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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

QUARTA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2011: "TRANSGREDIR É PROGREDIR"

A pretensão de conferir um estatuto de cientificidade à epistemologia (que se ocupa em estudar o grau de certeza do conhecimento científico, generalizadamente) e, por efeito, com o intuito de convertê-la em 'ciência da ciência', é defendida por tantos quanto, de uma ou outra forma, tornam-se adeptos do 'positivismo' contemporâneo, apresentado como alternativa para elaborar uma 'ciência da organização do próprio trabalho científico'. Em resumo, o objeto dessa 'ciência da ciência' seria constituído a partir de todos os aspectos dos caracteres de cada uma, considerados em conjunto, interativamente, de modo a indicar sugestiva melhor representação, quer do seu desenvolvimento, quer do seu funcionamento. E, ainda, de maneira a fornecer uma 'teoria geral das ciências'. Neste sentido, contrapondo-se à vasta gama de 'especializações', e antagônica à 'compartimentalização' das disciplinas científicas, surge nova e possível 'integração e organização conceituais' das diversas ciências (em posicionamento contrário à multiplicação das 'especificidades' e de suas co-respectivas 'linguagens particulares'), pela compreensão não restrita a um inédito conceito do mundo (engendrado enquanto 'organismo ordenado'), mas também através de atualizada definição de 'ciência', gerada na condição de 'sistema'. Da 'multidisplinaridade à interdisciplinaridade', já agora é perceptível (face a crescente agilização verificada nos meios de comunicação) outra exigência: a da transgressão no ordenamento dessas mesmas disciplinas. Faz-se imperioso admitir, a 'verdade' (ou o grau de certeza do conhecimento) é habitualmente muito mais veloz que os meios utilizados para encontrá-la. Por isto, a modernidade reclama a 'transdisciplinaridade', na convicção de que transgredir é progredir. Afinal, "quid est veritas", se "revelar a verdade é fazer justiça" (Provérbios, 12-17) ? Pois, "olhamos para a verdade (...), não para aquilo que alguém tem imaginado", conforme sábias e remotas palavras Ulpiano. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 27 DE DEZEMBRO DE 2011: "HOJE, POR CAUSA DE ONTEM"

Eu vivo assediado por pessoas bem intencionadas. Eu próprio sou deveras bem intencionado, mesmo sabendo da enorme distância entre intenção e gesto. Já acreditei em muita coisa, até em Nietzsche, que em pouca coisa acreditava. Procurei uma verdade mais permanente, não a de um batalhão móvel de metáforas, metonímias e antropomorfismos, redundantes na retórica e breves na ênfase poética. Nos 'arquétipos' de Jung, busquei explicação para o primata que de quando em quando se revela em cada um de nós, nas atrocidades cometidas rotineiramente. Aderindo à teoria economicista, imaginei encontrar refúgio na História, podendo nela intervir, não como coadjuvante, mas protagonizando-a, sim. Sociólogo de boteco, exaltei Durkheim ao tempero existencialista de Camus, negando valores, inventando outros tantos. Eu não fui o único; não sou o único. Muitos quiseram, e ainda insistem nessa pretensão, a paz, substituindo os horrores das guerras infames pela majestade do amor. Utopia -acreditávamos- não existia. Tudo era questão de tempo... Como o tempo insistia em não chegar, ouvimos a sabedoria de Krishnamurti, em manifesta desistência de qualquer aprendizado que nos distanciasse da nossa particular miséria, renunciando a sem número de ensinamentos acerca do caminho libertador de um pensamento, de uma doutrina, um ritual. Desejamos então a auto-revelação, olhar dirigido ao encontro da essência do ser, para em seguida, transcendendo, esquecer nossas individualidades, têmperas, personalidades. Enfim, almejamos abandonar o ego, aproximar-se da criatividade através do vazio, e simultaneamente habitar o amor. Beleza! Balela, muita balela! As nossas boas intenções nada mais fizeram senão ocultar a omissão dos nossos gestos. Hoje, por causa de ontem, reconhecendo minha incapacidade para a eficácia dos gestos, também não quero me capacitar em variadas, múltiplas intenções. Nem nas boas nem nas más. (Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO DE 2011: "OS CHACINS DO BRASIL"

'Genocídio' (um neologismo), segundo os dicionaristas, é a recusa do direito de existência a grupos humanos inteiros, pela exterminação dos seus indivíduos, através da desintegração de suas instituições (políticas, sociais, culturais, linguísticas) e de seus valores identitários. O vocábulo certamente advém de 'geno', a exprimir tanto a idea de 'sexo' quanto a de 'geração'. Outros variados léxicos apontam, como sinônimo do substantivo 'chacina', o figurativo 'matança', observando-se então o ato de 'chacinar' na sua anterior compreensão, qual seja, a de 'dispor carne de porco em postas', uma vez que 'chacim' é remota designação desse suíno. Cientes da origem do mundo e do homem sobre a terra, e convictos de que o ser humano não principiou a sua existência na rude e primária forma de um porco; questionamos as múltiplas formas de extermínio ora praticadas pelo Brasil afora, não podendo nos furtar de também indicá-las como autênticas 'chacinas'. Pois, o que se nos parece é a manutenção da mais completa ruína constatada neste país, mergulhado na desintegração de suas instituições, quer as políticas, quer as sociais e culturais (com ênfase, no caso, ao aviltamento da Educação, em todos os níveis e graus). Contextualizar a crise da economia internacional como causa ou reflexo na motivação dessas outras violências institucionalizadas é faltar com a mais elementar verdade. O estado de indigência do Brasil é consequência de histórica desonra. Aqui, uma sociedade abjetada pelo poder promíscuo, onde a aversão aos cidadãos e à convivência social é regra consolidada num estado de exceções reiterado por regimes corrompidos no nascedouro, posto que implementados visando, só e tão-somente só, este único e mesmo objetivo: devorar! (Caos Markus)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DOMINGO, 25 DE DEZEMBRO DE 2011:"VISUAL"

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." (Hebreus 11:1) MAS COMO FALAR DE FÉ PARA UMA GERAÇÃO ESSENCIALMENTE VISUAL?!! (Caos Markus)

domingo, 11 de dezembro de 2011

SÁBADO, 24 DE DEZEMBRO DE 2011: "DIGESTÃO DO PODER"

O poder, mais exótico que exorbitante, nutre-se através de escatológico processo digestivo: rumina a sua autofagia.
(Caos Markus)