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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

SÁBADO, 12 DE OUTUBRO DE 2013: "O PRIVILÉGIO DA AUTO-EXCLUSÃO"


A educação superior no Brasil é também condicionada pela tradição corporativista que coloca um sério limite à autonomia que as universidades poderiam exercer. Todas as atividades profissionais, da medicina ao jornalismo, da engenharia à estatística, tendem a ser regulamentadas por lei, e supervisionadas por um conselho profissional, entidades de direito público supervisionadas pelo governo federal. A regulamentação significa que os cursos seguidos pelos diplomados nas respectivas profissões devem ter currículos equivalentes; que os detentores dos diplomas têm o monopólio do exercício de certas atividades; e, em muitos casos, que existe um salário mínimo legal para a profissão. 
A necessidade de diplomas válidos nacionalmente leva aos currículos mínimos, que, em princípio, deveriam deixar ampla margem para inovações, acréscimos e aperfeiçoamentos por parte de cada instituição. Na prática, freqüentemente os currículos mínimos se ampliam ao extremo, por pressão dos grupos profissionais, para incorporar o máximo de atribuições legais nas respectivas profissões; e mesmo quando isto não ocorre, a existência de currículos legalmente definidos tende a inibir a capacidade de iniciativa e criatividade das instituições em relação ao que deveriam ensinar, reforçando um padrão de dependência e falta de iniciativa que vai geralmente muito além das restrições da própria legislação.
A conseqüência mais séria deste sistema, no entanto, é o credencialismo gerado. Tanto quanto possível, busca-se criar um mercado de trabalho obrigatório para os profissionais (advogados em todas as cortes de justiça, farmacêuticos em todas as farmácias, estatísticos ou sociólogos em todas as instituições de pesquisa, economistas ou contadores em todas as empresas). Enquanto o mercado suporta, os privilégios profissionais são mantidos; quando o setor privado começa a buscar subterfúgios para fugir a estas obrigações, o setor público persiste. Na maioria dos casos, a presunção de uma correspondência efetiva entre a função e a competência atribuída legalmente pelo diploma não é real, ou só o é muito parcialmente. No limite, a excessiva regulamentação leva à inflação de diplomas inúteis e ao desemprego de seus portadores. Quando isto ocorre, as primeiras vítimas são, naturalmente, as pessoas formadas nas profissões de menor prestígio, exatamente aqueles que lutam mais bravamente pela manutenção de seus privilégios profissionais.

(Caos Markus)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

QUINTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2013: "NA DISTÂNCIA DO FUTURO DO PRETÉRITO"





Em muitos sentidos, o ensino superior no Brasil seria sugestivo de imunização à síndrome de massificação, politização, burocratização e má qualidade que afeta a maioria das instituições universitárias latino-americanas. Aqui, esse ensino é muito diferenciado, com dois importantes sistemas públicos (o federal e o paulista) e um amplo e diversificado setor privado. A reforma universitária de 1968 aboliu o antigo sistema de cátedra, abrindo espaço para a criação de programas de pós-graduação, pesquisa científica e para a contratação de professores em regime de tempo integral. 
A participação política, no entanto, sempre presente em nossas universidades, manteve esse espaço ocioso, vago, inoperante, permitindo a manutenção de acesso à Universidade apenas às classes economicamente privilegiadas, integradas por candidatos dotados de pré-requisitos do ensino básico, representado, atualmente, pelos níveis 'fundamental' e 'médio'. Isto significa, naturalmente, que a educação universitária no Brasil tem (e muitos!) problemas. 
Afinal, representando e representada por uma oligarquia, também no seu corpo docente, e não só no discente, ela, a Universidade, preserva o ranço do imobilismo oligárquico. É verdade, a explosão das matrículas entre 1965 e 1980, de 150 mil a um milhão e meio de estudantes em 15 anos, significou uma expansão. Porém, acompanhava uma tendência internacional de ampliação progressiva do acesso ao ensino superior, coincidindo no Brasil, contudo, com um regime militar sempre agindo contra estudantes, professores e cientistas. 
Reformular o ensino superior foi um dos compromissos inscritos no discurso inaugural da Presidência da Nova República, que Tancredo Neves nunca chegou a ler, mas lido e jamais assumido por seu sucessor, José Sarney.
Para este fim o governo instalou, com toda a solenidade, uma Comissão Nacional destinada a apontar os caminhos do futuro. Rever como trabalhou esta Comissão, e o destino do trabalho, é uma excelente porta ao entendimento mais aprofundado de nossa precária educação universitária, e a compreensão,também, da própria natureza do primeiro governo da Nova República.
Administrar um sistema destas proporções, em um país com recursos limitados, já é em si mesmo uma tarefa difícil. A crise que o ensino superior brasileiro enfrenta na década de oitenta, entretanto, vai muito além de uma questão administrativa, ou da ausência de recursos; é uma crise de valores, idéias e objetivos, repercutindo sobre os problemas administrativos e financeiros (geralmente, os mais visíveis).
Essa crise tem relação direta com as respostas possíveis a uma questão básica: para que, afinal, servem as instituições de ensino superior?
Não se trata de simples retórica. Em cada sociedade, existem grupos distintos entendendo esta questão de maneira diferente, e tratando de adequar a realidade a seus objetivos. Fato inconteste, contudo, independentemente de qualquer ação do governo federal, a Universidade no Brasil já é demasiadamente complexa e diferenciada para poder voltar atrás, produzindo, incessantemente, inovações tópicas e incrementais nos lugares mais inesperados. Diferentes formas de avaliação do ensino de graduação começarão inevitavelmente a ser implantadas, dando ao governo e à sociedade informações não somente antes inexistentes, mas, até recentemente, sequer consideradas necessárias. 
Sistemas competentes de educação continuada e à distância continuarão sendo criados, em progressão aos modelos já atuantes, reduzindo assim a pressão que as universidades públicas recebem hoje para ampliar suas vagas e reduzir seus padrões de recrutamento.
Salvo uma crise econômica irrecuperável, recursos continuarão a fluir de fontes diferentes, e muitas vezes supostamente contraditórias. Nesta complexidade crescente (antes de qualquer projeto de reforma, por melhor possa ser concebido) estão o tempo e o espaço onde reside a esperança de manter o ensino acadêmico vivo e criativo, apesar das marcas já evidentes de uma reforma reservada na distância do futuro do pretérito.

(Caos Markus)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

QUARTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2013: "REVENDO LINGUAGENS"



Uma educação universitária verdadeira (formação, de fato, acompanhada de treinamento em procedimentos específicos para enfrentar o cotidiano profissional e, em particular, a condução do complexo processo real de ensinar línguas) na área dos 'estudos das linguagens' deveria certamente aprofundar os sentidos de formar um profissional competente e competitivo na sua área. Deveria, igualmente, contar com uma compreensão da importância dessas 'linguagens na educação formal em geral (desde a alfabetização), nos negócios, turismo, meios de comunicação, bem como, ainda, nas relações sociais/institucionais específicas, sob sua mediação. Na forma como são hoje conhecidos, os cursos convencionais não podem mais corresponder às exigências do mundo profissional. Mas, ao mesmo tempo em que se observam manifestações de crise, a sociedade brasileira emite sinais de um renascimento de interesse do público por essa complexa área da multiplicidade linguística. Esses indícios podem estar levantando uma promessa de renovação do velho currículo das Academias, criado pela primeira vez em 1931, por ocasião da Reforma Educacional no primeiro governo Vargas. Nos anos que se seguem, o acentuado aperfeiçoamento, pela introdução da variáveis linguísticas (como grande componente curricular, de extensa gama de cursos universitários), já está a clamar por continuidade de renovações. E são os sentidos dessa revisão que devem ser reconhecidos nas exigências e desdobramentos da vida contemporânea. A promessa discernível (nos sinais mais evidentes de um renascimento de interesse do público por uma formação acadêmica revista), será deveras confirmada na valorização de uma 'cultura geral' preparatória a melhores opções de vida, e num leque crescente de oportunidades de trabalho (cruzando todas as profissões e campos laborais, vinculando-os); na capacidade de uso competente do vernáculo pátrio, principalmente; na crescente iniciação dos estudantes de graduação superior à pesquisa básica e, paulatinamente, à aplicável em aberturas orientadas à produção de técnicas inéditas na descrição e compreensão dos processos de aprender e ensinar; na percepção de que o aluno não deva ser instrumentalizado para homenagear grandes autores, apenas, mas, substancialmente, para ser crítico e produtor de novas ficções ou experiências estéticas, tanto com a linguagem (de formas genérica e específica), quanto com as modernas textualizações não-ficcionais.

(Caos Markus)


  

TERÇA-FEIRA, 8 DE OUSUPORTE E PRIMADOS NA REVISÃO ACADÊMICA"



O maior desafio do conceito de ‘qualidade total’ aplicada às instituições de ensino superior é efetuar uma mudança cultural. Nas comunidades educativas, em geral, e no ensino acadêmico, em particular, é algo extremamente difícil de se alcançar. Pois, dizer aos burocratas o que eles têm de fazer para ajudar a melhorar a educação é quase uma heresia, com todas as conotações comportadas por esta palavra suporta, pois esses indivíduos não aceitam qualquer sugestão. Introduzir a dogmática da ‘qualidade total’ na Universidade é um processo lento, cansativo e muito duro. O maior obstáculo é a inércia. Uma vez ultrapassado, haverá outros obstáculos no caminho. Mas, são encontrados mais membros intervenientes do processo (alunos, pais dos alunos, fornecedores, clientes internos e  externos), dispostos a ajudar nesta empreitada, tornando-a mais acessível, pois têm consciência dos benefícios da instituição. Alguns docentes não entram no ensino superior para ajudar as instituições a funcionarem da melhor forma e apesar, de por vezes, estarem sobrecarregados com tarefas que nunca pretendem fazer, mostram-se relutantes às mudanças. Para muitos, a responsabilidade de ajudar a instituição é subjugada às tarefas de lecionar e de fazer e corrigir exames, e, em alguns casos, nem isso pretendem fazer. No entanto, salienta-se, nem todos os docentes do ensino universitário se caracterizam desta forma. Uma grande maioria deles é dedicada ao seu trabalho e pretende o melhor para a sua instituição. Destaca-se, uma muitos desses profissionais só estão à espera de poderem atuar para aprimorar o sistema. Porém, o processo necessita de um certo tempo para efetuar as transformações culturais. O tempo necessário depende da instituição e de seus integrantes. Primeiramente, deve-se educar as pessoas e não  esperar resultados imediatos. Deve-se também, antes de tudo, insistir e não deixar de resistir. A mudança merece o esforço. Ao mesmo tempo, não se deve sentir satisfeito antes de tempo, pois quando se crê que tudo está resolvido, logo outros obstáculos surgem. Com a implementação da ‘qualidade total’, qualquer instituição de ensino superior aprimora progressivamente o serviço prestado aos discentes, à organização administrativa, à imagem da organização interna e externa, aumentando a satisfação dos colaboradores e a capacidade de intervenção dos quadros dirigentes. E, em paralelo, aproxima a organização do modelo de excelência, para instituir o conceito de auto-avaliação no seu interior, tornando-a apta a desenvolver uma filosofia cujo suporte e primado é melhoria contínua. Seja qual for o modelo utilizado, ele deverá estar adequadamente ligado à missão da instituição, à sua cultura, às suas forças e fraquezas, às oportunidades e às ameaças manifestadas no seu meio envolvente, de modo a não serem cometidos erros na sua implementação. Para além desses erros, também poderão surgir diversos entraves, mas os benefícios, os potenciais e os obtidos, justificam largamente os esforços e o tempo empenhados. Assim, a ‘qualidade total’,  aplicada numa revisão acadêmica, se constituirá em fator de competitividade entre as Universidades. Não se ignorando a impressionante e atrativa poupança e otimização das funções administrativas obtidas, através delas também será conquistada uma melhoria expressiva da Educação, graças ao acréscimo do êxito escolar, às alterações significativas no desempenho dos professores, a uma utilização mais eficiente do tempo dos docentes e discentes, a uma mais ampla satisfação dos professores e alunos no seu trabalho, e, ainda, a um desenvolvimento individual dos alunos, preparando-os para a vida profissional, dado que os ensina a pensar por si próprios e leva-os a aprender a trabalhar em equipe, acarretando assim estas contribuições positivas para a sociedade.

(Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 7 DE OUTUBRO DE 2013: "DEFINIR SUA MISSÃO INSTITUCIONAL , O PROPÓSITO DA EDUCAÇÃO"


O mundo está  evoluindo rapidamente, e a educação é uma das prioridades políticas de primeiro plano. O capital humano de alta qualidade só pode se desenvolver em sistemas educativos de elevada qualidade. A generalidade da comunidade internacional acredita que uma abordagem sócio-político-econômica sem focalizar o ensino superior pode deixar as sociedades perigosamente despreparadas para sobreviverem num futuro próximo.
Hoje, mais do que nunca na história humana, a riqueza ou a pobreza das nações depende da qualidade do ensino superior. 
Atualmente, a riqueza global está menos concentrada em fábricas, na terra e nas máquinas, mas sim no capital financeiro. O conhecimento qualificado e uma maior capacidade de aprendizagem são determinantes cada vez mais importantes para a economia internacionalizada. 
Cada país pretende ter seus cidadãos bem informados, com uma força de trabalho competitiva, pois estes são uma garantia do seu desenvolvimento. As universidades são, por essas razões, sempre mais vistas como recursos críticos na educação e formação desses cidadãos e trabalhadores.
Em muitos países, as crescentes preocupações com o nível educacional e sua melhoria nas instituições de ensino superior, além da reconhecida necessidade de demonstrar perante terceiros sua responsabilidade e comprometimento enquanto gestoras eficazes e eficientes dos seus recursos (desempenhando corretamente as suas funções e contribuindo de forma efetiva com o desenvolvimento da sociedade onde estão inseridas), conduzem a frequentes discussões acerca da possibilidade de aplicação dos referenciais de início concebidos exclusivamente ao setor empresarial, como os modelos baseados nos princípios e conceitos da Gestão da Qualidade Total.
Nas últimas décadas, no Brasil, o número de estudantes nas universidades cresceu substancialmente. A esse aumento nem sempre correspondeu uma maior diversidade nas suas preparações anteriores (os pré-requisitos), verificando-se ainda o decréscimo do financiamento disponível, situação que levantou questões acerca da qualidade do ensino, pesquisas e serviços; e sobre o modo como esta pode ser aprimorada ou, mesmo, mantida.
Uma instituição realmente empenhada na implementação da Gestão da Qualidade Total aceita a necessidade permanente da melhoria contínua. 
Apesar de se dirigirem aos negócios e às empresas, seus princípios, através de uma correta aplicação, podem ser instituídos no processo de reformulação universitária, pois permitem realizar ações necessárias ao alcance dos padrões de excelência já agora indispensáveis.
Criar, assim, analogamente, 'constância de propósito' será conseguir a lapidação do produto e do serviço, com o objetivo de se tomar competitivo, manter-se no negócio, e criar empregos. Em relação ao ensino superior, a 'constância de propósito' será alcançada através da definição da 'missão da instituição', considerando confirmar-se, a maioria,  com objetivos mal definidos; outras, com concepções confusas; ou, mesmo, totalmente defasadas da realidade, facilmente compreendidas mas desprovidas de sentido; além das distantes de qualquer conceito que as justifique.

(Caos Markus) 

domingo, 29 de setembro de 2013

DOMINGO, 6 DE OUTUBRO DE 20132: "OS MANIFESTOS EMERGENTES"


A instituição superior, para manter-se em uma sociedade em movimento, deve estar também no centro das transformações, deve mover-se por si só. Nesse fluxo, a experiência inovadora toma assento e pode apresentar propostas desafiadoras e valorosas aos protagonistas universitários. As mudanças na educação brasileira se acentuaram no contexto histórico-social dos anos 1960. Desde os anos de 1920, porém, a educação ganha corpo no processo transformador. Isso na educação básica, não propriamente na universidade. 
Os educadores, influenciados pela revolução urbana e industrial, desejosos de uma sociedade em desenvolvimento e economicamente forte, anunciam uma nova proposta pedagógica, por acesso universal ao ensino básico. Hoje, os ingressantes à universidade atentam para a qualidade profissional, que possa contemplar a demanda do mercado econômico/social.
Tratando-se de uma interlocução entre autores '(re) pensando' o ensino superior no sonho, na utopia, nas atitudes e nas inovações, como possibilidades ascendentes, somam-se ideias. Assim, em uma sociedade onde os institucionalistas da educação são marcadores das circunstâncias caracterizadoras do avanço da pobreza e da exclusão social, não haverá justiça nem liberdade. Onde há diferenças na qualidade de ensino em variados estratos da população, inexiste preocupação com o desenvolvimento da sociedade como um todo. Nesse perfil, as mudanças propostas para a universidade estão vinculadas aos interesses desses 'institucionalistas educacionais'.
Por isso, o ensino universitário vem se encaminhando para a necessidade de uma construção diferenciada na educação. As pesquisas, quando envolvem a sociedade, estão buscando conhecer a sua realidade. Aí, as premências de inovações são, talvez, mais concretas e ligadas diretamente às exigências do mercado econômico. Estas, trabalhadas na universidade, através de reformas adequadas, poderão amenizar os embates reivindicatórios sociais.
Urge, pois, chamar a docência à reflexão frente os 'emergentes' vindos da sociedade contemporânea. Porque, inegável, os anseios sociais são verdadeiros manifestos que ganham espaço nos tempos da universidade.

(Caos Markus)

SÁBADO, 5 DE OUTUBRO DE 2013: "CURRÍCULO E TRAJETÓRIA"


A partir da década de 60, as teorias críticas questionam a orientação seguida pelos estudos no campo do currículo, envolvendo a seleção de conteúdos, o papel do próprio currículo e a função das relações de poder sobre as quais ele se assenta, bem como seus efeitos na vida das pessoas. Desses estudos, que investigavam a relação entre 'escola' e 'cultura' e o papel da escola na 'produção da memória coletiva', de identidades sociais e na reprodução das relações de poder, por meio de processos de “seleção cultural escolar”, surgiu a categoria ‘conhecimento escolar’. 
Justificadamente, nota-se, chama atenção a necessidade de estudos que enfoquem a relação do professor com o conteúdo ensinado, devido à sua complexidade e importância, pois aspectos de diferentes ordens nela intervêm, desde questões de natureza investigativa, como didática e organizacional, social, cultural e política, assim como aquelas relacionadas ao próprio campo do conhecimento ao qual se liga determinada disciplina. Algumas análises têm procurado demonstrar como as reações dos professores ao currículo têm relação direta com o grupo disciplinar a que pertencem. 
Novas perspectivas abrem-se, pois, para a crítica tanto da escola e da educação e do currículo, quanto dos conceitos e categorias construídos e utilizados nesse campo, pois, não há dívidas, contribuem para a reflexão sobre a formação do professor. A própria concepção de conhecimento e de formação está relacionada ao conceito de currículo, educação, sociedade, cultura, e ao significado cunhado à teoria e à prática, assim como à atribuição da escola e do profissional da educação.
Nesse processo de decantação e reinterpretação permanentes da herança deixada, ressalta-se um papel essencial exercido pela escola na construção da memória coletiva. Esse trabalho permanente de memória e esquecimento se traduz nos programas escolares e é diretamente relacionado aos contextos políticos e ideológicos, aos conflitos simbólicos e às relações de força estabelecidas entre os grupos, buscando garantir o controle dos dispositivos educacionais. 
Por meio de seleções variáveis, instáveis e contestáveis, passado e presente são filtrados e reinterpretados. Afinal, não se deve ignorar, por currículo, entende-se, no mais amplo sentido, ‘trajetória’. E não se movimenta, seja qual for a direção pretendida, quando a marcha, restrita a circulação em torno do mesmo eixo, perde a qualidade de ‘andamento’ -o atributo do processo civilizatório, o qual, ainda muitas vezes um equívoco, tem sido denominado 'desenvolvimento social'.

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO DE 2013: "TRANSDISCIPLINARIDADES"


Importante abordagem transita pela formação universitária e pelas possíveis mudanças ascendentes ao ensino superior. As universidades brasileiras destacam-se pela investigação em reformas curriculares e na evolução institucional. Que essas investigações possam resultar em inovações na formação e na produção do conhecimento, e que venham ao encontro das exigências do mercado econômico/social: o atual desafio. É possível pensar na superação da fragmentação do conhecimento partindo da confluência das disciplinas no ensino superior, estudando, analisando e debatendo a realidade da universidade, em condições de adquirir-se ideias mais claras em relação ao modo como se pode melhorar a qualidade do trabalho. É necessário analisar a complexidade dos modelos do ensino/formação superior vigentes. Uma reflexão sobre como ver a universidade e o trabalho de formação que nela se realiza vai ao encontro de atitudes de mudanças, semeando uma possibilidade de compreensão às exigências da sociedade atual. No aspecto cultural e social, há a necessidade de se criar sistemas de formação que contemplem as condições regionais, num cenário novo, globalizado, interinstitucional, a promover a transdisciplinaridade dos saberes, premissa à revitalização dos currículos. Assim, as instituições apresentarão a possibilidade de consolidar-se, como estrutura e forma, em confluência aos interesses do mercado de trabalho e das relações interpessoais. A formação, como função básica do ensino universitário suscita, pois, um olhar analítico às questões teórico/práticas no contexto das exigências complexas dessa sociedade.

(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO DE 2013: "ENSINO PÚBLICO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS"


Há um apontamento referendado às necessidades de reforma no cenário universitário. Esse "locus" envolve a instituição no que diz respeito aos conteúdos, ao corpo docente e discente, à instituição como um todo.Tais necessidades de reforma no ensino superior configuram-se na ação ativa dos movimentos sociais e nas consequentes transformações por ela provocada. Pontuam-se os movimentos porque são minorias organizadas e desejosas de uma vida digna, na busca do bem-estar e do conhecimento referendado às exigências do mercado de trabalho contemporâneo. Sendo referidas mobilizações também gênese de lutas e conquistas na história da humanidade, a universidade deve estar atenta a essas  transformações sociais.
Como consequência da insatisfação social, principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho e à qualidade da formação, é que se busca na universidade uma resposta para essa situação inquietante. Com o compromisso legitimado, vindo das representações sociais e das obrigações atribuídas a elas, através do imaginário social, chega o momento da instituição pública de ensino superior repensar suas teorias e suas práticas, tanto na complexidade do cenário quanto dos seus prioritários componentes.
(Caos Markus)