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sábado, 24 de novembro de 2007

DOMINGO, 25 DE NOVEMBRO DE 2007: "ÍNDIO, ANARQUISTA".

Ensina Friedrich Engels que os "peles vermelhas" foram exemplo de constituição 'gentílica' completamente desenvolvida. Uma tribo dividida em diversas 'gens'; e, com o aumento populacional, cada uma das 'gens' primitivas se subdividia em várias outras ("filhas"), para que com o tempo, na ramificação da própria tribo, surgisse entre elas uma conferação das aparentadas. Antes, no entanto, sempre preservada a 'gens-mãe' como 'fatria'. Essa organização simples é totalmente adequada às condições sociais que a criaram. Um agrupamento espontâneo, capaz de dirimir todos os conflitos porventura nascidos no seio da sociedade correspondente. Ali não cabiam nem dominação nem servidão, ausentes diferenças internas entre 'direitos' e 'deveres'. Para o índio, não existia o problema de saber se era um direito ou um dever tomar parte nos assuntos de interesse social. Percebe-se nitidamente a presença, isso sim, da 'coordenação'. Coordenação essa defendida como essencial pelos 'anarquistas'. Com efeito, o quê para muitos hoje é 'utopia irrealizável', já foi a expressiva realidade do índio, um anarquista por natureza! (Marcus Moreira Machado)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

SÁBADO, 24 DE NOVEMBRO DE 2007: "LINGUAGEM, UM VALOR SOCIAL".

A linguagem interpenetra integralmente a experiência direta. Para a maior parte das pessoas, toda experiência, real ou potencial, é saturada de verbalismo. Isso talvez explique porque tantos amantes da natureza não sentem que estão verdadeiramente em contato com ela até que tenham dominado os numerosos títulos de flores e árvores; tudo como se não fosse possível se aproximar da natureza, a menos que se dominasse, antes, a terminologia, que, de algum modo, magicamente a expresse. É esse constante intercâmbio entre as 'linguagens' e a 'experiência' que afasta a própria linguagem da fria posição de sistemas pura e simplesmente simbólicos, tais quais a simbologia matemática ou as demais espécies de 'sinalização'. O valor social primário da 'fala' reside, pelo que se constata, na eficiência do conjunto de indivíduos em sintonia com o alívio das tensões sociais. (Marcus Moreira Machado)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

SEXTA-FEIRA, 23 DE NOVEMBRO DE 2007: "CATARSE RELIGIOSA".

Aristóteles assinalara o caráter purgativo e liberador da expressão emocional, quer por via verbal, quer na forma da mera atuação. É conhecido o efeito calmante do choro ou da verbalização da raiva, após um período de tensão e contenção das emoções. Algumas religiões têm feito um uso 'doutrinal' deste princípio, baseadas na experiência de que a verbalização dos conflitos e dissabores pessoais, para uma pessoa acolhedora, alivia ao sujeito. Nesse sentido, a RELIGIÃO CATÓLICA usa a CONFISSÃO como uma maneira de aliviar o peso da culpa por parte do crente, dirigida à 'purificação da alma atribulada', através do "poder de absolvição" conferido ao sacerdote, e por meio de uma penitência simbólica. Semelhantes, algumas IGREJAS METODISTAS convidam os participantes a narrarem, de viva voz, os atos bons e maus cometidos durante o período de ausência. Esse caráter catártico não é meio pelo qual se produz, no entanto a superação da problemática pessoal. Ora, se "quem canta os males espanta", muito mais producente que a Igreja têm sido, no Brasil, os repentistas nordestinos, que em suas "pelejas" visitam os mais variados sentimentos que afligem o ser humano. É de se ressaltar que o alívio das tensões é apenas fator tranquilizante, podendo ser uma preliminar num processo mais complexo; um passo deveras apreciado, sim, vez que nesses casos a pessoa está a buscar ajuda para o seu sofrimento anímico. (Marcus Moreira Machado)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

SEXTA-FEIRA, 23 DE NOVEMBRO DE 2007: "FILÓSOFOS LENDO DRUMMOND".

Heráclito, dado a encontrar harmonia no antagonismo; pela admissão de necessária existência do verso e do anverso; haveria de apaixonar-se pelo Drummond da 'poesia do conhecimento', em razão da pluralidade dessa poética. Até mesmo um Dante -procurando ser não apenas o intérprete de Deus, mas também o seu promotor- igualmente foi homem com coração de poeta universal. Parmênides... É difícil imaginá-lo saboreando um Drummond, já que em Eléia o filósofo dirigia as suas 'investigações' em sentido absolutamente contrário às respostas vindas de Éfeso, pelos argumentos de Heráclito. Entretanto, quem sabe se por isso mesmo; relativizando a sua defesa da invariabilidade do ser, flexibilizando a sua convicção na unicidade, na imutabilidade; Parmênides cederia à tentação (nem que fosse só para divergir do colega grego), municiando seu arsenal com a 'poesia do conhecimento' do mineiro de Itabira, Carlos Drummond de Andrade. Afinal, nas "estrofes" dos filósofos, o quê há senão as "rimas" da poesia?! (Marcus Moreira Machado)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

QUINTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2007: "OPERÁRIOS NO PARAÍSO".

Não há mais que se falar em uma 'tipologia' do brasileiro. Aqui,"O Espírito das Leis" é espectro; refoge à base moral apregoada por Montesquieu. No Brasil, ante dúvida entre Rousseau e Hobbes, há muito foi anexado adendo ao "Contrato Social". E por efeito, se o homem (o brasileiro, nesse caso) ainda não é de todo "o lobo do homem", muitos são os 'tolos em pele de cordeiro'. Ora, de tanto importar 'tipos' (extraídos de contextos que não guardam correspondência alguma com a nossa realidade, nem sequer a 'imaginária'), temos arraigado na índole nacional um impreciso "logus". É a 'marca' do país, a nos proporcionar visões do Paraíso, distantes que estamos da compreensão de Sérgio Buarque de Hollanda; imagens, contudo, atribuídas a um vago Eldorado de "A classe operária vai ao Paraíso" (Bunuel). Afinal, a "Logologia" brasileira...! (Marcus Moreira Machado)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

QUARTA-FEIRA: 21 DE NOVEMBRO DE 2007: "UFANIA SUPERLATIVA".

Sugestivo paradoxo: brasileiros, somos -no coletivo do inconsciente "nacional"- o superlativo do ego ufanista. Todavia, cego-ego do "eu nego", projetamos como real a mera pretensão. O virtual é então chanchelado pelas lideranças nascidas dessa exiguidade; limitado comprometimento com a ampla sociedade. Temos, assim, sido 'eleitos' sucessivamente por politicos a quem outorgamos o direito de permutar a nossa dignidade, substituindo-a pela baixa auto-estima "valorizada" no câmbio da megalomania. Aqui, então, uma explicação do que essa condição implica: o "id", de tão pequeno, amesquinhado, reduzido, é "ota". Idiotas?!! Às favas o voto! Se é para fazer milagre, que seja 'ex-voto', depositado em basílica. Brasília não é santa! (Marcus Moreira Machado)

TERÇA FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2007: "ROSEIRAL PODADO".

A poda nas roseiras, como em grande parte dos vegetais, tem importância extraordinária. Ela deve ser praticada metodicamente, em especial na entrada das estações do ano, verão e inverno. Não pode absolutamente ser feita sem critério e prática do operador, pois a técnica a seguir difere de roseira a roseira. Umas exigem poda curta; outras, alta. (Marcus Moreira Machado)

TERÇA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2007: "VENENO E ENVENENADO".

A sabedoria afirma que o carvão é um excelente antídoto de qualquer veneno. A prudência aconselha que, nos casos de envenenamento -seja qual for a droga e a dose-, enquanto se espera o médico, se reduza o carvão a pó, deitando-o em uma garrafa de água. Então, se ministre ao envenenado uma colher de sopa de dez em dez minutos, até cessarem as dores. O conhecimento acumulado ao longo de séculos assegura a eficácia desse remédio. SE CASO O SEU VENENO POSSA PÔR EM RISCO A VIDA DE ALGUÉM, E EM SEGUIDA SOBREVENHA-LHE INESPERADO ARREPENDIMENTO, EIS, COM EFEITO, A MEDICAÇÃO COM DUAS INDICAÇÕES: AO ENVENENADO E AO SEU REMORSO! (Marcus Moreira Machado)

domingo, 18 de novembro de 2007

TERCA-FEIRA, 2O DE NOVEMBRO DE 2007: "CHOVERÁ PELA CERTA..."

Quando: houver círculos brancos em volta da lua, do sol ou das estrelas; as nuvens fizerem montes enormes como se fossem de algodão; as nuvens correrem com muita rapidez; houver nuvens negras no poente, à tarde; voarem as andorinhas rasteiras pelo chão ou água; desaparecerem os gaviões e corujões; recolherem-se as pombas antes da hora costumeira; os bois levantarem o focinho a cheirar o ar; ou os animais procurarem lugares abrigados; então, choverá pela certa! (Marcus Moreira Machado)