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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013: "LITERATURA, INFÂNCIA E INFANTILIZAÇÃO"



LITERATURA, INFÂNCIA E INFANTILIZAÇÃO

Durante o século XIII, o processo de industrialização na Europa solidificou a classe burguesa, que passou a adquirir novos padrões sociais e culturais. A revolução industrial, política e econômica leva essa nova sociedade a incentivar a formação de instituições -família e escola- com a finalidade de ajudá-la a atingir seus objetivos. 
Assim, a estabilidade familiar, na qual os membros assumem seus devidos papéis, cabendo ao pai o sustento familiar e à mãe organizar a vida doméstica, passou a beneficiar a criança, atribuindo-se-lhe um novo papel na sociedade, chamando todas as atenções para si. 
Já a escola é convocada a participar e a colaborar na vida social da menoridade, voltando seus interesses para ela. Além de prepará- la para enfrentar o mundo exterior, fixa certa ordem social, tirando-a do trabalho forçado, devolvendo o lugar aos adultos até então desempregados. Inserida em um contexto social determinante na exigência dos seus direitos e na luta para adquirir um poder político e uma estabilidade econômica, a nova ordem social credita à criança um lugar especial. 
A literatura destinada a este público irá receber a função de formação e informação, pela transmissão da ideologia promulgada por essa sociedade. Com efeito, os textos destinados à infância terão um teor didático e moralista, levando a criança a uma educação especial, diferenciada da dos adultos. Uma literatura infantil ligada, antes, a um caráter pedagógico, acima do literário, propriamente dito, visando endossar valores da classe burguesa, manifestando o modo como o adulto quer que a criança veja o mundo. 
Em épocas de consolidação, a intencionalidade pedagógica domina, pois, a formação infantil, transmitindo-lhe valores passíveis de incorporação por um sistema social emergenteA proximidade da literatura popular e infantil se dá através da mentalidade primária de ambas, pois, a partir do sentimento interior  predominante no povo e na criança, em relação ao mundo exterior, este é percebido pela emoção, a intuição, a sensibilidade e pelo pensamento mágico e não lógico. 
Depois de ter apenas um caráter pedagógico e formador de uma moralidade, a literatura infantil constituiu-se alvo de discussões, ganhou um novo status: o de ser unicamente um meio de entretenimento, prazer e distração, por apresentar uma estética especial nos livros coloridos, com figuras, personagens mágicos ou não, aventuras e fantasias reportando a criança para além da realidade concreta. 
Hoje, buscam-se novos valores atribuídos à literatura destinada à crianças: atraí-las através das histórias, proporcionando-lhes condições de reflexão e experiências, seja no plano real seja no imaginário, como subsídios ao enfrentamento dos problemas, almejando-se soluções que as auxiliem a se integrar no mundo ao seu redor, a partir da sua realização interior. 
Tarefa aparentemente impossível, ante a co-participação infantil nos valores ainda burgueses, até intensificados pelos princípios da moralidade vigente na sociedade globalizada do capital internacionalizado. Princípios, ressalte-se, responsáveis, inclusive, pela infantilização de indivíduos adultos.

(Caos Markus)


domingo, 13 de outubro de 2013

SÁBADO, 19 DE OUTUBRO DE 2013: "RETOMADA"


Capital e trabalho, na concepção marxista, apresentam um movimento constituído de três estágios básicos: 1) 'a unidade imediata e mediata de ambos', significando que num primeiro momento estão unidos, distanciando-se em seguida, até tornarem-se estranhos 'um ao outro', sustentando-se, porém reciprocamente, e promovendo-se mutuamente como condições positivas; 2) 'a oposição de ambos', considerando serem ambos excludentes 'um do outro', quando então o operário conhece o capitalista como a negação da sua existência, e vice-versa; 3) 'a oposição de cada um contra si mesmo', pois o capital é, simultaneamente, ele próprio e a sua contradição antagônica, constituindo-se em trabalho acumulado; enquanto o trabalho, por seu turno, é ele mesmo mais a sua oposição contraditória, constituindo-se em 'mercadoria', ou seja, 'capital'.
Por outro lado, a 'alienação', na descrição marxista, reflete-se em quatro aspectos: a) É estranho ao trabalhador o produto de sua atividade, pertencente a outro, consolidando-se diante do operário como um poder independente, onde, quanto mais o operário se consome na produção, tanto mais poderoso se torna o mundo estranho, objetivo, (obra desse mesmo trabalhador, uma vez sujeitado a tal condição criada per si e diante de si), mais ele se torna pobre e menos o mundo interior lhe pertence; b) A alienação do trabalhador (relativamente ao produto da sua atividade) surge, simultaneamente, (observada na atividade do operário) como alienação da atividade produtiva. Esta deixa de ser uma manifestação essencial do homem, para ser um trabalho forçado, não voluntário, mas determinado pela necessidade exterior ao seu ambiente, à sua vida. O trabalho, por efeito, deixa de ser a satisfação de uma necessidade, tornando-se somente um meio para satisfazer necessidades exteriores. Não é uma feliz confirmação de si, nem o desenvolvimento de uma livre energia física e psíquica. Antes, é o execrável sacrifício manifesto, culminando na mortificação dos trabalhadores. A consequência é uma profunda degeneração dos modos do comportamento humano; c) Através da alienação da atividade produtiva, o trabalhador aliena-se também do seu bem mais precioso: aliena-se do gênero humano. Esta perversão implica na perda completa da humanidade. Afinal, a livre atividade consciente é o caráter específico do homem, enquanto a vida produtiva é vida genérica. Mas a própria vida surge no trabalho alienado limitadamente como meio de vida; d) Imediato desdobramento desta cessão marcada pelo desatino, é a supressão do homem pelo homem, permanecendo um estranho ao outro, cada um deles transformando-se estranho ao 'ser do homem'. No atual estágio deste processo, esta exclusão mais tangível na relação operário-capitalista, ocorre em meio a regras seguidas passivamente pelos seus membros. A retomada de consciência de classe e a revolução são Não por menos, a única possibilidade de radical mudança social é a retomada de consciência de classe.

(Caos Markus)