Páginas

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

QUARTA-FEIRA, 2 DE SETEMBRO DE 2013: "TRANSFIGURAÇÃO PONTUAL E MUDANÇA SISTEMATIZADA"


Na atual conjuntura mundial, o cenário específico da sociedade brasileira é o desenhado por intenso e extenso processo de globalização econômica e cultural, conduzido pela expansão da economia capitalista, que se apóia, política e ideologicamente, no paradigma neoliberal. 
A tendência mundial é impor a todos os países a minimização do Estado, a total priorização da lógica do mercado na condução da vida social, o incentivo a generalizações desprovidas de lastro.
Do ponto de vista de sua formação histórica, o Estado brasileiro se constituiu mediante uma modernização conservadora, configurando-se como forte mecanismo frente a uma sociedade civil frágil. Ele precede a nação, tornando-se um estado capitalista, economicamente,
corporativo, socialmente . Os mecanismos da representação de interesses dos segmentos sociais se dão no interior da sua própria engrenagem. Mesmo no segmento burguês, do empresariado, ela ocorre pelas câmaras setoriais e não por meio da própria sociedade civil. O modo corporativo  é uma forma de absorver a auto-consciência da sociedade civil, obstruindo a formação de uma consciência ético-política. 
A supremacia da classe no poder se dá por dominação e não pela direção político-ideológica.
No concernente à educação, prevalece a teoria do capital humano, ou seja, a da preparação de mão-de-obra para o mercado de trabalho. Por sua vez, a ideologia neoliberal encontra apoio teórico em teses filosóficas, pretendendo explicar a convivência social numa suposta nova era, a de uma pós-modernidade, caracterizada pela hipotética superação das grandes teses fundamentais da modernidade.
No contexto da cultura brasileira contemporânea, o ensino universitário tem sua importância proclamada tanto pela retórica oficial quanto pelo senso comum predominante no seio da sociedade. Atribui-se-lhe significativa participação na formação dos profissionais dos diversos campos e na preparação dos quadros administrativos e das lideranças culturais e sociais do país, visto então como poderoso mecanismo de ascensão social, cabendo destacada valorização à educação oferecida pelas universidades públicas.
Introduzido no Brasil apenas na terceira década do século XX, aqui, o desenvolvimento da estrutura universitária  foi marcado pela combinação de dois traços fundamentais: o caráter privado de sua dependência administrativa e a sua natureza de instituição isolada, como um resgate, a consolidar a tradição iniciada à época do Império, com as faculdades de Direito, Medicina e Engenharia. 
Essa dupla tendência mostra a força do padrão segregacionista  frente ao modelo universitário propriamente dito.
Depois de esperar séculos na criação de uma experiência de ensino superior minimamente sistematizada, só na terceira década do século passado ela vai se instalar e desenvolver, predominantemente sob essas duas configurações. De resto, fica a demonstração de uma realidade extremamente heterogênea do sistema de ensino superior no país, com diferenciadas organização e cultura. Heterogeneidade estrutural e instabilidade temporal, uma vez que esse segmento de ensino não encontrou ainda seu modo de ser, manifestando-se constantemente em processo de transformação, em metamorfose permanente.
E, sabe-se, a transfiguração, ou, a mudança contínua não cria modelos propriamente ditos.
Ao contrário, por seu latente caráter de dissipação, ocasiona o marasmo.
Dessa inércia, sequer se entrevê uma visão acadêmica, pressuposto indispensável a qualquer revisão não pontual, porém, sistematizada do ensino acadêmico.
 
(Caos Markus)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

TERÇA-FEIRA, 1 DE OUTUBRO DE 2013: "A HISTÓRIA É OUTRA"



A universidade tem uma história. Antes, direcionada pelo Estado; agora, pelo mercado econômico/social em constante mudança. O Estado exerce, por longo tempo, o papel de provedor dos direitos universais, porém, entrega o seu comando institucional a forças externas. E a instituição superior, para manter-se numa sociedade em movimento, deve estar, assim, no centro das transformações, mover-se por si só. Nesse fluxo, a experiência inovadora toma assento e pode apresentar propostas desafiadoras e valorosas aos protagonistas universitários.
Na Educação brasileira, as mudanças se acentuaram no contexto histórico-social dos anos 1960.
Desde os anos de 1920, contudo, essas alterações se aperfeiçoam, através, quase exclusivamente, dos teóricos da Escola Nova. Mas, são reformas mais típicas à educação básica, e não propriamente afetas ao ensino universitário.
Os educadores, influenciados pela revolução urbana e industrial, desejosos de uma sociedade em desenvolvimento e economicamente forte, anunciavam uma nova proposta pedagógica: acesso universal ao ensino básico.
Hoje, os ingressantes à universidade atentam à qualidade profissional, passível de contemplar a demanda do mercado econômico/social.
Em breve abordagem à História da Educação, é possível compreender as tentativas de renovação. Em 1958, a 'escolanovista' oferece à sociedade a educação de classes experimentais, preparando os ingressantes para a profissão; primando, no antigo ensino 'secundário', a 'qualidade educacional' e, no outrora 'primário', a 'quantidade da educação para todos'. Em 1960, nota-se uma restauração no
ensino superior: preocupação, muito provavelmente, com a 'produtividade' e com a 'eficiência' da Universidade, traduzidas por manifestação acentuada na despolitização dos conteúdos e dos conhecimentos, atribuindo-se relevância à educação tecnicista.
Inovação educacional é, neste aspecto, sinônimo de 'economização' para o Estado, para o país. Pois, as políticas públicas são reguladas pelo mercado, as decisões são previamente definidas e formatadas pelos mecanismos exteriores. O Estado abre seu papel regulador, deixando à exterior relação 'oferta/procura' essa tradicional função. No Brasil, até mesmo as universidades públicas vêm sofrendo a questão mercadológica. Nesse contexto, estão a 'pesquisa', a 'extensão' e o 'ensino superior', destacando-se a 'produtividade' como "atributo" às demandas.
Por isso, dinfunde-se, atualmente, a crença no discente ativo, participativo, conhecedor das necessidades e com disposição de atender as demandas externas à instituição. Ele é o profissional para quem é absolutamente verdadeira a metáfora 'aprender é como conversar'.
Assim, deveras notório, o estudo das alterações universitárias requer alguns cuidados, especialmente, os de natureza conceitual. A divisão e a fragmentação do conhecimento estão presentes no ensino superior. Esse ensino pode e deve ir para além da junção necessária, onde há, sim, a possibilidade de vincular disciplinas, produzindo, por efeito, conhecimento entre áreas diversas, através de atividades realizadas no conjunto, tornando-se mais produtivas sem deixar de apontar para a formação do professor.
A divisão do conhecimento em 'especialidades' já está construída pela compreensão positivista da ciência. O 'projeto político' completou esta dimensão com a divisão da estrutura de poder, fracionando o quê tão reduzida capacidade tem se habilitado a reunir: teoria e prática; conhecimento pedagógico e saber científico; ensino e pesquisa. Esse fracionamento na formação dos professores agrava-se sob a consideração de que o terreno político da nova ordem econômica está a sofrer profundas modificações. Abordagem vital, a transitar pela formação universitária e por possíveis mudanças ascendentes ao ensino superior, eis confirmada a necessidade de uma revisão acadêmica. Pois, as universidades brasileiras postulam investigar reformas curriculares apenas, na meta da evolução institucional. Que essas investigações possam então resultar em revisões na formação e na produção do conhecimento, vindo ao encontro de exigências típicas à realidade econômico/social, partindo, contudo, da confluência das disciplinas, de maneira a corrigir tantas atípicas distorções, comprovando definitivamente o quanto a história é outra.
 
(Caos Markus)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

SEGUNDA-FEIRA, 30 DE SETEMBRO DE 2013: "EXORCISMO NA EMPRESA"


Uma caixa de uma empresa de turismo de Curitiba (PR) receberá R$ 5 mil de indenização por assédio moral da Vale Transporte Metropolitano S/C Ltda., de Curitiba, por ter sido vítima de discriminação religiosa por parte de sua chefe. 
Segundo ela, a chefe a importunava dizendo que ela precisava "se libertar, se converter" e começar a frequentar a sua igreja. "Ela dizia que enquanto eu não tirasse o mal eu não trabalharia bem", contou a trabalhadora. Em depoimento, A FUNCIONÁRIA RELATOU EPISÓDIO EM QUE A SUPERIOR TERIA LEVADO UMA PASTOR PARA FAZER PREGAÇÕES E REALIZAR SESSÕES DE EXORCISMO ENTRE OS EMPREGADOS.
Em defesa, a chefe negou qualquer discriminação e afirmou que os empregados jamais foram obrigados a participar de pregações com o pastor. Já para o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) ficou evidente que a trabalhadora era submetida a situação constrangedora e atacada em suas convicções religiosas.
O relator, ministro Vieira de Mello Filho, justificou que o TRT-PR levou em consideração premissas como a conduta praticada, a gravidade, o caráter pedagógico punitivo, a capacidade econômica da empresa e a remuneração da trabalhadora, que, na época da reclamação, em 2008, recebia R$ 527. 

(Caos Markus)