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sábado, 10 de abril de 2010

SEGUNDA-FEIRA, 26 DE ABRIL DE 2010:"REGRA E EXCEÇÃO"

Se por advogado se entende aquele que intercede por alguém, patrocinando os interesses de outrem, e se por advogado temos como sinônimos, também, "padrinho" e "protetor", bastante razoável seria acatar-se a tese de que contemporaneamente a advocacia mais presente é a em causa própria, quando toda eloqüência não é mais que pretexto em dissimulada alicantina. Já o "Manual do Chicanista" glosava sobre a Ordem dos Advogado do Brasil, dizendo que tal instituição "existe para a defesa dos advogados", porém "dos advogados que estão de posse da Ordem". Obviamente, exceções existem. Contudo, a regra parece contrariar Brieux, para quem os advogados deveriam ser anjos, porque a advocacia era profissão acima das possibilidades humanas, e que "quando se vive dos sofrimentos humanos, deve-se estar acima deles".
Se Voltaire pretendia ser advogado, por crer que fosse essa a mais bela carreira humana, certamente ele jamais gostaria de o ser no Brasil, subordinado a uma 'autarquia' que, mesmo sendo o 'órgão de seleção disciplinar e defesa da classe', conforme definição legal, desrespeita a observância efetiva daquela que tem o nosso país como um do seus signatários - a "Declaração Universal dos Direitos do Homem".
(Marcus Moreira Machado)

DOMINGO, 25 DE ABRIL DE 2010:"REDUCIONISMO"

'Proibida para maiores', a arte do 'vale tudo' não tem autoria apócrifa: sua autenticidade encontra-se na mentalidade espartana a nortear ainda hoje 'centuriões' adestrados para o genocídio. Com entrada franca apenas para 'menores', obviamente. Essa é a grande (e digna de lástima) vergonha de nosso tempo, constituindo-se prova bastante convincente de que as virtudes, ao sumirem da terra que habitamos, abandonaram os míseros mortais na lama dos vícios". Preocupação dos grandes gênios na história da civilização humana, infelizmente a reflexão não parece ser ocupação da maioria de nós, todos bastante distraídos com o entretenimento da dissimulação. Pretender dons divinos, fingindo onipotência, onipresença e onisciência que não possui, é demonstrar a estereotipia reducionista do homem na face do planeta Terra. (Marcus Moreira Machado)

SÁBADO, 24 DE ABRIL DE 2010:"OFÍCIO"

Eu penso se toda a nossa vida não passa de um interminável ensaio para um formidável espetáculo que nunca vai se realizar. Atores competentes, levamos a sério o ofício de representar a tragicomédia das nossas existências. E mesmo não passando quase sempre de figuração, acreditamos (ou queremos acreditar, seria o mais correto) que as nossas personagens devem merecer destaque, em reconhecimento à pretendida excelência de nossas interpretações. Isso para não falar de tantas vezes em que a pretensão é ainda maior, justificando sermos o dramaturgo, o diretor, o cenógrafo. o coreográfo, o contra-regras, e até, o seleto público da farsa nossa de cada dia.
(Marcus Moreira Machado)

SEXTA-FEIRA, 23 DE ABRIL DE 2010:"DESCERRAR"

Entendo por 'desengano' um desfazer
do 'engano'.
Dessa mesma forma, eu percebo que
num 'desfecho' não há o fim,
mas sim um 'abrir o fecho,
descerrando o que esteve fechado.
Enfim, reinício.
Num desfecho a saudade é mesmo marcante.
Porém, é saudade presente,
a de juntos desejarmos um futuro próximo.
(Marcus Moreira Machado)

QUINTA-FEIRA, 22 DE ABRIL DE 2010:"PERCEPÇÃO MODELAR"

A loucura era vista até o Renascimento como fenômeno integrado à razão. Com Descartes, ocorreu o rompimento desse diálogo, sendo o internamento clássico a expressão de uma estratégia de subjugação, a partir do banimento das condutas tidas como contrárias aos valores sociais. O saber clássico sobre a loucura, baseado numa apreciação ética, oferece a premissa moral na qual a medicina se apoiará para inaugurar a noção de doença mental. Conjugando métodos, as condições e os motivos que propiciaram a notabilização da Psiquiatria são esclarecidos. No processo, o intuito moralizador deste saber é desvelado, bem como é tornada explícita a tática moderna de padronização da subjetividade a partir da interiorização das normas sociais. As reflexõesdo estudo encerram-se com a indagação sobre o resgate da autonomia do indivíduo em sua relação consigo e com o mundo. A posição do louco como objeto da 'disciplina' ainda hoje é analisada de modo a deixar transparecer a relação entre a transformação da loucura em doença mental e a gênese do indivíduo moderno, submetido ao 'poder disciplinar'. Neste sentido, a patologização da loucura guarda resquícios enquanto paradigma da normatização da subjetividade, considerada a investigação da percepção social da insanidade, desde a idade média até a constituição clínicas psiquiátricas atuais.
(Caos Markus)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

QUARTA-FEIRA, 21 DE ABRIL DE 2010: "PROXIMIDADES"

Nós e o Google somos uma beleza!
O pioineirismo dos cursos à distância.
Presencial...!? Para que?
Aqui, há prova disso: criamos proximidades na velocidade da luz.
Certamente, é assim que, voando mais alto que Ícaro, não caimos.
E já fora de órbita, acreditamos na magia das asas imaginárias,
mas não vemos a cera nos próprios ouvidos.
(Caos Markus)

terça-feira, 6 de abril de 2010

TERÇA-FEIRA, 20 DE ABRIL DE 2010:"DIAGONAL"

O ser incompreensível da loucura não está na pessoa do louco, mas no outro em tentativas de classificá-lo. Distorções bem posicionadas ao olhar incapaz de enxergar. O universo fantástico da loucura não é excludente, como seu contrário.
(Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 19 DE ABRIL DE 2010:"CONCESSÕES"

A incerteza do olhar aprendiz constitui ingrediente essencial em busca de réplicas distorcidas do real. Uma estrutura subjetiva desdobra-se em ânimos de ser impensável. Sua indeterminação denuncia inéditas lógicas na distorção das incertezas. A estranheza inicial concede lugar de destaque ao principiante que refere nada saber. Para o indivíduo a loucura insinua-se como reflexo desmedido de uma realidade onde a supremacia do dizer sobre o sentir encarcera as diferenças e contradições. Momentos por onde a singularidade transita em direção a si mesma.
(Caos Markus)

DOMINGO, 18 DE ABRIL DE 2010:"OUTORGA"

Surgindo o delírio como expressividade da loucura, ao objetivar seu 'sem sentido', ele outorga legitimidade a projetos da irracionalidade. É a lógica de transgressão às construções bem formatadas da tradição contrária. Pois, outras são as matérias-primas, que atualizam a perplexidade de novas imagens.
(Caos Markus)

SÁBADO, 17 DE ABRIL DE 2010:"ABRIGO"

A memória clandestina articula-se em falas de contradição. Via de consequência, a lógica é entrevista nos desatinos, contendo artifícios de impaciência. E, com efeito, restam tentativas de descrever cores e sabores, em resquícios de linguagem arcaica. Asssim a (im)permanência dessa perspectiva estética será sempre outra, abrigada na estrutura dos instantes.
(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 16 DE ABRIL DE 2010:"HIPÓTESES"

O ser insano descontinua-se na estranheza de não-ser; desestrutura-se no sem rumo das circunstâncias, por onde as hipóteses são inverificáveis.; combina-se de um jeito novo por fenômenos de perspectiva inacabada.
(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 15 DE ABRIL DE 2010:"EREMITA"

“Qual é o sentimento incalculável que priva o espírito do sono necessário para a vida?", reflete Albert Camus. E prossegue: "Um mundo que se pode explicar, mesmo com raciocínios errôneos, é um mundo familiar. Mas num universo repentinamente privado de ilusões e de luzes, pelo contrário, o homem se sente um estrangeiro”. Ora, de fato, horizontes e cenários indescritíveis possuem o ser, quando eremita, qual seja, aquele muitas vezes desconsiderado por não traduzir sua 'desrazão'. Afinal, expressividades distantes da unanimidade apreciam o alojamento acolhedor das abstrações.
(Caos Markus)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

QUARTA-FEIRA, 14 DE ABRIL DE 2010:"EXPANSÃO"

Na contextualização do processo de geração e desenvolvimento de uma obra há sempre mais um passo da criação. Pois, a obra não se exaure, não se confina e nem se esgota com a sua produção, tão-somente. Ela há de seguir rumo ao alheio, em expansão de sua existência, propagando-se pelas mensurações que se lhe farão cada novo indivíduo. A cada um será outorgado, então, a possibilidade de alcançar outras dimensões, sequenciando causa e efeito no gesto criador.
(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 13 DE ABRIL DE 2010:"ADMISSÃO"

Via de regra, levar as pessoas a sério, acreditar em seus ideais, é admitir seus delírios como nosso própria realidade.
(Caos Markus)