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quarta-feira, 22 de junho de 2011

SÁBADO, 30 DE JULHO DE 2011: "SIMILITUDES NA SEMÂNTICA"

A partir da semântica, através da identificação pelo étimo; no resgate da acepção original dos vocábulos; infere-se, não raro, o quê ensaios e teses muitas vezes afirmariam senão depois de superada a inicial premissa de suas anteriores teorias. Nesse contexto, por exemplo, não será simples ilação constatar-se a proximidade (pelo conteúdo essencial) entre "democracia" e "catolicismo". Ora, se desnecessário esclarecimento sobre a expressão política do primeiro termo, convém, no entanto, melhor entendimento do teor do segundo. Afinal, por 'católico' deve-se compreender o 'universal'. Assim, nota-se que há em comum nas duas significações um igual sentido, propugnando ambas por conceitos de efetiva similitude -sempre na promoção da "igualdade" entre os homens, quer pela "vontade consciente da maioria", quer pela amplitude na abrangência característica da 'universalidade'. O que equivale dizer que "catolicismo" e "democracia" co-existem por meio de intersecção. A adoção de 'instrumentos' a fim de se professar um credo baseado na confirmação de "preceitos democráticos" -como é o caso dos meios de comunicação, ou seja, a mídia em geral- impõe como prática mais imediata a 'lisura', se de fato a pretensão for a de criar hábitos condizentes com exclusivo fim, qual seja, o de propagar doutrina e dogma religiosos. Entretanto, comumente, o que se confirma é o conluio com quem faz da 'comunicação' odioso meio de mal disfarçada "chantagem". Pois, não obstante se dizendo religiosos, querem o "reino de César"; e de 'católico' somente incentivam o sentido do "universal" voltado às sua egocêntricas ambições pessoais.

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO DE 2011: "CAPITAL SOCIAL"

Sabe-se, a História registra, que a 'classe' capitalista teve origem na fase preliminar do próprio capitalismo, quando o mercantilismo foi subjugado pelo comércio. Todavia, ainda hoje, o surgimento de novos integrantes dessa mesma 'classe' constitui-se em processo de continuidade. Assim, como no capitalismo desenvolveu-se o 'setor tecnológico' -com o maquinário, os fertilizantes, as sementes selecionadas, agrotóxicos- a fim de maior acréscimo à produção de alimentos nas fazendas desse modelo econômico; este arsenal de técnicas e tecnologias igualmente está no mercado à disposição de alguns camponeses que, por meio do trabalho familiar, podem também aumentar a sua produção, até mesmo sem necessitar de aquisição de mais terra. A família camponesa nesses moldes poderá produzir muito além do indispensável à sua sobrevivência, acumulando, então, dinheiro. Esse novo capital, via de consequência, será destinado ou aumento de suas glebas ou para contratar trabalhadores assalariados. Em isso ocorrendo, os membros da família deixarão, obviamente, de trabalhar na produção, dedicando-se tão-somente à administração e comercialização do que se produz. Tornam-se, com efeito, capitalistas também. Porque, afinal, é regra incontestável: capitalistas são todos os que, detendo capital, empregam-no na produção, através de mão-de-obra assalariada. No caso específico da agricultura, não é diferente. E dessa maneira o que se constata é a mesma relação de trabalho e produção baseada na exploração alheia.Observar e entender esta outra desigualdade é fundamental à compreensão do processo contraditório de desenvolvimento do capitalismo em geral, sempre a gerar diferenças tanto sociais quanto territoriais. O que equivale a dizer: para se entender como se dá a distribuição social e/ou territorial das desigualdades e contradições do 'desenvolvimento' capitalista, deve-se notar que elas estão ligadas aos processos históricos específicos a cada país ou nação; ou seja, cada formação econômico-social concreta revela em seu interior, na sua essência, este mesmo processo desigual e contraditório, no espaço e no tempo.

(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2011: "DA CONSCIÊNCIA AMORAL"

A cultura de massa é uma psicanálise ao avesso, regressiva.Ela nem é cultura nem é produzida pelas massas. A sua regra máxima é a 'novidade'. Porém, de modo a não pertubar hábitos e expectativas; impõe uma 'leitura' imediatamente compreensível pelo maior número de espectadores ou leitores.A cultura de massa evita por isso a complexidade, e o faz através da oferta de 'produtos' à literal interpretação, isto é, minimaliza o entendimento.Para concluir o seu objetivo, ela recorre a fenômeno conhecido -o de imprimir vários sentidos a uma única palavra (a 'polissemia'). Utiliza, pois, pela mídia, a demagogia da facilidade. Essa dinâmica é o próprio fundamento da legitimidade desse sistema de comunicação.A chamada 'indústria cultural' merece críticas não por ser democrática, mas exatamente por não o ser.A mídia transmite uma cultura 'agramatical' e 'desortográfica', de maneira a regredir a educação à condição do 'segredo', conhecimento reservado a uma elite.Lutar contra a cultura de massa será mostrar a conexão entre cultura massificada e o seu danoso e persistente efeito -a injustiça social.Esse mecanismo vive da ausência de pensamento autônomo. A exemplo, nos noticiários televisivos, a voz em "off" do apresentador funciona como um superego sonoro, direcionado a 'conclusões previamente decididas' antes mesmo de mero esboço de nossa reflexão.Indubitavelmente, a cultura de massa, é forma de destituição e de ataque aos direitos humanos, pois destrói a autonomia do pensamento e insufla a mente de preconceitos, adestrando as consciências de forma subliminar.Os meios de comunicação de massa são, nota-se, o oposto da obra de pensamento, da obra verdadeiramente cultural. Porque, principalmente, nos impede de pensar.Nesse sentido, devemos então lembrar, sempre, que a cultura é a mais pura expressão dos direitos humanos.Queremos lutar em favor desses direitos? Lutemos contra a demagogia da facilidade, produzida pela cultura de massa.

(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2011: "SUTILEZAS METAFÍSICAS DA LIBERDADE"

Não é concebível que uma suprema entidade pudesse criar seres livres. Porque, afinal, parece que todas as ações futuras de tais seres (predeterminadas por esse ato inicial) deveriam estar compreendidas no conjunto das necessidades da natureza e, por consequência, impossível fosse qualquer mínima liberdade aos indivíduos. Todavia, o imperativo categórico demonstra, em disciplina de praticidade moral, que os homens são, sim, livres. E a sua liberdade é fruto da supremacia da razão que assim decide, embora não nos faça atingir entendimento teórico sobre a possibilidade dessa relação, qual seja, de uma causa ao seu efeito, vez que ambas refogem ao alcance dos sentidos. Neste caso, dela, apenas se pode exigir a demonstração da não existência de incoerência no conceito de uma criação de seres livres. E isso é viabilizado se estabelecida a pendência da contradição, somente verificada quando permeada na relação do hiperfísico (além da categoria da causalidade), ou seja, a condição do tempo (inevitável, se relacionada aos objetos dos sentidos), visto que a precede o princípio de uma ação. O que, aliás, efetivamente ocorreria se a noção de causa dependesse de uma realidade teoricamente objetiva. Entretanto, a contradição desaparece se a categoria, em sua essência, livre de quaisquer outros fatores, insubmissa, é utilizada na idéia da criação sob um aspecto não sensível, mas, com exclusividade, moralmente prático. Esta metafísica dos costumes não se qualifica como investigação de sutilezas rotuladas pela inutilidade. Ao contrário, advém de transcendência filosófica necessária à reflexão acerca da real dificuldade em imprimir solução ao problema desta suposta dicotomia, do que se apresenta, superficialmente, eivado de dubiedade, e sugestivamente marcado por incompreensível dualidade. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 26 DE JULHO DE 2011: "SENSAÇÃO E SENTIMENTO"

O progresso no evoluir de uma civilização não é mensurável através das técnicas e teconologias que, tornadas pouco úteis em seu potencial, em geral são colocadas a serviço da degeneração dos instintos mais refinados dos seres humanos. Esse avanço deve ter por parâmetro o desenvolvimento dos potentes impulsos experimentais do homem, proporcionando-lhe oportunidade de retorno ao supremo. Nesta direção, a energia humana necessita adequar-se à compreensão mental, na qual está assentada a vida e seu conteúdo de pleno solução. Ora, a natureza já possui essa ordem, em concreta disposição, para servir de alimento a todos. É preciso, contudo, que a civilização humana adiante-se no sentido de restabelecer a relação com o supremo que a envolve. Algo possível apenas na forma de vida humana. É indispensável compreender a nulidade do fenômeno material, considerando-o em sua comprovada transitoriedade, incapaz de, sozinho, solucionar as misérias deste 'estar no mundo'. Se a meta é o enlace com a vida, ilusória sempre será qualquer manifestação externa da energia mental, enquanto prevalecer a ufania por uma requintada espécie de civilização, voltada à fluidez das sensações confundidas com sentimentos. (Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 25 DE JULHO DE 2011: "O DELITO DO SER LIVRE"

Toda transgressão da lei não pode nem deve ser explicada senão como consequente da máxima de quem a comete, ou seja, o criminoso, no caso. Axioma esse consistente em entender-se o delito por regra. Porque, se derivasse de algum impulso sensível, não seria então cometido por ele, o infrator, na qualidade de um ser livre, não devendo, por efeito, lhe ser atribuída a prática na condição de crime. Como é possível, contudo, que o governado adote tal sentença, a mesma máxima, contra a ordem expressa da razão legislativa? Algo que, deveras, não se pode explicar, posto que só os acontecimentos ocorridos como consequência do mecanismo da natureza são explicáveis. Ora, o delinquente pode cometer a sua maldade ou segundo a máxima de uma regra objetiva considerada universalmente válida, ou apenas como uma exceção à regra, para livrar-se ocasionalmente dela. Neste último caso, o que ele faz é desviar-se da regra, mesmo quando assim intencionado. Pode, a um só tempo, abominar a sua própria transgressão, sem pretender formalmente recusar-se a obedecer a lei mas exclusivamente desafiá-la. No primeiro caso, diversamente, despreza a própria autoridade da lei, cujo valor, entretanto, não pode negar aos olhos da razão, dando-se como regra o agir contra a norma legal. O seu axioma não é, pois, oposto só negativamente à lei. É também oposto positivamente, ou seja, diametralmente. Afinal, é absolutamente incrível, inacreditável, acreditar que os homens cometam um crime por malícia e nada mais, sem levar em consideração alguma utilidade esperada. Contudo, ainda que pura idéia de uma absoluta perversidade, a malícia não deve ser omitida no contexto de um sistema filosófico e moral. (Caos Markus)

DOMINGO: 24 DE JULHO DE 2011: "A VIOLÊNCIA NO CARÁTER DO ESTADO"

Por causa de uma dinâmica complexa, o termo 'agressão' desafia definições simples e generalizações amplas, requerendo uma análise em vários níveis, a partir de diferentes aspectos. A agressão não é um acidente da natureza ou um produto dos 2 últimos séculos. Ela representa um comportamento adaptado às necessidades de sobrevivência pelo processo evolutivo. Examinando a questão, o primeiro ponto a ser considerado é o designado como 'violência', ou seja, a agressão no seu sentido destrutivo. Em seguida, deve-se abordar a existência de uma agressividade inata que -quer examinada sob a ótica dos comportamentos instintivos (tais como a forma de comunicação entre os animais e a maneira de estabelecerem e defenderem seus territórios), quer compreendida à luz da apreciação de Freud sobre o instinto de morte- mostra-se suscetível de ser canalizada para fora de cada homem. E, uma vez fortalecida por diversificação de fatores, lançada em variadas maneiras de destrutividade sobre outros homens, segmentos sociais, instituições e nações, ameaçam a própria sobrevivência da humanidade. A conotação da agressão em termos de juízos de valor, o enquadramento de suas manifestações, e a sua legitimação (feita de acordo com os interesses ligados aos grupos detentores do poder dentro de cada contexto social) em muito dificultam e limitam uma apreciação puramente ética entre o que possa ser considerado agressão destrutiva e a violência subliminar. Partindo-se, pois, do ponto de vista que justamente nos abusos do poder é onde estão assentadas as fontes de inúmeras reações agressivas, infere-se: desde o momento em que se constitui um Estado, com um aparato de governo, surge o fenômeno da violência exercida pelos que detém o poder. Afinal, a história da civilização, implacavelmente realista, indica que a violência se encontra na origem mesmo do poder do Estado, dele sendo inseparável, destacando-se como seu marcante caráter. (Caos Markus)

SÁBADO, 23 DE JULHO DE 2011: "PASSATEMPO NA EDUCAÇÃO"

Atualmente, a dispersão de uma linguagem filosófica traduz uma profunda crise cultural. Vivemos em uma época no mínimo curiosa, quando em matéria de filosofia qualquer um pode dizer qualquer coisa, sem que isso possa de fato surpreender. Sob as formas mais diversificadas, com os mais estranhos conteúdos e os mais variados modos de exposição e metodologias de pesquisa, toda cultura que se preze deve comportar uma atividade reflexiva, que a filosofia (como qualquer outra atividade intelectual) deve exigir daqueles a ela dedicados. Hoje, nesse domínio, os trabalhos realmente sérios misturam-se às mais sinistras pilhérias, havendo até mesmo os que dela fazem uma forma de "cultura". Ora, a recusa em discernir aquilo que tem sentido do que é mero passatempo, também possui significação. Com efeito, se existisse mais generalizadamente uma clara consciência dessas diferenças, e se os educadores tentassem fornecer aos educandos os meios intelectuais da reflexão, ao invés de contentarem-se em inculcar-lhes unicamente os saberes técnicos e utilitários dos quais terão necessidade no exercício de suas profissões, então, provavelmente, tal discernimento levasse à tomada de consciência de que a filosofia de educação (invariavelmente ligada a uma ética pré-estabelecida e a política determinada) consiste em atividade intelectual incompatível com a sujeição intelectual e histórica dos educandos. Somente é possível entender a crise da filosofia da educação reconhecendo que a destruição ou o amordaçamento da filosofia apenas ocorrem porque, intelectualmente, ela está em crise em sua própria evolução, tanto quanto em relação aos outros domínios do saber. (Caos Markus)