATIZANDO A ARTE


Governo inicia diálogo para acalmar marchands

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) iniciou conversas com colecionadores e marchands para esclarecer o decreto do dia 18 de outubro que regulamentou o Estatuto dos Museus. Pelo decreto, obras de arte e coleções privadas podem ser declaradas de interesse público pelo Ibram, e a partir daí, dependerão de autorização do Estado brasileiro para serem movimentadas, restauradas ou vendidas.
O mercado de arte ficou alvoroçado. Fizeram-se reuniões sigilosas para debater o tema. O colecionador João Carlos Figueiredo Ferraz, dono de mais de 800 obras de arte, escreveu artigo na quinta (21/11/13), em um periódico com repercussão nacional, criticando o decreto. "Deveríamos pensar em ações que estimulem as pessoas a abrir suas coleções, não assustá-las", afirmou, citando ditado popular: "O diabo mora nas entrelinhas".
Em entrevista, há alguns dias, o presidente denunciou "uma atitude de tumultuar um processo legítimo", a difusão do argumento de que o decreto seja uma tentativa de interferência do governo no direito privado dos colecionadores. "É mais um regulamento da vida dos museus, das coleções. E foi criado um instituto da declaração de interesse público para bens musealizados ou musealizáveis que podem vir a ingressar nos museus".Disse que é um mecanismo semelhante ao tombamento, já praticado pelo Iphan desde 1938. "Podemos tombar alguns bens sem que isso implique perda de propriedade ou confisco de bens."
Oswaldo revelou que já manteve contato com a galerista Luisa Strina, uma das mais ativas do País, e conversou também com o secretário de Cultura de São Paulo. Segundo disse, "todos viram, o que houve foi um mal entendido, uma confusão", mas admitiu que poderá pedir mudanças na redação do decreto, para desburocratizá-lo, e não modificá-lo na essência.
Segundo o governo, a lei vai funcionar para que não se perca o conhecimento de determinada obra, ou que uma pessoa venda uma peça histórica e o patrimônio artístico nacional desapareça. O tema, capitaneado pelo esforço brasileiro, tomou relevância internacional. Reunida na semana passada em Paris, França, a 37.ª Conferência Geral da Unesco aprovou a proposta de criação de um instrumento normativo de alcance mundial para a proteção e promoção dos museus e coleções no mundo todo. A iniciativa foi aprovada por consenso e apoio de 35 países.
 
(copydesk, Caos Markus)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

TERÇA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2013: "PERCEPÇÃO E COMPORTAMENTO"


O vínculo entre percepção e comportamento tem importantes consequências para as interações sociais. Esse mecanismo automático gera os estereótipos, comportamentos que se reproduzem de maneira fixa, inalterável. Sob um aspecto mais negativo, na realidade da convivência social, os estereótipos são acionados por elementos aparentes (a cor da pele; as características de gênero, se feminino ou masculino...), e outros aspectos facilmente observáveis em indivíduos componentes  do mesmo grupo. Em outras palavras, pela presença real da pessoa sendo estereotipada. Os estereótipos, por seu lado negativo, são traduzidos em rótulos habitualmente aplicados aos sujeitos, muito dificultam a convivência e os relacionamentos sociais. É crucial, vale registrar, a função das categorias mentais. Instrumentos de nossa mente para classificar e entender a realidade, desempenham um papel essencial na simplificação e compreensão  do ambiente com abundante informação, auxiliando na seleção dos dados relevantes para as interações dos seres humanos com o mundo que os cerca. Entretanto, os estereótipos são formas mal adaptadas de categorias, porque seus conteúdos não correspondem nem à verdade presente nem às situações em desenvolvimento no ambiente. Assim, uma pessoa não pode ser categorizada pela cor da sua pele ou pelos seus gestos, pois tais referências nada ou muito pouco dizem sobre o seu caráter ou a sua personalidade. Em conclusão, embora as as consequências dos estereótipos sobre o comportamento possam causar problemas na interação social, o seu efeito será sempre mais perceptível quando a atividade sensorial estiver baseada no que de fato está acontecendo num determinado instante. O evidente elo entre nossa percepção e nosso comportamento tem sua existência motivada, provavelmente, por uma adequação, porque nos torna prontamente aptos a agir diante de situações recorrentes da vida cotidiana. E essas ações são apropriadas na ausência de orientações conscientes.

(Caos Markus)

SÁBADO, 9 DE NOVEMBRO DE 2013: "INTOJEÇÕES EM INTERREGNOS"

Os valores têm sido estudados por várias áreas do conhecimento humano, com os objetivos de predizer atitudes e comportamentos das pessoas e para justificar o curso das ações tomadas. O interesse pelos valores cresceu de forma acentuada, especialmente com o início de pesquisas transculturais. No Brasil, há contribuições no estudo dos valores morais e sociais, enfatizando a sua importância no julgamento moral e a sua relação com as ideologias políticas e socioeconômicas. Alguns problemas, contudo, afetaram o desenvolvimento da área de abordagem dos ‘valores’. A palavra ‘valores’ é objeto de abusos, também prejudicando as pesquisas sobre esta temática ao gerar contradições e incoerências em sua mais correta definição. Além disso, mais aprimorado exame deste questionamento pode ser feito em diferentes níveis, pois os sistemas sociais são compostos por múltiplos níveis: sociedade, grupos e indivíduos. Assim, definir o seu conceito implica em assumir a sua complexidade com relevância aliada à necessidade de identificação do nível de análise. Teoricamente, os ‘valores’ são abordados em dois níveis: o individual e o cultural. Os valores individuais são estruturas cognitivas intrapsíquicas, podendo ser ‘pessoais’ e ‘sociais’. Em decorrência desta observação, nota-se, os ‘valores pessoais’ se referem a princípios que guiam a vida do indivíduo, enquanto os ‘sociais’ dizem respeito à percepção do indivíduo sobre os princípios defendidos pelo grupo. Os ‘valores culturais’, por seu turno, estabelecem crenças compartilhadas determinantes de formas de ‘comportamento apropriado’ em diversas situações, além de justificarem o motivo das escolhas. Os valores pessoais são critérios ou metas transcendentes a contextos pontuais, sendo ordenados por sua importância, e considerados fundamentos conducentes da vida individual. São expressivos indicadores das motivações presentes no caráter, na personalidade, apresentadas por estruturas amplas e inclusivas. Para cada aspecto da vida (o trabalho, a religião, o esporte e a política), os sujeitos, atores sociais, apresentam uma estrutura própria, relacionada com a estrutura mais ampla. ‘Valores’ tanto estão relacionados à escolha vocacional quanto se referem ao prognóstico de atitudes e condutas nos ambientes de estudo e trabalho, como desempenho e comprometimento organizacional. Frequentar e situar-se em ambientes onde as regras são genéricas, pressupõe a adaptação do sujeito, internalizando (ao menos durante o tempo da sua permanência nesses espaços contextualizados) as suas personalíssimas convicções, quando se pretende aprovação alheia às ações que lhe são próprias. Esta atitude de ocasionais introjeções não pode significar, contudo, a incorporação inconsciente de preceitos, a ponto de a todo tempo, a qualquer tempo, e em todos os lugares, a pessoa já não mais falar por si mesma, tornando-se limitada reprodutora da generalidade de normas, válidas restritivamente, ou seja, apenas durante os interregnos onde o ‘coletivo impessoal’ predomina sobre a ‘pessoalidade individualizada’.


(Caos Markus)


SEGUNDA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2013: "REFLETINDO MAIS ALÉM"


Em autoavaliação, um grande desafio é tornar alunos passivos em ativos, capazes de assumir responsabilidade e gerenciar a própria aprendizagem, porque a passividade é cruel. Ela limita, até mesmo impede, o desenvolvimento das habilidades ao longo da vida. Espera-se que os alunos pensem, avaliem-se, aceitem desafios e sejam colaborativos. Mas, infelizmente, há uma tendência em negar-lhes a possibilidade de determinar o que foi aprendido e, então, planejar intervenções .Uma das dificuldades da autoavaliação é a falta de costume de pensar sobre a prática, tanto do aluno quanto do professor. Em geral, observado em várias áreas profissionais, pensar, refletir, é indispensável. Não conseguimos, porém, nem nos expressar. Porque não praticamos a autoavaliação. E não é só na avaliação, mas no dia-a-dia mesmo, percebendo o que ficou, colocando no papel, refletindo sobre aquilo. Analisar os próprios pontos fortes e as dificuldades, voltados ao planejamento de ações de superação, obriga a esforço e exercício diários, principalmente quando a caminhada profissional também exige trabalhar estimulando outras pessoas a desenvolverem sua aprendizagem de igual maneira.Viabilizar a autoavaliação, propiciando a reflexão do aluno sobre seus avanços e dificuldades, contribui com a autonomia e comprometimento
discente focado no aprender, pois as atividades autoavaliativas impelem os educandos a reexaminarem seus gestos, correlacionados aos seus papéis na na aprendizagem.
Todo esse procedimento é, ainda assim, apenas etapa preliminar de um outro 
processo, sistematizado e sequencial,cujo tempo de existência equivale ao da permanência do sujeito na terra, desde o aprendiz até o profissional habilitado. E mais além, mesmo em se tratando do indivíduo a refletir isoladamente, ou a conviver socialmente, seja essa co-existência vivenciada através de poucos ou muitos coletivos institucionalizados. 

(Caos Markus)

domingo, 17 de novembro de 2013

DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013: "PRIMITIVOS APRIMORADOS"


Sempre constante, remanesce através dos tempos, esta pergunta de difícil resposta: o que constitui a ‘natureza humana’? Só gradualmente, é perceptível, de forma mais clara, a chamada ‘natureza humana’. Com as descobertas relativamente recentes do código genético, além de todas as pesquisas biológicas atuais, é possível entender melhor o conjunto de influências em nossa maneira de ser e de agir. Assim, muitos cientistas sociais desconsideram o termo ‘natureza humana’ enquanto referência de máxima especificidade do comportamento humano. Os hábitos (como as pessoas se vestem, como casam, o que comem, como enterram seus mortos, praticam suas crenças) são costumes socialmente determinados, variando intensamente. Por consequência, a expressão ‘natureza humana’ é mais relacionada a tendências básicas enraizadas em nossa herança genética comum. Independentes, portanto, das singularidades de cada sociedade e dos comportamentos assimilados pelas pessoas no seu ambiente social.
Nessa perspectiva, ‘natureza humana’ estaria vinculada às necessidades biológicas básicas do ser humano, à sua motivação geneticamente programada para satisfazê-las, à sua dependência de sistemas sócio-culturais e, também, ao seu potencial, já pré-estabelecido para a construção cultural.
Acentuando a distinção entre os seres humanos e o resto do mundo animal, os antropólogos buscaram correlacionar ‘cultura’ ao conceito de ‘símbolos’. A garantia de qualidade fundamental em uma definição de cultura apenas existe se a consideramos como os sistemas de símbolos da humanidade e todos os aspectos da vida humana deles dependentes. De um modo geral, essa é a nossa maior diferença na comparação com todos os outros seres vivos. Importa, então, determinar as concepções de ‘símbolos’ e ‘sistemas de símbolos’.
Símbolos e sinais são veículos de transmissão de informação. Há, contudo, uma básica diferença: o significado de um sinal é amplamente determinado de forma genética, é uma resposta geneticamente determinada por um estímulo específico. Exemplo clássico de um sinal é o grito de dor emitido por um animal ferido. Outro membro do grupo responde instintivamente a esse som ou pode aprender (através da observação e experiência) a associá-lo com os humores e ações dos demais indivíduos desse mesmo conjunto. E, com isso, ele pode ajustar o seu comportamento. Os sinais são extremamente úteis para ordenar as relações sociais entre os componentes de um segmento. Em geral, todavia, os sinais são muito limitados em seu poder de comunicação. Os símbolos, em contraste, como não são condicionados geneticamente, são flexíveis e podendo ser modificados facilmente. Assim ocorre na história de qualquer linguagem. Símbolos linguísticos foram alterados no transcorrer dos séculos, enquanto seus significados permaneceram os mesmos, e vice-versa. Isso porque os significados dos símbolos são atribuídos, de maneira arbitrária, pelas categorias sociais, adotados pelos seus elementos e, por efeito, não estão submetidos a regras antecipadamente, sujeitas então a mutações determinadas, a variações advindas de circunstâncias supervenientes.
Hoje, as pesquisas da neurociência comprovam a importância das atividades de ‘natureza cultural’ que, associadas às atividades físicas, são eficazes no alcance da longevidade saudável e lúcida. O cérebro do homo sapiens, tendo se originado no interior da estrutura da ‘cultura humana’, não seria viável fora dela. Nas contemporâneas sociedades tecnologicamente avançadas, o volume de informação transmitido de geração para geração tornou-se tão grande a ponto de nenhuma pessoa conseguir dominá-lo. Afinal, se os indivíduos são os portadores da cultura, a cultura em sua totalidade é a propriedade de uma sociedade. Nesse prisma, se pode afirmar, os sistemas de símbolos têm uma função, sob a ‘ótica cultural’, semelhante ao do ‘sistema genético’. Ambos são mecanismos facilitadores da adaptação de populações ao seu ambiente, através da aquisição, de acúmulo, da transmissão e uso de informações relevantes. E, forçosamente, impõe-se o reconhecimento: pouco mais somos senão 'primitivos aprimorados'.


(Caos Markus)

SÁBADO, 23 DE NOVEMBRO DE 2013: "FUTURO EM CONSTRUÇÃO"


Vários são os fatores que contribuem para a mudança e inovação em uma sociedade: fatores internos à própria sociedade ou fatores externos do ambiente que a cerca. Em nossos dias, tornou-se muito clara a extrema importância da relação entre a sociedade e o seu ambiente. O meio ambiente não é somente uma fonte crucial para o sustento da sociedade com suas características climáticas e geográficas em geral, suas riquezas naturais, suas fontes de energia, sua flora e fauna, tudo isso funcionando como um conjunto de condições em relação ao qual a sociedade deve se adaptar. Nesse processo, a sociedade pode interagir com o seu ambiente em diferentes formas e direções: seja contribuindo para melhorar ou para piorar e prejudicar suas condições de vida. As mudanças no ambiente acabam por forçar mudanças na sociedade. As sociedades, ao longo da
história, tiveram necessidade de ajustar-se às mudanças no ambiente. Esse é um processo de adaptação inquestionável. O ambiente a que uma sociedade deve adaptar-se inclui, também, outras sociedades com as quais ela mantém contato. Uma mudança maior em uma costuma desencadear um processo em cadeia gerando consequências para as outras e obrigando a ajustamentos e inovações. Causas e efeitos de um futuro sempre em construção.
 
(Caos Markus)
 
 
 

SEXTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2013: "ESCASSEZ E DESEJOS NOS CONFLITOS SOCIAIS"


Há um singular aspecto na relação entre diferentes sociedades e culturas que devemos considerar. É um engano pensar que a paz entre nações seja um estado normal e que a hostilidade, o conflito e a guerra são condições anormais. Gostaríamos que fosse verdade mas os registros históricos e a realidade de nosso tempo indicam que é diferente. São várias as razões para explicar porque as guerras e outros confrontos são tão comuns. A causa básica parece ser a mesma que motiva a competição no mundo biológico de maneira geral, isto é, a escassez de recursos. Tanto Malthus quanto Darwin reconheceram que uma oferta finita de recursos, independente de seu tamanho, nunca seria suficiente para uma população com uma infinita capacidade para o crescimento. A não ser que uma população, animal ou humana, controle seu crescimento, em algum momento ela esgotaria seus recursos. Isso ajuda a explicar as ações de invasão de territórios e apropriação de recursos de outros grupos sociais, ou povos ou nações. Na medida em que esses recursos são essenciais, a sociedade atingida reage. O conflito, assim, torna-se inevitável. No caso dos humanos o problema tornou-se especialmente complicado pela existência da cultura. O problema da escassez torna-se mais agudo nas sociedades humanas porque a cultura multiplica enormemente nossos desejos e necessidades.

(Caos Markus) 

QUINTA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 2013: "IDENTIDADES EM ALTERNÂNCIAS"


O processo de socialização é o principal mecanismo que uma sociedade possui para a transmissão da cultura através do tempo e das gerações. A socialização, além de estar diretamente relacionada com as identidades sociais, deve ser vista como um processo que dura a vida toda na medida em que as nossas ideias e o nosso comportamento são continuamente influenciados pelos relacionamentos sociais e pelo ambiente em que vivemos. É através da socialização que aprendemos e incorporamos os hábitos, os costumes, valores e normas da vida cultural de nossa sociedade. Desde o nascimento, através da infância e da adolescência e mesmo na vida adulta, estamos continuamente a aprender comportamentos e formas de interagir em diversos e novos ambientes a que somos expostos em nossa trajetória de vida. Nossa identidade se modifica ao atingirmos diferentes estágios de desenvolvimento e ao assumirmos papéis sociais diversos que se alternam e multiplicam ao longo da vida.

(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2013: "TENSÃO E CONFLITO NA SOCIALIZAÇÃO ESCOLAR"

O sistema escolar é um agente fundamental na socialização. O papel socializador da educação está relacionado com a formação intelectual e cultural das novas gerações no sentido de prepará-las para a vida social, seu desenvolvimento pessoal mais amplo e para o mundo do trabalho. A educação escolar tem sido analisada criticamente por alguns estudiosos que identificam no sistema escolar uma organização devotada principalmente a reproduzir o sistema de valores e padrões de vida estabelecidos. Entretanto, podemos observar como são frequentes as situações de tensão e conflito no ambiente escolar, do nível fundamental até o nível superior, quando questionamentos e atividades críticas são desenvolvidas, tanto por estudantes como por professores, visando a superação das limitações identificadas no processo de socialização. A
aprendizagem de hábitos, costumes e valores culturais é um processo de natureza complexa, na medida em que as influências culturais  recebidas e às quais estamos submetidos em nosso ambiente são confrontadas com reações e orientações de caráter propriamente individual ou grupal e que podem ser mais ou menos conscientes.

(Caos Markus)