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sábado, 23 de janeiro de 2010

DOMINGO, 31 DE JANEIRO DE 2010: "ANCESTRAIS"

Dái-me os céus, se tenho
asas.
A sombra -eu projeto-
insignificante,
reduzida,
não é
ela mesma.
Não sou eu o tamanho desse pouco tempo.
Cá dentro, tenho aprisionada a imagem
da surpresa que assalta-me os sonhos
e me enternece
obrigando-me à crença dos seus hábitos.
"Isso te foi deixado
e ao berço dado não se nega moradia.
Viverás com os homens,
ainda que, vitimado pelo ódio,
a vingança te arruine em pedaços."
Eu tenho olhos,
dái-me luz.
Se forçado, sou companheiro das trevas,
é meu desejo livrar-me desse teto
que oculta os meus prazeres.
(Marcus Moreira Machado)

SÁBADO, 30 DE JANEIRO DE 2010: "FACCIOSO"

O bom senso, agora já ficcionado como ideologia.
A ética, aprisionada em dogmas.
O saber, arrancado do gênero e compartimentado na espécie...
Ora, tudo então é efeito sem causa,
é origem sem destino,
rumo sem meta.
(Marcus Moreira Machado)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

SEXTA-FEIRA, 29 DE JANEIRO DE 2010:"ORBITAR"

Confinados nos limites da contemporânea mandala, todos somos
referências uns dos outros; paradigmas do 'bem' ou do 'mal', que
incorporamos em admissão voluntária ou rechaçamos em
decisões plenas de absolutas convicções. Contudo, só mesmo
perpassada a sua fronteira, postos e expostos para além dessa
demarcação, é que cada um de nós (já na condição de anônimo,
determinado mas não identificado, 'um a mais' e 'mais um' na
pluralidade dos individualismos) pode se distanciar do simulacro
das (di)semelhanças, a fim de então -na relatividade- orbitar em
torno do seu definido eixo.
(Marcus Moreira Machado)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

QUINTA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2010:"IMPERA"

I
Romperemos o mundo, encontrando o rumo da
verdade
hoje transportada, na viagem itinerante do olvidado.
II
Priscas datas, em concerto na remota memória,
forçam-nos ao
extracontemporâneo:
nem vanguarda nem tampouco novidadeiro.
Apenas -e isso mais que tudo- o oculto a sete chaves da
mente civil.
Pela atroz mentalidade espartana que induz
à devassidão da brusca e
contínua
queda de toda uma civilização.
Somos deveras comportados:
matamos, odiamos e imaginamos desejar
(a moda nesse tenebroso inverno);
hibernamos todos os sonhos lindos e loucos,
na sonolenta trajetória do vaivém.
III
Desdém ao presente do indicativo -nome da festa que
dá direito
ao paraíso da promiscuidade mais sã,
porque de auto e livre ilusão.
Dresden, do tenente imperativo:
a fome na testa que dói no peito
o castigo da ambiguidade titã!
IV
Ou a nossa própria decisão?
(Marcus Moreira Machado)

domingo, 17 de janeiro de 2010

TERÇA-FEIRA, 26 DE JANEIRO DE 2010: "QUESTÃO DE ORDEM"

Na busca insana à confirmação de procedência dos elogios à criatura, nas palavras dos sábios críticos ao Criador, mais acabo por indagar:
A fé é ficção? Mas, e a ficção, não é ela própria também a realidade? A de cada um em cada tempo e lugar!?. (Marcus Moreira Machado)